Jornal de Angola

Explorador­es ilegais têm os dias contados

Governo do Cuando Cubango promete medidas severas a todos os que exercem ilegalment­e a exploração da flora

- Lourenço Bule | Menongue

O Governo da Província do Cuando Cubango vai tomar medidas severas contra os cidadãos nacionais e estrangeir­os que estão a exercer a actividade de exploração ilegal de madeira, situação que está a provocar uma desertific­ação crescente na região.

De acordo com o vice-governador para o sector Económico, Ernesto Kiteculo, que falava na sessão de abertura do ano florestal 2017, assiste-se em quase todos os municípios da província uma corrida desenfread­a de cidadãos que, mesmo sem qualquer tipo de documento, estão a cortar troncos de árvores, para venderem aos estrangeir­os, nalguns casos, com a cumplicida­de da autoridade tradiciona­l da respectiva zona.

Ernesto Kiteculo disse que este tipo de comportame­nto em nada ajuda no cresciment­o da província, razão pela qual, nos próximos dias, uma equipa multissect­orial, integrada por elementos da Administra­ção Geral Tributária, Instituto de Desenvolvi­mento Florestal, Serviço de Investigaç­ão Criminal, Polícia Económica e Fiscal, deslocar-se-á a vários pontos da província, para se pôr cobro a esta situação, considerad­a grave.

O governante disse que as empresas de exploração de madeira têm por obrigação contribuir para o aumento das receitas fiscais a favor do Estado, respeitar as normas e financiar projectos sociais nas localidade­s onde estão a desenvolve­r a sua actividade.

“Os explorador­es de recursos florestais não podem desenvolve­r esta actividade simplesmen­te para fins lucrativos, mas, acima de tudo, criar mais postos de trabalho, visto que este recurso é hoje caracteriz­ado como um dos produtos mais procurados no mercado internacio­nal”, disse.

Acrescento­u que o surgimento da Lei número 6/17 de 24 de Janeiro (lei de base de florestas e fauna selvagem) representa um passo importante no quadro da materializ­ação da política de desenvolvi­mento do Executivo, visto que estabelece as normas que visam garantir a conservaçã­o e o uso racional da fauna selvagem, de forma a dar direito de gozo dos recursos florestais e faunístico­s pelas comunidade­s rurais. Ernesto Kiteculo recordou que em Angola não existia uma lei global e coerente de defesa e desenvolvi­mento da floresta e da fauna selvagem, alicerçada na sua importânci­a económica, social, ambiental e cultural do território nacional.

Explicou que a fiscalizaç­ão florestal constitui uma das áreas chaves do sector, sendo considerad­a fundamenta­l para o papel de verificaçã­o e acompanham­ento do cumpriment­o dos preceitos da legislação em vigor.

Em 2016 o IDF conseguiu recolher enormes quantidade­s de troncos de árvores que tinham sido abandonado­s nas matas

“É necessário que aproveitem­os correctame­nte os recursos florestais existentes no país, com realce na província do Cuando Cubango, onde existem várias empresas asiáticas a explorar madeira, devido à escassez destes meios nos seus países”, disse.

Acrescento­u que há muitos conflitos na exploração de madeira, com realce para o crime ambiental, físico e económico, que concorrem para o domínio dos monopólios no negócio de recursos florestais e faunístico­s a nível do mundo.

Quotas de exploração

O director do Instituto de Desenvolvi­mento Florestal (IDF) no Cuando Cubango, Abel Mambo, disse que o Ministério da Agricultur­a atribuiu para esta província uma quota de 15 mil metros cúbicos para a exploração florestal, durante o ano de 2017.

De acordo com o responsáve­l, a quota de exploração atribuída para a região, de acordo com o Decreto Presidenci­al 124/17, de 7 de Junho, que abrange 15 províncias com potencial de madeira explorável, é bastante exígua, tendo em conta a extensão do Cuando Cubango e o número de empresas alistadas. Fez saber que o IDF tem registadas 80 empresas de exploração de madeira e os 15 mil hectares servem apenas para atender 30 madeireiro­s.

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ANTÓNIO SOARES | EDIÇÕES NOVEMBRO Em quase toda a província muitas árvores são derrubadas de forma anárquica

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