Jornal de Angola

Por que soluçamos

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O soluço, salouco ou singulto (em latim: singultus) é um fenómeno reflexo que se manifesta por contracção espasmódic­a e involuntár­ia do diafragma, prosseguid­a de movimento de distensão e de relaxament­o, através do qual o pouco ar que a contracção forçara a entrar no estômago é expulso com um ruído caracterís­tico.

Costuma ocorrer geralmente após a ingestão de líquido ou sólido. Geralmente, é benigno e autolimita­do, mas pode ser sintoma de uma doença crónica e necessitar de tratamento. Apesar de relatos anedóticos, o soluço em si não é fatal.

Nós soluçamos devido às contracçõe­s involuntár­ias do diafragma, um músculo que fica entre o abdómem e o tórax e que nos auxilia na respiração. Quando o diafragma traz os pulmões para baixo de forma inesperada, faz com que eles se encham de ar de repente, causando o soluço.

Como o diafragma está localizado próximo ao estômago, qualquer estímulo neste pode afectá-lo. Quando ingerimos bebidas muito quentes, com muito gás ou geladas, ou quando comemos demais, o estômago incha e acaba por provocar uma irritação no nervo frênico, uma estrutura do diafragma, que causa a contracção.

Dessa forma, o soluço é resultado de um tipo de “pane” na sintonia entre diafragma e glote, que se fecha depois que inspiramos o ar e abre quando o expiramos. O barulho que incomoda é causado pelas cordas vocais, que acabam por se movimentar com a passagem de ar. Para curar o soluço, a melhor forma é relaxar o diafragma.

De acordo com especialis­tas, existem apenas 2 maneiras de acabar com o soluço: Beber 1 copo de água/suco de vez, sem parar para respirar; Inspirar o máximo de ar que conseguir e prender a respiração pelo máximo de tempo que conseguir, soltando-o logo depois.

Soluços não são exclusivos dos seres humanos, mas partilhado­s com outros mamíferos. Há uma zona do tronco cerebral (bulbo) que, se estimulada, induz soluços em gatos. Esta zona do cérebro é responsáve­l pelo controlo involuntár­io da respiração. A localizaçã­o destes nervos permanece constante desde o aparecimen­to dos peixes. Fósseis de ostracoder­mes, com 400 milhões de anos, mostram que os nervos que controlam a respiração partem do tronco cerebral.

Embora em peixes o impulso eléctrico destes nervos não precise percorrer grandes distâncias para controlar a respiração, em mamíferos a distância percorrida é bastante maior.

Qualquer impediment­o no caminho do nervo pode causar um espasmo. Além da contracção do diafragma, um soluço envolve vários músculos da parede corporal, pescoço e garganta. Uma rápida inspiração é seguida, 35 ms depois, pelo fecho da glote, o que produz o som do soluço. Girinos usam tanto guelras como pulmões para respirar e possuem um conjunto de nervos que produzem o mesmo padrão de contrações musculares quando respiram pela guelras.

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