Forte controlo ambiental defendido por sociólogo
A fraca estrutura de controlo ambiental e práticas culturais são factores que perigam a preservação da fauna e da flora
A fraca
estrutura de controlo ambiental no país e as práticas culturais são os principais factores que perigam a preservação da fauna e da flora em Angola.
A afirmação é do sociólogo Cláudio Tomás, que, numa conversa com o Jornal de Angola sobre a protecção da biodiversidade, deu ênfase à necessidade de criação de estratégias para a preservação da biodiversidade em Angola.
O sociólogo afirmou que, em termos institucionais e jurídicos, Angola está em boa condições, no tocante à preservação da biodiversidade, estando o Ministério do Ambiente engajado, desde a sua criação, em 2008, no compromisso para a preservação do ambiente.
No seu entender, o extenso território nacional dificulta a materialização de políticas, além de que o número reduzido de recursos humanos é outro dos problemas existentes na protecção da biodiversidade.
“Temos um grande défice de educação e sensibilização da população, daí a necessidade de ser feito um grande trabalho neste sentido”, acentuou o sociólogo, para quem devem ser adoptadas práticas que sejam mais amigas do ambiente.
Cláudio Tomas é de opinião que os hábitos e costumes culturais são difíceis de negociar, tendo em conta que a maioria da população é pobre e tem o meio ambiente como a sua principal fonte de sobrevivência. “Só podemos falar de preservação do ambiente quando essas pessoas tiverem outras actividades para fazer”, frisou o sociólogo.
Sobre a preservação da fauna, Cláudio Tomás lembrou que foram criadas leis para proteger algumas espécies, como a Palanca Negra Gigante, um dos símbolos do país. O sociólogo recordou a visita que o governador da província de Malange efectuou ao Parque Nacional de Cangandala, habitat da Palanca Negra Gigante, onde defendeu a criação de uma legislação que puna rigorosamente quem ameaça a continuação da espécie, a fim de desencorajar a caça furtiva no perímetro do Parque Nacional de Cangandala.
“As multas e sanções aplicadas aos caçadores furtivos devem ser mais céleres e eficazes, com vista a garantir a protecção do animal, que pode ser extinta pela acção do homem”, defendeu o sociólogo, que disse ser necessário haver um projecto mais abrangente e acções mais exequíveis de fiscalização para a redução da caça furtiva.
O sociólogo afirmou que os cidadãos devem receber educação ecológica. Por isso, defendeu a inclusão no programa curricular das escolas públicas e privadas de uma disciplina que aborde a ecologia.
“Duvido que haja actualmente países que nos possam dar exemplo de boas práticas ambientais”, disse Cláudio Tomás, para quem a maioria dos países do Mundo está a adoptar “ideias económicas viradas para a degradação e super-exploração dos recursos naturais”.
Zona Verde
O sociólogo criticou o facto de em Angola ter havido uma invasão dos espaços verdes, sendo Luanda um exemplo. “É um fenómeno específico das grandes cidades que têm problemas de espaço, porque a ideia é a maximização de espaços para rentabilizar a cidade”, asseverou o sociólogo Cláudio Tomás.
Em referência à Zona Verde e à floresta do Kinaxixi, Cláudio Tomás explicou que eram áreas estratégicas para a contenção das águas das chuvas. O sociólogo avisou que as zonas verdes protegem as cidades das alterações climáticas e dos grandes problemas ambientais.
Com o crescimento urbano no país, as pessoas deixam de ter preocupação ambiental, disse Cláudio Tomás. “Se cada morador plantar uma árvore, seja de fruta ou não, em sua casa ou mesmo na rua onde reside, em pouco tempo teremos um ambiente mais agradável”, declarou o sociólogo.
O extenso território nacional dificulta a materialização de políticas, além de que o número reduzido de recursos humanos é outro dos problemas existentes na protecção da biodiversidade