Clínquer da Cimangola já chega aos Camarões
Outras fábricas do país passaram a produzir a matéria-prima mas o esforço não permitiu que a Nação deixasse de importar, um problema que fica completamente solucionado com a produção da nova unidade fabril ontem inaugurada
A indústria nacional de cimento ficou mais fortalecida, com a inauguração ontem pelo ministro da Defesa Nacional, João Lourenço, de uma nova unidade fabril da Cimangola em Cacuaco, que já exporta clínquer para os Camarões.
A segunda unidade de produção de cimento da Cimangola já formalizou contratos para a exportação de 50 mil toneladas de clínquer para os Camarões, tendo a primeira tranche sido vendida na última semana, no quadro de uma ampla aposta da respectiva direcção, que visa a conquista do mercado regional.
A nova unidade fabril da Cimangola alcança novos patamares com a produção de dois milhões de toneladas de clínquer por ano, além de outras 2,4 milhões de toneladas de cimento.
Oficialmente inaugurada ontem, em Luanda, no município de Cacuaco, pelo ministro da Defesa Nacional, João Lourenço, a nova unidade da Cimangola, resultado de um investimento equivalente a 400 mil milhões kwanzas, quer suprir as necessidades de importação do clínquer e poupar ao país cerca de 54 milhões de dólares.
O presidente do Conselho de Administração da Cimangola, Sindika Ndokolo, garantiu que Angola tem hoje necessidades de cimento na ordem de seis milhões de toneladas por ano. Sindika Ndokolo disse que o aumento da produção do clínquer deve significar também um aumento na produção de cimento, que vai sair de níveis de produção a rondar cinco milhões para oito milhões de toneladas por ano.
Desta forma, disse Sindika Ndokolo, o mais importante não é o volume da primeira exportação concretizada. “O importante é que Angola se tornou num potencial industrial capaz de concorrer com outras indústrias de países desenvolvidos, ao mesmo tempo que conquista o mercado da sub-região”, adiantou. A nova fábrica criou 250 novos postos de trabalho directos, dos quais 200 ocupados por nacionais.
Para o PCA da Cimangola, a fábrica perspectiva inaugurar uma segunda linha de produção, para duplicar a actual capacidade de produção instalada. O preço do saco de cimento varia segundo a qualidade do cimento, informou.
O gestor informou que a Associação Industrial do Cimento de Angola (AICA) já trabalha junto do Ministério da Indústria, no sentido de melhorar todos os indicadores internos de produção de cimento e garantir ao mercado mais qualidade, ao mesmo tempo que estabiliza o preço para referências mais atractivas. “Se falarmos de preços em kwanzas, sem desvalorização, o preço do saco do cimento baixou cerca de 30 por cento”, explicou.
Impacto ambiental
O projecto da Cimangola apostou na tecnologia avançada, de tal forma que a recuperação dos gases permite reduzir quase 80 por cento do impacto ambiental, comparados com a antiga tecnologia utilizada, que usa a argila húmida.
Dados da fábrica mostram que a energia que resulta da produção do clínquer já permite reduzir custos energéticos. A longo prazo, o objectivo é colocar uma linha de tratamento de resíduos sólidos que, além de ajudar a fazer o tratamento e a logística dos resíduos sólidos da cidade de Luanda, permite também reduzir os custos de produção.
Sindika Ndokolo considera que, a nível continental, existem três principais países e grandes produtores, nomeadamente a Nigéria, África do Sul e Egipto, que permitem ao país medir a concorrência com as melhores indústrias do mundo e abrir uma perspectiva estratégica no mercado regional. “Significa que em termos da economia angolana é uma novidade, pois, conseguimos concorrer com as principais fábricas do Golfo da Guiné, ou de países asiáticos em situação de sub-produção.
A ministra da Indústria, Bernarda Martins, disse ser a fábrica um projecto de relevância, que vem garantir mais concorrência à actividade da indústria transformadora do país. “A Cimangola vem aumentar o que já tem sido feito ao longo dos anos, como no sector dos materiais de construção, que tem já dá passos positivos em termos de melhoria da oferta de produtos”, considerou.
Para a ministra, o projecto é ambicioso e não fica por aqui. “Os promotores querem ir longe e aproveitar as valências do país, por estarmos numa região que permite vender aos vizinhos”, reforçou. A título de exemplo, a ministra citou os países ao longo dos caminhos-de-ferro, onde Angola pode fornecer, com a rapidez que se exige, qualquer mercadoria.
A ministra informou que Angola tem bastante matéria-prima de base e é um grande potencial em recursos de calcário, minério de ferro, argila e gesso, os componentes necessários para a produção de clínquer, o produto que é introduzido para a obtenção do cimento depois da junção de determinados aditivos .
Bernarda Martins reconheceu que o país passou por dificuldades de produção do clínquer, por falta de capacidade industrial. Neste momento, avançou, com as capacidades existentes na fábrica da FCKS, no Cuanza Sul, e CIF, em Luanda, o país conseguiu ter uma capacidade de produção na ordem de sete milhões toneladas por ano. “A antiga Cimangola produzia o clínquer para consumo próprio e não era suficiente. As outras fábricas também passaram a produzir, mas isso não permitiu que se deixasse de importar. Com esta unidade, deixamos de importar este material”, garantiu a ministra da Indústria.
O conselho de administração da Cimangola quer suprir todas as necessidades de importação do clínquer e poupar anualmente divisas do país no valor de 54 milhões de dólares