Importação de clínquer chega ao fim
Nova unidade duplica a produção de 1.800 mil toneladas anuais para 3.600.000 toneladas, quantidades iguais às produzidas actualmente pela China Internacional Fund Angola passando a disputar a liderança do mercado auto-suficiente em cimento
Nasce hoje no município de Cacuaco, província de Luanda, a Nova Cimangola II, uma unidade industrial com capacidade para produzir anualmente 2,4 milhões de toneladas de cimento e cerca de dois milhões de toneladas de clínquer. A Nova Cimangola deixa de gastar anualmente 70 milhões de dólares com a importação de clínquer.
Uma unidade fabril com capacidade para 2,4 milhões de toneladas de cimento e cerca de dois milhões de clínquer por ano é inaugurada hoje, no município de Cacuaco, em Luanda.
A Nova Cimangola II resulta de um investimento comparticipado pelas empresas Ciminvest e Nova Cimangola e surge com suficiente potencial para cobrir o deficit de clínquer que se registava na indústria cimenteira nacional.
O recurso à importação de clínquer pesava significativamente nas contas da Nova Cimangola, que gastava anualmente cerca de 70 milhões de dólares na compra da matéria-prima, com implicações nos custos de produção e no preço do produto final.
A Nova Cimangola, a segunda mais antiga fábrica de cimento do país depois da Secil Lobito, há muito que fabrica clínquer, mas em quantidade insuficiente para as suas necessidades e com tecnologia anacrónica (via húmida), que torna o processo mais moroso e dispendioso, quando na actualidade, as grandes indústrias do sector já migraram, quase todas, para a chamada via seca, com graus de eficácia a superar, de longe, o antigo método. A entrada em funcionamento da nova unidade fabril liberta da importação a Nova Cimangola e a indústria cimenteira em geral, que vê aumentada a oferta de clínquer. Orçado em cerca de 400 milhões de dólares, as obras foram executadas em 21 meses pela empresa Sinoma International Engineering.
Com o arranque da fábrica, de acordo com assessoria de imprensa da Nova Cimangola, são criados 220 postos trabalhos, 85 por cento dos quais reservados a cidadãos de nacionalidade angolana.
A fábrica ocupa uma área de 700 hectares, numa zona com grandes jazidas de calcário, matéria-prima indispensável na feitura de cimento. Na antiga fábrica, localizada na zona do Kikolo, a 14 quilómetros do centro da cidade de Luanda, apurou o Jornal de Angola, o calcário caminha para o esgotamento.
Com a entrada em funcionamento desta fábrica, espera-se que a Nova Cimangola duplique a sua produção, passando de 1.800.000 toneladas anuais para 3.600.000 toneladas, as mesmas quantidades que são produzidas actualmente pela China Internacional Fund Angola, com a qual passa a disputar a liderança do mercado.
A Nova Cimangola II surge numa altura em que os níveis de produção já alcançados na indústria cimenteira nacional, mais do que satisfazer as necessidades do país, garantem a estabilidade do preço do produto no mercado face às oscilações cambiais a que estava sujeito, quando a procura era superior ao que era então produzido.
Dados do Ministério da Indústria indicam que Angola atingiu, há dois anos, uma capacidade de produção instalada de 8.030.000 toneladas de cimento anuais, valor que está acima das necessidades actuais do país, que andam à volta de seis milhões de toneladas anuais.
O Jornal de Angola apurou que o país produz actualmente 4,8 milhões de toneladas de clínquer, quantidade que pode chegar a 7,9 milhões de toneladas anuais, o bastante para as necessidades do país, caso se concretize um outro investimento na produção de clínquer da Cimenfor, outra cimenteira nacional com perspectivas de vir a produzir clínquer no curto ou médio prazo. O investimento tem tudo para devolver à Nova Cimangola a liderança do mercado perdida para a China Internacional Fund Angola ou colocar as duas empresas em pé de igualdade, mas com vantagens comparativas para a Nova Cimangola, que junta prestígio à antiguidade no mercado.
Incentivos fiscais
O projecto está em linha com a estratégia do Executivo destinada a aumentar a produção nacional, a criação de novos postos de trabalho, a redução das importações e o fomento das exportações, o controlo da saída de divisas e a estabilização dos níveis de inflação.
Por esta razão, o Estado resolveu conceder benefícios fiscais e aduaneiros à Nova Cimangola II, por um período de cinco anos, a contar da data em que a fábrica passa a incorporar 90 por cento da mão-de-obra prevista.
No quadro dos benefícios fiscais que o Estado oferece, a Nova Cimangola II fica isenta de impostos industrial e de aplicação de capitais sobre os lucros distribuídos e beneficia de uma redução de 2,5 por cento nos impostos de aplicação de capitais sobre os juros dos empréstimos contraídos no âmbito do projecto.
Além dos benefícios fiscais, o Estado isenta a nova empresa do pagamento de direitos aduaneiros em bens e equipamentos.