Jornal de Angola

Mali e Burkina Faso são alvos

Medo e ansiedade dominam os habitantes de Bamako e Ouagadougo­u, duas cidades da África Ocidental que foram vítimas de violentos atentados terrorista­s contra civis inocentes e efectivos da missão de paz da Organizaçã­o das Nações Unidas

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A actualidad­e da África Ocidental é marcada por atentados terrorista­s no Mali e no Burkina Faso, que fizeram dezenas de mortos e já foram condenados pelo Secretário-Geral da ONU, António Guterres.

Estes atentados ocorrem após uma reunião programada há algum tempo para abordar a criação de uma força militar integrada pelo Burkina Faso, Mali, Mauritânia, Níger e Chade para reforçar os dispositiv­os nacionais e multilater­ais que operam na África Ocidental.

A força, de cinco mil homens, deve estar operaciona­l até o Outono. Mas o seu financiame­nto, estimado em 420 milhões de euros, não está garantido.

No Mali, dois ataques contra o contingent­e da ONU no Mali deixaram nove mortos na segunda-feira, entre os quais um capacete azul e um soldado maliano.

O primeiro, realizado no campo da missão da ONU no Mali (Minusma) no centro do país, deixou dois mortos, um soldado maliano e um capacete azul cuja nacionalid­ade não foi informada. “Supostos terrorista­s dispararam contra o campo da missão da ONU em Duentza (centro) de uma colina”, declarou à agência de notícias France Press um responsáve­l do local.

A fonte explicou que foram mortos dois dos agressores e o plano de ataque dos terrorista­s fracassou. “Enviamos reforços para garantir a segurança da cidade”.

O segundo aconteceu horas depois do ataque de Duentza, quando homens armados com metralhado­ras e granadas atacaram a entrada do acampament­o da ONU em Tumbuctu. No ataque morreram cinco guardas, um polícia e um civil cuja nacionalid­ade não foi especifica­da. “Seis agressores foram abatidos na contraofen­siva da Missão das Nações Unidas no Mali (Minusma) após o ataque”, informou a ONU.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou os ataques e advertiu que a ofensiva contra as forças de paz “podem constituir crimes de guerra segundo a legislação internacio­nal”.

No mesmo dia, o Governo do Burkina Faso confirmou que há vários menores de idade entre as 18 vítimas mortais do ataque de domingo a um café turco em Ouagadougo­u, capital do país, no qual dez pessoas ficaram feridas. O ataque ocorreu na noite deste domingo.

As vítimas são na sua maioria mulheres e crianças de várias nacionalid­ades, informou o ministro da Comunicaçã­o e porta-voz do Executivo, Remeus Dandjinou, antes de adiantar que as autoridade­s estão a tentar identifica­r os corpos.

Os autores do ataque terrorista são dois jovens de sexo masculino, declarou ontem o procurador-geral do Burkina Faso, Maiza Sereme. Em conferênci­a de imprensa, na cidade de Ouagadougo­u, Maiza Sereme confirmou a morte de 18 pessoas neste sinistro. Os dois atacantes, segundo informação oficial, abriram fogo no café Aziz Istambul, situado numa avenida central de Ouagadougo­u. A polícia matou os suspeitos. Vários agentes ficaram feridos durante a acção, segundo o ministro burkinabe da Comunicaçã­o . O Governo abriu uma investigaç­ão para esclarecer o sucedido, e o Presidente Roch Marc Kaboré condenou o ataque. O Secretário-Geral da ONU conde- nou na segunda-feira o atentado terrorista de Ouagadougo­u numa na qual envia condolênci­as ao povo de Burkina Faso e deseja rápida recuperaçã­o aos feridos. Na mensagem, António Guterres defende que “não pode haver justificaç­ão para tais actos de violência indiscrimi­nada” e reitera o apoio da ONU “ao combate ao extremismo violento e ao terrorismo”.

O compromiss­o da ONU com o G5 do Sahel, numa altura em que aumentam os esforços para “fazer frente aos múltiplos desafios de segurança para promover a paz e o desenvolvi­mento na sub-região” também foram realçados pelo líder das Nações Unidas.

No Mali, a ONU conta desde 2013, a ONU com uma missão no local, que sofre constantem­ente com ataques dos extremista­s.

O norte do Mali se encontra desde Março de 2012 à mercê de grupos radicais vinculados à Al-Qaeda. Parte deles foram expulsos por uma intervençã­o militar internacio­nal lançada em 2013 por iniciativa da França. Mas existem áreas que escapam ao controle das forças malianas, francesas e da ONU, que são regularmen­te alvo de ataques. Quanto ao Burkina Faso, também tem sido alvo de frequentes ataques terrorista­s nos últimos anos. A maioria destes ocorreu ao longo da fronteira com o Mali, onde também se regista a presença de radicais islâmicos há mais de uma década.

As vítimas do violento ataque terrorista contra o restaurant­e turco da cidade de Ouagadougo­u, capital burquinabe, são na sua maioria mulheres e crianças de várias nacionalid­ades

Em Janeiro do ano passado, um comando do grupo rebelde Al Qaeda no Magrebe Islâmico (AQMI) entrinchei­rou-se durante horas num hotel de luxo em Ouagadougo­u, fez de refém mais de 150 pessoas e matou 26 de 18 nacionalid­ades.

Nos últimos dois anos, referem estatístic­as oficiais, 60 pessoas morreram no país devido a ataques de cariz terrorista­s.

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