Angola e Itália avaliam acções
O ministro da Defesa, João Lourenço, fez ontem a entrega de uma mensagem do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, ao Primeiro-Ministro italiano, Paolo Gentiloni
Angola e Itália avaliaram ontem, em Roma, a cooperação bilateral, durante uma audiência que o Primeiro-Ministro italiano concedeu ao ministro da Defesa Nacional, João Lourenço. A Itália, que tal como Angola realiza eleições este ano, foi o primeiro país da Europa Ocidental a reconhecer a Independência de Angola, no dia 18 de Fevereiro de 1976, e a 4 de Junho, do mesmo ano, os dois países estabeleceram relações diplomáticas. A balança comercial entre Angola e Itália, em 2016, foi de 219,9 milhões de euros, favorável a Angola.
O aprofundamento das relações entre Angola e a Itália dominaram a audiência que o Primeiro-Ministro italiano, Paolo Gentiloni, concedeu ontem ao ministro da Defesa Nacional, João Lourenço, e que serviu também para entregar uma mensagem do Chefe de Estado angolano, José Eduardo dos Santos.
A audiência decorreu no Palácio Chigi, sede da Primatura, e foi assistida pelo secretário de Estado das Relações Exteriores, Manuel Augusto. O diplomata referiu que o encontro serviu para a “troca de informações muito profícuas” e análise das relações bilaterais, que considerou “excelentes”.
“A situação política nos dois países não passou à margem do encontro. Tal como Angola, a Itália está também em véspera de um processo eleitoral e, neste sentido, os interlocutores fizeram o ponto de situação nos respectivos países”, disse Manuel Augusto, tendo mencionado que foram analisadas outras questões de interesse mútuo e da arena internacional.
Manuel Augusto apontou a recente reunião do G-7, realizada na Itália, a que se seguiu o encontro do G-20 em Hamburgo, na Alemanha, como um dos temas abordados na audiência. Nas duas reuniões, disse o secretário de Estado, um dos pontos discutidos pelos líderes mundiais teve a ver com a cooperação económica com África numa perspectiva de interesse mútuo.
“Existe o entendimento que um maior investimento em África provocará um impacto nos fluxos migratórios. A maior parte dos imigrantes, além daqueles que fogem de situações de guerra no continente africano e em outros, vem em busca de melhores condições de vida”, realçou.
Manuel Augusto reforçou que uma atitude mais proactiva e objectiva das autoridades europeias em termos de cooperação com África, em investimentos e criação de emprego no continente a médio e longo prazo, haverá reflexos no fluxo de imigrantes. Aspectos comuns no actual contexto dos dois países também estiveram em análise. A Itália recebe um fluxo de imigrantes e de refugiados de África e o mesmo acontece com Angola, que nos últimos dois meses recebeu mais de 30 mil refugiados da República Democrática do Congo, em consequência da violência comunitária perpetrada por milícias tribais, particularmente na província de Kassai.
“A abordagem da questão do fluxo migratório acabou por ser um ponto de convergência, principalmente na sua componente de refugiados”, disse. A Itália registou desde o início do ano mais de 73.300 chegadas de imigrantes, 14 por cento a mais do que no mesmo período de 2016.
A maioria vem da Líbia.Num comunicado divulgado recentemente, o Alto Comissário da ONU para os Refugiados (ACNUR), Filippo Grandi, fez um apelo à solidariedade internacional para com a Itália, país que enfrenta uma grande afluência de refugiados e de migrantes. O ministro João Lourenço,que antes esteve na cidade de Paris, França, onde foi recebido em audiência pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, deixou ontem mesmo a cidade de Roma com destino a Luanda.
Ambiente empresarial
O embaixador de Angola na Itália, Florêncio de Almeida, acredita que a mensagem do Chefe de Estado inscrevese no quadro do reforço das relações de cooperação nos domínios político, diplomático e económico entre os dois países. “As relações entre Angola e a Itália são excelentes. É evidente que estamos a fazer um esforço para que as actuais relações de cooperação económica e científica sejam elevadas ao bom nível das relações políticas”, disse o embaixador.
Florêncio de Almeida destacou o interesse dos empresários italianos em investir em Angola e falou das condições de natureza institucional para o empresariado de ambos países. Apontou o sector agro-pecuário, indústria farmacêutica e o sector dos petróleos. Em Fevereiro, empresários angolanos e italianos reuniram-se em Luanda para estabelecer parcerias, com realce para a indústria e agricultura.
O encontro teve a participação de representantes das companhias italianas Confimi, Unido Itpo, Etimos e Coopermondo, que representam cerca de 50 mil empresas com um milhão de trabalhadores e um volume de negócios de cerca de 150 mil milhões de euros.
A concessão de vistos aos investidores constitui um dos pontos abordados. O director da Unidade Técnica para o Investimento Privado, Norberto Garcia, falou do trabalho com o Serviço de Migração e Estrangeiros (SME) para se ultrapassar a situação dos vistos.
Encontro entre João Lourenço e Paolo Gentiloni serviu para troca de informações e análise das relações bilaterais, além de aspectos de interesse comum sobre o continente africano e o mundo