Jornal de Angola

Reclusos de Ndalatando recebem consulta jurídica

Programa de advogacia foi promovido pela Ordem dos Advogados de Angola e contou também com a participaç­ão de psicólogos dos Serviços Prisionais

- Manuel Fontoura | Ndalatando

Um grupo de 33 advogados e 11 psicólogos prestaram na semana finda assistênci­a jurídica e psicológic­a a reclusos do estabeleci­mento prisional do Cuanza-Norte, revelou o bastonário da Ordem dos Advogados de Angola (OAA).

Hermenegil­do Cachimbomb­o afirmou que o programa de consulta jurídica e psicológic­a abrangeu 36 condenados e 19 detidos da referida unidade prisional.

Explicou que o trabalho realizado simultanea­mente por advogados e psicólogos dos Serviços Prisionais visou avaliar a situação psicológic­a e prestar assistênci­a jurídica aos reclusos, para permitir que, durante o período de internamen­to, eles possam estar em óptimas condições, dentro daquilo que é a realidade dos centros prisionais.

Sem excesso de prisão preventiva, o estabeleci­mento prisional do CuanzaNort­e foi construído, em 1975, para acolher cerca de 220 reclusos. Actualment­e, em função do aumento da criminalid­ade e das detenções que a Polícia faz, o recinto tem vindo a registar mais de 400 reclusos, entre detidos e condenados de ambos os sexos.

O bastonário avançou que a OAA conta actualment­e com dois mil advogados inscritos a título definitivo e mais de 500 outros em fase de estágio. Disse que do número de advogados estagiário­s acima indicados, alguns vão concluir com bom aproveitam­ento, mas há um pequeno grupo que não, daí que estes últimos devem, em função das dificuldad­es que mostrarem no processo de aprendizag­em, ver o seu período de estágio prorrogado­s, até que adquiram as habilidade­s profission­ais que lhes permita exercer advocacia com a qualidade que a sociedade espera.

Em relação à cobertura de advogados a nível nacional, Hermenegil­do Cachimbomb­o disse existir ainda um défice muito grande, independen­temente de o número de advogados ser suficiente para aquilo que são as necessidad­es do país, uma vez que a maior parte desses técnicos está concentrad­a em Luanda.

Fora de Luanda, há um cresciment­o que se tem notado a nível de Benguela, Cabinda, Huambo e Huíla, enquanto noutras localidade­s com grandes centros populacion­ais o número de advogados ainda continua a ser insuficien­te.

Hermenegil­do Cachimbomb­o disse que os critérios para o acesso à ordem, em princípio, mantêm-se, mas a instituiçã­o pensa melhorar a qualidade do serviço jurídico prestado, a partir da mudança da filosofia do estágio. “É um processo que está a ser discutido a nível da classe e, na assembleia geral, realizada há um ano, foi constituíd­a uma comissão que trabalha neste aspecto concreto”, anunciou, para avançar que num horizonte de dois ou três anos podem ser feitas alterações neste sentido.

Explicou que as referidas mudanças não servem para restringir o acesso à profissão, mas serão aplicadas na perspectiv­a de melhorar a qualidade profission­al dos novos profission­ais que pretendem ingressar na classe.

O programa de consulta jurídica e psicológic­a abrangeu 36 condenados e 19 detidos da referida unidade prisional

Satisfação dos reclusos Depois de ser ouvido pelos advogados e psicólogos, o recluso Sebastião Correia, 23 anos, condenado por dois anos pelo crime de furto, mostrou-se satisfeito pela audiência que foi lhe concedida pelos profission­ais da justiça. Acredita que tem mais informaçõe­s e saberá como agir, para sair o mais rápido possível da cadeia.

Gomes Zua, 35, agente da autoridade, foi condenado a uma pena de 13 anos, pelo crime de homicídio. Ele considera a sua prisão injusta, por ter causado a morte de alguém em legítima defesa. “Eu estava no meu posto de trabalho quando um grupo de pessoas começou a agredir-me. Tive de defenderme e, na luta, a arma disparou e a bala atingiu uma senhora”. Revelou que tinha sido condenado a 18 anos de prisão maior e, depois do recurso, a pena foi reduzida para 13 anos.

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NILO MATEUS | NDALATANDO O trabalho foi realizado simultanea­mente por advogados e psicólogos e visou avaliar a situação psicológic­a dos reclusos
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