Jornal de Angola

A mãe de todos nós chama pelos seus filhos

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Ontem foi dia de colocar de parte as paixões clubistas e abraçar os Palancas Negras, como a equipa de todos os angolanos, na primeira passagem pelo país da Selecção Nacional, que procura às ordens de Roberto Bianchi abandonar a cauda do “ranking” da FIFA.

A legião de adeptos espalhados pela extensa Angola anseia a repetição, no moderno Estádio Nacional 11 de Novembro, das tardes mágicas vividas na mítica “catedral” da Cidadela, o palco que fez de Akwá uma referência no continente. O público pede vitórias e boas exibições, no lugar da pálida imagem transforma­da em caricatura da equipa, sobretudo depois da presença em 2006, no Mundial da Alemanha.

Uma exigência que tem razão de ser, porque talento para jogar futebol o país tem de sobra. Os caminhos escolhidos para alcançar o êxito desportivo não têm sido os melhores, dada a aposta no resultado pelo resultado, como se procurásse­mos as soluções em supermerca­dos ou lojas de conveniênc­ia.

A mãe de todos nós volta a chamar pelos seus filhos, para juntos voltarmos a desfilar entre os melhores, pois só unidos, jogadores, treinadore­s, dirigentes e adeptos, é possível fazer de Angola uma equipa competente, capaz de olhar nos olhos do adversário, em qualquer estádio.

Temos de “vestir a camisola” e exibir o orgulho de ser angolano. Apenas com a nossa presença, nos treinos, jogos e inúmeros debates travados em torno da Selecção Nacional, a cobrança por resultados positivos e futebol com cabeça, tronco e membros pode ser efectiva e positiva. A única fórmula capaz de ajudar a alterar o actual quadro de recessão competitiv­a é a entrega de todos, ao contrário da aposta no virar as costas, com a ausência nos estádios, porque os jogadores angolanos têm sido incapazes de se impor dentro das quatro linhas.

Foi assim quando Oliveira Gonçalves pegou nos Palancas Negras em 2003 e transformo­u a Cidadela no grande tribunal do futebol africano. Visitar Luanda passou a ser um verdadeiro desassosse­go até para as grandes potências recheadas de talentos oriundos de clubes europeus. É desta fase que os adeptos têm saudades. Tudo depende do nosso querer, cuja materializ­ação passa pela persistênc­ia no trabalho. Sem pressa, começando por mostrar competênci­a para jogar futebol, visto que os resultados desportivo­s consistent­es surgem de forma natural, quando a terra é bem preparada e as sementes são férteis.

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