Gulbenkian estreia ópera
O palco da Fundação Calouste Gulbenkian, em Portugal, recebe em Setembro a ópera “O Monstro no Labirinto” com a participação de 300 cantores amadores
A ópera comunitária “O Monstro no Labirinto”, de Jonathan Dove, com versão portuguesa de Tiago Marques, estreia-se em Setembro, em Lisboa, na Fundação Calouste Gulbenkian (FCG).
Dirigida pelo maestro Quentin Hindley, a ópera conta com a participação de 300 cantores amadores, do Coro Gulbenkian, das orquestras Gulbenkian e a de Estágio Gulbenkian, sendo solistas a meio-soprano Cátia Moreso, o tenor Carlos Cardoso e o baixo Rui Baeta, com o actor Fernando Luís, como narrador.
A ópera com libreto original de Alasdair Middleton, é encenada por Marie-Eve Sygneyrole, e foi apresentada pela primeira vez ao público em 2015, no festival francês de Aix-en Provence.
“O Monstro no Labirinto” é uma ópera que recupera um episódio da mitologia helénica, cuja acção dramática decorre durante a viagem de barco de Teseu à ilha de Creta, para resgatar as crianças atenienses expatriadas e oferecidas em sacrifício ao terrível Minotauro.
Segundo a mitologia grega, Teseu é filho de Egeu, rei de Atenas, e de Etra, filha do rei Piteo, o seu nome significa “o homem forte por excelência” e é apontado como o maior herói de Atenas, e um dos maiores de toda a Grécia Clássica.
Este projecto, que interroga sobre a capacidade de Teseu de salvar as vítimas lançadas ao monstro no labirinto, remete o espectador para a situação que se vive no mar Mediterrâneo, cruzado por milhares de refugiados e imigrantes, que muitas vezes morrem nas suas águas. A encenadora Marie-Eve Signeyrole, citada pela FCG, afirmou que esta é uma metáfora perfeita do drama migratório do Mediterrâneo, tornando a mítica história do Minotauro num relato contemporâneo. “Ao descodificarmos este mito, sentimos a necessidade de traduzir a permanência do que ele nos conta e por que razão continua a ser moderno e actual. Imaginámos por isso o labirinto como uma situação inextricável e o monstro como um sistema económico e social que se alimenta do trabalho dos homens explorados por outros homens”, explicou a encenadora em comunicado difundido pela FCG. Esta ópera comunitária, que vai estar em cena no grande auditório da FCG, de 27 a 29 de Setembro, é um projecto encomendado pela Orquestra Sinfónica de Londres, a Fundação Filarmonia de Berlim e o Festival d`Aix-en-Provence, ao compositor britânico Jonathan Dove. De acordo com o comunicado divulgado pela direcção da FCG, o envolvimento “de mais de 300 pessoas na produção” operática, os “vários períodos intensos de ensaios, desde Setembro” do ano passado, “para articular cada movimento, cada nota e cada palavra em palco, “é mais do que a soma das partes.”