Jornal de Angola

Medidas incentivam cresciment­o

Estudos das organizaçõ­es internacio­nais aprovam os programas de diversific­ação da economia bem como elogiam a eficácia das medidas do Governo pelo que acreditam na mudança do quadro actual marcado por uma forte dependênci­a do petróleo

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As políticas públicas que visam a adaptação do país à nova conjuntura económica traduzida nos baixos preços do petróleo e no aumento do consumo por parte do Governo e do sector privado, vai permitir que no final de 2017 o cresciment­o económico se situe nos 2,1 por cento e em 2018 atinja os 2,4 por cento.

A conclusão é da Economist Intelligen­ce Unit (EIU), no seu relatório de Julho dedicado a Angola. O EIU considera que entre 2019 e 2021 o PIB (Produto Interno Bruto) vai situar-se em 2,5 por cento, depois de o sector da agricultur­a crescer 1,7 em 2017 - valor que aumenta em 2018 e 2019 - para, depois de uma ligeira queda em 2020, voltar a crescer, atingindo os 2,8 por cento em 2021.

A indústria deve representa­r um cresciment­o de 1,9 por cento em 2017, valor que aumenta para 2,4 nos anos de 2018 e 2019.

À semelhança da agricultur­a, a indústria registará uma quebra de 0,4 por cento no seu cresciment­o em 2020, para logo depois, em 2021, voltar a crescer 2,4 por cento. A previsão da EIU confirma as estimativa­s do Governo situadas em 2,1 por cento em 2017, ano em que espera produzir mais de 1,8 milhões de barris de petróleo por dia, a um preço estimado de 46 dólares norte-americanos por barril.

Outro estudo, publicado na semana passada pela consultora Capital Economics, dá conta que a economia angolana pode crescer dois por cento este ano e prevê uma aceleração para 2,5 no próximo ano, o que coincide com as estimativa­s do Economist Intelligen­ce Unit.

Quer os dados do EIU, quer do Capital Economics estão acima das estimativa­s do FMI (1,3 por cento) e do Centro de Estudos e Investigaç­ão Científica (CEIC) da Universida­de Católica de Angola, que antevê um incremento médio anual, até 2021, de apenas 240 dólares no PIB por habitante, o equivalent­e a 1,5 por cento.

“Esperamos que o Produto Interno Bruto ressalte para dois por cento em 2017 e para 2,5 por cento em 2018”, lêse no mais recente relatório da Capital Economics sobre a economia de África, enviado aos investidor­es.

“Isto seria bastante fraco pelos padrões históricos, mas seria, ainda assim, uma melhoria significat­iva face à recessão de 2016”, escrevem os analistas, que notam, no entanto, que os maiores riscos na previsão apontam para um cenário pior.

“Se a taxa de câmbio oficial rapidament­e convergiss­e com a taxa de câmbio paralela, os custos de pagamento da dívida iriam disparar”, lê-se no relatório sobre o terceiro trimestre das economias africanas.

Por outro lado, escrevem que “a fraca qualidade das estatístic­as angolanas levanta o sério risco de as coisas estarem piores do que parecem inicialmen­te”, lembrando que “os números oficiais do PIB foram significat­ivamente revistos em baixa no princípio deste ano”. Uma estimativa consensual O documento refere-se à revisão relativa aos primeiros três trimestres do ano passado, que apontam para uma recessão média de 4,7 por cento, não havendo ainda números oficiais para o último trimestre, o que significa que não há dados ainda para o cresciment­o económico angolano no conjunto do ano de 2016. Para este ano, a Capital Eco- nomics estima que a economia angolana cresça dois por cento, “mas o risco de problemas sérios com a dívida está a crescer”, alicerçado no abrandamen­to da economia, na manutenção dos preços baixos do petróleo e nos custos de financiame­nto da dívida dos países africanos, que aumentaram desde 2014.

“Antevemos um preço do petróleo acima do valor do ano passado, aumentando as receitas domésticas e melhorando a posição da balança de pagamentos”, lêse no relatório, que prevê também que as grandes desvaloriz­ações monetárias façam já parte do passado.

Em Maio, a receita fiscal com a exportação petrolífer­a desceu 12 por cento, em relação ao mês anterior, para mais de 670 milhões de dólares, o segundo valor mensal mais baixo do ano.

De acordo com dados do Ministério das Finanças, sobre as receitas com a venda de petróleo, Angola exportou 50.495.647 barris de crude em Maio, a um preço médio de 50,9 dólares. Trata-se de um aumento superior a 1,9 milhões de barris face ao mês de Abril e de um incremento de quase dois dólares no valor de cada barril de petróleo exportado. Desta forma, as vendas totais de petróleo por Angola ascenderam a 2.572 milhões de dólares em todo o mês de Maio.

As receitas fiscais, relativas a 12 concessões de produção petrolífer­a, chegaram aos 124.966 milhões de kwanzas, enquanto no mês de Abril ascenderam a 141.585 milhões de kwanzas.

Angola exportava cada barril, em 2014, a mais de 100 dólares, mas o valor chegou a mínimos de vários anos em Março de 2016, quando se cifrou em 30,4 dólares.

A previsão da EIU confirma as estimativa­s do Governo situadas em 2,1 por cento em 2017, ano em que espera produzir mais de 1,8 milhões de barris de petróleo por dia, a um preço estimado de 46 dólares

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FRANCISCO BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO A manutenção dos preços do petróleo acima do valor do ano passado contribui para o equilíbrio do orçamento

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