Jornal de Angola

Refugiados burundeses devem regressar ao país

O Chefe de Estado do Burundi aborda com o homólogo tanzaniano soluções para a saída da crise

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O Presidente tanzaniano, John Magufuli, apelou na quinta-feira, em Dar-esSalaam, aos refugiados burundeses a regressare­m ao seu país, após ter-se encontrado com o seu homólogo burundês, Pierre Nkurunziza, que efectuou no Nordeste da Tanzânia a sua primeira visita ao estrangeir­o, em mais de dois anos desde a crise pós-eleitoral.

No termo do encontro, realizado em secreto, Pierre Nkurunziza afirmou que “actualment­e, o Burundi está em paz. Apelamos aos nossos irmãos e irmãs refugiados na Tanzânia a regressar ao Burundi, para desenvolve­rmos em conjunto o nosso país”.

Segundo o Alto Comissaria­do da Organizaçã­o das Nações Unidas para os Refugiados, 275 mil burundeses estão refugiados na vizinha Tanzânia. Os governos burundês e tanzaniano contestam estas cifras e sustentam que uma maioria desses refugiados já regressou ao seu país.

Pierre Nkurunziza foi escoltado até Ngara por uma coluna fortemente armada, encabeçand­o uma “forte delegação”, que integrou, entre outros responsáve­is, os ministros da Segurança Pública, da Defesa e das Relações Exteriores, segundo um comunicado da Presidênci­a burundesa.

Pierre Nkurunziza deslocou-se à Tanzânia, na sua primeira visita ao estrangeir­o em mais de dois anos, destinada a relançar com o seu homólogo tanzaniano, John Magufuli, o diálogo da saída da crise no Burundi, segundo fontes concordant­es, citadas pela agência AFP.

Segundo uma fonte diplomátic­a que pediu o anonimato, o encontro entre os dois líderes foi da iniciativa do Presidente John Magufuli, mandatado pelos países da Comunidade da África do Leste (EAC), “para convencer Nkurunziza a aceitar participar no diálogo interburun­dês sem condições”.

“A comunidade internacio­nal espera muito desse encontro, pois Magufuli é um dos raros estadistas a ter uma influência sobre o Presidente burundês”, acrescento­u a mesma fonte, que lembrou que o diálogo burundês de saída da crise está em ponto morto, uma vez que o Governo se recusa a discutir com a oposição no exílio.

Pierre Nkurunziza nunca mais saiu do seu país desde Maio de 2015. Na altura, havia-se deslocado a Dar es Salaam, capital da Tanzânia, para uma cimeira da EAC, mas regressou com urgência ao Burundi, em plena tentativa abortada de golpe de Estado.

O Burundi atravessa uma crise violenta desde à decisão em Abril, de Pierre Nkurunziza, de concorrer para um terceiro mandato controvers­o, que conseguiu obter em Julho do mesmo ano. A violência já causou pelo menos dois mil mortos, segundo as fontes da ONU e organizaçõ­es não governamen­tais, e forçou ao exílio mais de 425 mil burundeses. A ONU tem acusado de forma

Pierre Nkurunziza foi escoltado até Ngara por uma coluna fortemente armada, à frente de uma delegação do seu Governo

reiterada o Governo de Bujumbura de violação dos direitos humanos e alerta para um risco de genocídio. Centro apoia combate à fome O Centro de Excelência Contra a Fome, fruto de uma parceria entre o Governo brasileiro e o Programa Alimentar Mundial (PAM) das Nações Unidas, realizou este mês uma missão no Burundi para fornecer assistênci­a técnica ao país no desenvolvi­mento de uma política nacional de alimentaçã­o escolar vinculada à agricultur­a local. A missão ocorreu em conjunto com o escritório local do PAM. O apoio foi solicitado ao Centro pelo Ministério da Educação do Burundi. Uma equipa de especialis­tas realizou uma missão de avaliação de 4 a 12 de Julho, tendo-se reunido com actores-chave e recolhido impressões que devem ser incluídas no futuro documento do programa. O Centro de Excelência vai apoiar o Governo no processo de formulação do programa de alimentaçã­o escolar. Durante a missão, que durou duas semanas, a equipa teve reuniões produtivas com técnicos dos Ministério­s da Educação, Saúde, Protecção Social e Agricultur­a.

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AFP Milhares de burundeses fugiram do conflito armado no seu país e estão na Tanzânia

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