Resultados parciais dão vitória a Kenyatta
Raila Odinga rejeita pela terceira vez consecutiva a vontade do povo queniano manifestada nas urnas
O Presidente cessante do Quénia, Uhuru Kenyatta, lidera as eleições presidenciais no Quénia contra o seu opositor, Raila Odinga, de acordo com resultados parciais divulgados ontem pela Comissão Eleitoral, entretanto, já rejeitados pela oposição.
Dos 13 milhões de votos contados até ontem pela Comissão Eleitoral, de um universo de 19,6 milhões de eleitores habilitados, o Presidente Uhuru Kenyatta, no poder desde 2013, recebeu 54,89 por cento dos votos, contra 44,28 para o candidato Raila Odinga, impondo-se com uma vantagem de 1,3 milhões.
Seis outros candidatos entraram na corrida presidencial, mas os votos que granjearam não excederam 1 por cento do total, segundo os mesmos resultados, que foram imediatamente rejeitados pelo partido Super Aliança Nacional (Nasa), de Raila Odinga.
O senador James Orengo, do Nasa, disse que os números anunciados carecem de validade por não estarem respaldados por documentos correspondentes da Comissão Eleitoral.
Raila Odinga, por sua vez, afirmou que “estes resultados são fictícios e falsos. Estão a divulgar resultados que estão a ser digitados de forma manual por alguns indivíduos e não pelos oficiais das assembleias de voto. O sistema fracassou, rejeitamos os resultados publicados até o momento.”
O partido de Uhuro Kenyatta reagiu ao pronunciamento do líder da oposição através do seu secretário-geral, Raphael Tuju. “Se os resultados divulgados lhes fossem favoráveis, o que estariam a dizer agora? Antes das eleições, disseram que o anúncio dos presidentes e directores das assembleias eleitorais seriam tidos como válidos e o tribunal chegou mesmo a pronunciar-se sobre isso. Não se pode fazer ou mudar as leis ao sabor de cada um. Regras são regras e todos nós temos de cumpri-las”, disse Tuju.
A divulgação dos resultados finais das eleições gerais do Quénia é esperada nos próximos dias. Para vencer na primeira volta, um candidato deve obter a maioria absoluta e mais de 25 por cento em pelo menos 24 dos 47 condados do país.
Na terça-feira, as autoridades eleitorais encerraram à hora marcada a maioria das urnas no país, após a participação em massa dos eleitores. Pelo menos, 24 pessoas ficaram feridas na abertura das portas de uma assembleia de voto no centro de Nairobi. O incidente ocorreu na escola primária de Moi Avenue, uma das principais artérias da capital.
Na zona oeste do Quénia, em Kisumu, registaram-se falhas técnicas nos equipamentos eleitorais, rapidamente resolvidas segundo uma fonte oficial da Comissão Eleitoral.
Exceptuando-se 20 mesas de votação na região de Turkana, que ficaram com o acesso comprometido por causa das fortes chuvas e de alguns atrasos na sua abertura, a votação ocorreu sem incidentes na maior parte das 41.000 secções eleitorais. Quase 20 milhões de quenianos estavam inscritos para eleger um presidente, governadores, autarcas, deputados, senadores e representantes das mulheres no Parlamento. Estas são as quintas eleições gerais já realizadas no país depois da implementação do multipartidarismo, em 1991.
Preferência dos eleitores recai para o actual Presidente Uhuru Kenyatta, que supera mais uma vez o seu opositor
As eleições no Quénia são tradicionalmente decididas por sentimentos de pertença étnica. As diferenças tribais, que pareciam estar superadas, foram reavivadas durante a campanha eleitoral e accionaram o alarme perante a possibilidade de se repetir os episódios de violência pós-eleitoral de 2007.
O temor de que os resultados provoquem confrontos entre kikuyus (tribo de Uhuru Kenyatta) e luos (tribo de Raila Odinga) está presente na mente dos eleitores e o facto de nenhum dos dois candidatos assinar um acordo para respeitar os resultados não ajudou a acalmar os ânimos. Muitos estabelecimentos devem permanecer fechados nos próximos dias na capital, Nairobi, onde as habitualmente intransitáveis ruas estão praticamente vazias e os seus moradores já fizeram um stokc de alimentos básicos para o pior cenário.