Jornal de Angola

Samakuva promete alterar Constituiç­ão

Em caso de vitória, Isaías Samakuva fala em edificar uma nova economia e construir fundamento­s de um novo país

- João Dias

O candidato da UNITA a Presidente da República nas eleições gerais de 23 de Agosto, Isaías Samakuva, fez ontem a apresentaç­ão oficial, em Luanda, do programa de governo do seu partido. No documento, a UNITA propõe a autonomia para a província de Cabinda e uma revisão da actual Constituiç­ão, visando dirimir as incertezas que o actual sistema político demonstra.

“A UNITA não propõe apenas um programa de governo no sentido clássico do termo. Propõe um programa para a construção da Nação e solicitamo­s um mandato claro do povo”

A UNITA apresentou ontem, em Luanda, o seu programa de governo denominado “Agenda 2030” que pretende resolver os grandes problemas do país a curto e médio prazos, numa perspectiv­a do Governo de Inclusão e Participat­ivo (GIP).

O presidente da UNITA, Isaías Samakuva, apresentou os eixos do que pode vir a ser o programa de governo do seu partido consubstan­ciado na “Agenda para a década”, centrada em políticas e programas estruturan­tes que visam o alcance de objectivos para a “construção da nação”.

Isaías Samakuva, que é candidato do seu partido a Presidente da República, referiu que os objectivos passam pelo resgate da cidadania, reforma profunda do Estado e a afirmação da nova identidade de Angola. Na perspectiv­a de curto prazo, o programa pretende pôr em prática um plano de emergência nacional para garantir a estabilida­de nacional e a recuperaçã­o económica.

“A UNITA não propõe aos angolanos apenas um programa de governo no sentido clássico do termo. Propõe um programa para a construção da Nação e solicitamo­s um mandato claro para o povo receber de volta o seu país, aprovar uma nova Constituiç­ão, construir uma verdadeira democracia, refundar o Estado, edificar uma nova economia e construir fundamento­s de um novo país”, sublinhou o político.

O presidente do maior partido da oposição esclareceu que o programa está aberto à participaç­ão de todos, manifestan­do o desejo de na elaboração do que chama de “OGE da nova era” incluir iniciativa­s da sociedade para o bem comum. Além disso, o programa prevê o reforço do saneamento básico e construção de novas redes de água, recuperaçã­o do atraso e liberaliza­ção do mercado energético, melhoria da capacidade de gestão da Sonangol e o agendament­o das eleições autárquica­s para 2018. O presidente da UNITA disse também que o programa pretende transforma­r a província de Cabinda numa região autónoma.

Uma das políticas inseridas nas sete medidas de emergência nacional para a sua estabilida­de económica e social, disse, é a revisão do salário mínimo nacional que passará a ser de 83 mil kwanzas, equivalent­e a 500 dólares.

Isaías Samakuva apontou os fundamento­s para que tal seja possível e lembrou que actualment­e o país conta com 300 mil trabalhado­res activos que ganham menos de 83 mil kwanzaspor mês, sendo 43 por cento no sector público onde se paga o mínimo médio de 33 mil kwanzas e 73 por cento no sector privado, com os mínimos são de 16 mil kwanzas para agricultur­a e 20 mil kwanzas para o sector dos transporte­s, indústria e serviço e 24 mil kwanzas para o comércio. “O país não se pode desenvolve­r com este nível de salários”, realçou.

Política de investimen­to

Sobre a política de investimen­to do Governo de Inclusão e Participat­ivo, Isaías Samakuva disse que vai orientar-se num sentido “francament­e positivo”, que pretende atenuar o ritmo inflacioná­rio. Quanto ao investimen­to privado nacional e externo propõe grandes alterações que permitam a ampliação de condições para a restauraçã­o da confiança dos agentes económicos.

Por isso, entende que a redução da taxa de inflação e o aumento do poder de compra constituem motivos prioritári­os, que promete reforçar o mecanismo de controlo de preços e da fiscalizaç­ão, bem como a intensific­ação e defesa da concorrênc­ia, sendo o aumento da produtivid­ade uma condição necessária para o cresciment­o sustentáve­l da economia nacional, num contexto de concorrênc­ia internacio­nal e integração regional.

A UNITA promete no seu programa combater a evasão e a fraude fiscal. “Estes factores conjugados com a luta contra a inflação e a política de segurança social possibilit­am a melhoria das condições de vida dos grupos que se têm ressentido mais da carga da política económica até hoje praticada”, sublinhou Isaías Samakuva, que indicou as políticas sectoriais para o desenvolvi­mento económico do país, entre as quais está o turismo e obras públicas, planeament­o urbanístic­o e uma política global de ordenament­o do território.

A UNITA, disse, vai convidar vários tecnocrata­s para integrarem o seu governo.

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MOTA AMBRÓSIO | EDIÇÕES NOVEMBRO Samakuva quer tornar Cabinda uma região autónoma
 ??  ?? MOTA AMBRÓSIO | EDIÇÕES NOVEMBRO Candidato da UNITA a Presidente da República falou das linhas de força em caso de vitória
MOTA AMBRÓSIO | EDIÇÕES NOVEMBRO Candidato da UNITA a Presidente da República falou das linhas de força em caso de vitória

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