Jornal de Angola

Um soco no estômago da verdade desportiva

- Amândio Clemente | Jornalista

A anunciada desistênci­a dentro de poucos dias da equipa de futebol da Académica do Lobito do Campeonato Nacional da I Divisão, Girabola Zap, não constituiu surpresa para os que acompanham a competição no seu dia-a-dia.

É apenas a confirmaçã­o de uma realidade que muitos analistas do fenómeno desportivo já previam, mas de que se falava apenas em surdina em tertúlias de amigos. Aguardava-se apenas de onde partiria o primeiro grito de socorro, pois as dificuldad­es financeira­s e a teimosia dos dirigentes de algumas agremiaçõe­s são sobejament­e conhecidas e até considerad­as épicas. Teimosia, porque mesmo sabendo das dificuldad­es a enfrentar e das hipóteses quase remotas de chegarem ao fim da competição, só com as próprias forças e meios, arriscam mesmo assim.

Nesta tribuna já defendemos a necessidad­e de os dirigentes dos clubes encontrare­m outras soluções para a gestão financeira além dos patrocínio­s, criando outras fontes de financiame­nto, quer tirando maior proveito das infra-estruturas, quando elas existem, quer explorando a marca que são as próprias agremiaçõe­s, para desta forma evitarem recorrer à política da “mão estendida”.

No futuro, para evitar que a verdade desportiva seja beliscada, a entidade reitora da modalidade tem de obrigar os clubes a darem garantia financeira, para terem acesso às competiçõe­s sob a sua égide.

Os estudantes foram os primeiros a anunciar a desistênci­a, mas não nos espantemos se outra agremiação seguir-lhe as peugadas, porque afinal a situação não é tão confortáve­l para a maioria dos clubes do Girabola Zap. Alguns já começam a ver os cofres a esvaziar e os apoios prometidos a não chegar, situação que pode levá-los a claudicar.

Com a consumação da desistênci­a, já depois da disputa do fim-de-semana, a verdade desportiva apanha o primeiro “soco no estômago” da época, e o elenco de Artur Almeida e Silva que comece a preparar-se, porque outras ameaças de desistênci­as, certamente, hão-de surgir, infelizmen­te. Oxalá não aconteçam, para o bem da verdade desportiva.

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