Preços das habitações estão mais atractivos
Criação de um Banco de Fomento Habitacional para financiar o sector imobiliário vai ajudar a ampliar o acesso à habitação, principalmente neste período de poucos recursos
Não se trata de uma bolha imobiliária como a que aconteceu nos EUA, mas hoje há uma redução significativa dos preços dos imóveis na baixa da cidade de Luanda.
A redução significativa dos preços dos imóveis no centro da cidade de Luanda está a transformar o mercado imobiliário. Edifícios e habitações construídas de raiz, com tecnologias mais avançadas, estão disponíveis a preços mais baixos.
O edifício Kilamba é um dos inúmeros exemplos. Inaugurada no ano passado, a torre de alto padrão corresponde bem às expectativas de grandes empresas.
Hoje, face à mudança radical do mercado, a qualidade está para todos as carteiras. A Torre Kilamba segue a regra: oferece oportunidades de arrendamento para pequenas e grandes empresas com necessidade de garantir aos empregados melhores condições de trabalho.
A arquitecta Rosina Inglês dos Santos garante que a nova era do mercado imobiliário é positiva, porque garante mais possibilidades de compra e arrendamento. “Antes da crise que se verificou no mercado imobiliário, as nossas expectativas de vendas e arrendamentos eram apenas para uma alta gama de empresas estrangeiras, como as petrolíferas face à especificidade do edifício e à sua localização”, afirmou.
Para a construção da Torre Kilamba, localizada na zona nobre da Baía de Luanda, o proprietário investiu cerca de 102 milhões de dólares norte-americanos, incluindo os estudos dos solos e a elaboração dos projectos executivos, sendo que parte do orçamento foi obtido através de um financiamento de 74 milhões.
“O projecto obedeceu a várias fases de construção com grande complexidade, por isso, decidimos na altura arrendar ao preço praticado no mercado imobiliário que estava estimado em 200 dólares por cada metro quadrado”, revelou.
O preço corresponde à modernidade do edifício, por ter sido concebido para ser um marco na cidade Luanda, com recurso às novas tecnologias de construção a nível mundial.
Mas hoje, a realidade obrigou a mudanças no preço do metro quadrado dos edifícios localizados na cidade. A procura de imóveis decaiu muito em função da crise que afectou a actividade das empresas multinacionais que eram os maiores clientes. “Desde 2010 que os preços de arrendamento vêm caindo e hoje situam-se abaixo da metade do valor antes praticado”, revelou a arquitecta.
A zona da Baía de Luanda dispõe de grandes infraestruturas que são arrendadas aos preços mais altos do mercado imobiliário. A Torre Kilamba sobe a fasquia pela sua peculiaridade: possui um sistema de gestão integrada que, de forma automática, faz o controlo dos equipamentos instalados no interior, para garantir o rigor do seu funcionamento. “Os elevadores levam o utilizador até ao 26.º andar, o último do edifício, em pouco menos de seis segundos”, exemplificou. Possui ainda controlo de acesso, sincronismo no funcionamento dos geradores e sistema de combate a incêndio.
Rosina Inglês dos Santos sublinha que estes modernos sistemas estão ao dispor de qualquer empresa interessada em arrendar um espaço no edifício. “O utente pode ocupar um andar de acordo com a sua necessidade. Temos disponíveis escritórios com copas, sala de bastidores e instalações sanitárias de ambos os sexos e para portadores de deficiência”, destacou.
O centro de Luanda congrega as mais importantes empresas e instituições financeiras do país e o edifício Kilamba distingue-se por estar no espaço de maior visibilidade da cidade. No seu interior, os escritórios são do tipo amovível, com a possibilidade de serem alterados em função das necessidades de cada cliente.
Rosina Inglês dos Santos explica que o interior do edifício Kilamba está concluído e tem disponíveis escritórios de 30 a 430 metros quadrados. “O empresário precisa apenas de instalar as comunicações para facilitar o trabalho”, explicou.
As condutas de despejo de lixo, as três caves com 145 lugares de estacionamento e um parque exterior sob gestão do Governo da Província são algumas facilidades disponíveis.
O centro financeiro e a Feira Internacional, que passa a ser realizada na Baixa de Luanda, prestigia ainda mais a Baía, onde estão sediadas inúmeras empresas públicas e privadas.
Novo ambiente económico
O presidente da Associação dos Profissionais Imobiliários de Angola (APIMA), Cleber Correa, considera esta fase como um “novo momento económico”. “Esta baixa na compra de imóveis é para mim um novo momento económico que de forma positiva amplia o universo de pessoas a ter acesso às habitações”, disse.
Cleber Correa garante que, conforme os preços baixam, mais pessoas podem ter acesso às habitações ou aos edifícios de escritórios, que na sua opinião precisam do apoio incondicional do Estado. “Como um jovem empreendedor vai conseguir pagar mil dólares mensais num dos novos edifícios?”, questiona.
Para o empresário, esta situação obriga muito empreendedores a arrendarem na periferia, onde os preços são mais baixos. Mas, o novo momento económico está a mudar todo a forma de comercializar. Em Talatona, por exemplo, o preço do arrendamento e venda das habitações caiu quatro vezes. Neste zona nobre, o preço do metro quadrado para escritórios baixou de oito mil para quatro mil kwanzas.
“Em função da grande mudança, os empresários são hoje obrigados a diversificar os seus produtos para todo o tipo de classe. Administrar a documentação dos imóveis do comprador, gerir os condomínios e outros serviços devem fazer parte da nova era”, realçou.
Recentemente, numa reunião com a ministra do Urbanismo e Construção, a APIMA propôs para a zona de Icolo
Arquitecta Rosina Inglês apela aos empresários para aproveitarem o momento económico e usufruírem de espaços modernos e com qualidade