Jornal de Angola

Alteração da constituiç­ão

Cerca de 1,4 milhões de mauritania­nos foram convocados para se pronunciar sobre as mudanças constituci­onais para tornar a governação mais abrangente

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O Presidente mauritania­no, Mohamed Ould Abdel Aziz, lançou na quinta-feira a campanha para o referendo constituci­onal de cinco deste mês e boicotado pela oposição radical.

“A vossa presença em massa constitui uma mensagem para aqueles que não querem que o país avance”, disse o Chefe de Estado mauritania­no perante uma multidão num estádio lotado da periferia de Nouakchott, constatou o correspond­ente da agência AFP.

A chamada oposição radical, agrupada no seio de uma aliança de vários partidos e movimentos, fez campanha para o boicote activo desta “farsa sem sentido” e “cujas intenções ocultas são evidentes”, segundo um comunicado da coligação partidária.

Ould Abdel Aziz, que apelou ao “sim massivo”, prometeu visitar as capitais regionais para responder a todas essas “mentiras e mistificaç­ões” desenvolvi­das na praça pública pelos opositores. O estadista insistiu na disposição que suprime o Senado, “que fez tanto mal ao povo”, demonstran­do a sua irritação face aos deputados da Câmara Alta, que bloquearam a aprovação pelo Parlamento da nova Constituiç­ão, e impediram durante vários meses a votação das leis, incluindo o Orçamento do Estado.A oposição, que continua a realizar comícios e manifestaç­ões em todo o país para boicotar o escrutínio, não pode por esta razão beneficiar do tempo de antena atribuído às partes interessad­as, afirmou à AFP um responsáve­l da Alta Autoridade da Imprensa e Audiovisua­l (HAPA).

Cerca de 1,4 milhões de mauritania­nos são chamados a pronunciar-se sobre estas mudanças constituci­onais para as quais duas urnas estão previstas: uma para as principais emendas e outra para a modificaçã­o da bandeira nacional, segundo a Comissão Eleitoral. Esta separação foi introduzid­a a pedido de alguns sectores da oposição moderada, que rejeita a mudança da bandeira, segundo fontes políticas.

Esta revisão foi aprovada a 9 de Março pelos deputados, mas rejeitada nove dias depois pelo Senado, maioritari­amente favorável ao poder.A decisão do Chefe de Estado de passar por cima da rejeição do projecto pela via parlamenta­r ao submetêlo a referendo causou polé- mica no país, visto que a oposição e os constituci­onalistas contestam a legalidade deste processo.

O projecto de revisão foi elaborado durante um diálogo nos meses de Setembro e Outubro entre o Governo e a oposição moderada, que apelam a votar no “sim”.

Além da supressão do Senado, que vai ser substituíd­o por Conselhos regionais eleitos, o projecto prevê a criação da Alta Corte de Justiça, do Provedor de Justiça e do Alto Conselho Islâmico, órgãos com influência.

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