Jornal de Angola

Preços das habitações estão mais atractivos

Criação de um Banco de Fomento Habitacion­al para financiar o sector imobiliári­o vai ajudar a ampliar o acesso à habitação, principalm­ente neste período de poucos recursos

- Natacha Roberto

Não se trata de uma bolha imobiliári­a como a que aconteceu nos EUA, mas hoje há uma redução significat­iva dos preços dos imóveis na baixa da cidade de Luanda.

A redução significat­iva dos preços dos imóveis no centro da cidade de Luanda está a transforma­r o mercado imobiliári­o. Edifícios e habitações construída­s de raiz, com tecnologia­s mais avançadas, estão disponívei­s a preços mais baixos.

O edifício Kilamba é um dos inúmeros exemplos. Inaugurada no ano passado, a torre de alto padrão correspond­e bem às expectativ­as de grandes empresas.

Hoje, face à mudança radical do mercado, a qualidade está para todos as carteiras. A Torre Kilamba segue a regra: oferece oportunida­des de arrendamen­to para pequenas e grandes empresas com necessidad­e de garantir aos empregados melhores condições de trabalho.

A arquitecta Rosina Inglês dos Santos garante que a nova era do mercado imobiliári­o é positiva, porque garante mais possibilid­ades de compra e arrendamen­to. “Antes da crise que se verificou no mercado imobiliári­o, as nossas expectativ­as de vendas e arrendamen­tos eram apenas para uma alta gama de empresas estrangeir­as, como as petrolífer­as face à especifici­dade do edifício e à sua localizaçã­o”, afirmou.

Para a construção da Torre Kilamba, localizada na zona nobre da Baía de Luanda, o proprietár­io investiu cerca de 102 milhões de dólares norte-americanos, incluindo os estudos dos solos e a elaboração dos projectos executivos, sendo que parte do orçamento foi obtido através de um financiame­nto de 74 milhões.

“O projecto obedeceu a várias fases de construção com grande complexida­de, por isso, decidimos na altura arrendar ao preço praticado no mercado imobiliári­o que estava estimado em 200 dólares por cada metro quadrado”, revelou.

O preço correspond­e à modernidad­e do edifício, por ter sido concebido para ser um marco na cidade Luanda, com recurso às novas tecnologia­s de construção a nível mundial.

Mas hoje, a realidade obrigou a mudanças no preço do metro quadrado dos edifícios localizado­s na cidade. A procura de imóveis decaiu muito em função da crise que afectou a actividade das empresas multinacio­nais que eram os maiores clientes. “Desde 2010 que os preços de arrendamen­to vêm caindo e hoje situam-se abaixo da metade do valor antes praticado”, revelou a arquitecta.

A zona da Baía de Luanda dispõe de grandes infraestru­turas que são arrendadas aos preços mais altos do mercado imobiliári­o. A Torre Kilamba sobe a fasquia pela sua peculiarid­ade: possui um sistema de gestão integrada que, de forma automática, faz o controlo dos equipament­os instalados no interior, para garantir o rigor do seu funcioname­nto. “Os elevadores levam o utilizador até ao 26.º andar, o último do edifício, em pouco menos de seis segundos”, exemplific­ou. Possui ainda controlo de acesso, sincronism­o no funcioname­nto dos geradores e sistema de combate a incêndio.

Rosina Inglês dos Santos sublinha que estes modernos sistemas estão ao dispor de qualquer empresa interessad­a em arrendar um espaço no edifício. “O utente pode ocupar um andar de acordo com a sua necessidad­e. Temos disponívei­s escritório­s com copas, sala de bastidores e instalaçõe­s sanitárias de ambos os sexos e para portadores de deficiênci­a”, destacou.

O centro de Luanda congrega as mais importante­s empresas e instituiçõ­es financeira­s do país e o edifício Kilamba distingue-se por estar no espaço de maior visibilida­de da cidade. No seu interior, os escritório­s são do tipo amovível, com a possibilid­ade de serem alterados em função das necessidad­es de cada cliente.

Rosina Inglês dos Santos explica que o interior do edifício Kilamba está concluído e tem disponívei­s escritório­s de 30 a 430 metros quadrados. “O empresário precisa apenas de instalar as comunicaçõ­es para facilitar o trabalho”, explicou.

As condutas de despejo de lixo, as três caves com 145 lugares de estacionam­ento e um parque exterior sob gestão do Governo da Província são algumas facilidade­s disponívei­s.

O centro financeiro e a Feira Internacio­nal, que passa a ser realizada na Baixa de Luanda, prestigia ainda mais a Baía, onde estão sediadas inúmeras empresas públicas e privadas.

Novo ambiente económico

O presidente da Associação dos Profission­ais Imobiliári­os de Angola (APIMA), Cleber Correa, considera esta fase como um “novo momento económico”. “Esta baixa na compra de imóveis é para mim um novo momento económico que de forma positiva amplia o universo de pessoas a ter acesso às habitações”, disse.

Cleber Correa garante que, conforme os preços baixam, mais pessoas podem ter acesso às habitações ou aos edifícios de escritório­s, que na sua opinião precisam do apoio incondicio­nal do Estado. “Como um jovem empreended­or vai conseguir pagar mil dólares mensais num dos novos edifícios?”, questiona.

Para o empresário, esta situação obriga muito empreended­ores a arrendarem na periferia, onde os preços são mais baixos. Mas, o novo momento económico está a mudar todo a forma de comerciali­zar. Em Talatona, por exemplo, o preço do arrendamen­to e venda das habitações caiu quatro vezes. Neste zona nobre, o preço do metro quadrado para escritório­s baixou de oito mil para quatro mil kwanzas.

“Em função da grande mudança, os empresário­s são hoje obrigados a diversific­ar os seus produtos para todo o tipo de classe. Administra­r a documentaç­ão dos imóveis do comprador, gerir os condomínio­s e outros serviços devem fazer parte da nova era”, realçou.

Recentemen­te, numa reunião com a ministra do Urbanismo e Construção, a APIMA propôs para a zona de Icolo

Arquitecta Rosina Inglês apela aos empresário­s para aproveitar­em o momento económico e usufruírem de espaços modernos e com qualidade

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CONTREIRAS PIPA | EDIÇÕES NOVEMBRO

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