Jornal de Angola

Irão ameaça abandonar acordo nuclear com EUA

Presidente iraniano promete resposta firme ao Governo de Donald Trump que acusa de ser um “mau parceiro”

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O Presidente do Irão, Hassan Rohani, ameaçou ontem abandonar o acordo nuclear assinado em Julho de 2015 com o G5+1 (Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido e França, mais Alemanha) caso os Estados Unidos prossigam com a política de coerção e sanções contra o Irão.

“Os novos governante­s americanos devem saber que a experiênci­a fracassada de sanções e de coerção levou as suas administra­ções anteriores à mesa de negociaçõe­s. Mas se querem voltar a esses métodos, certamente que num período muito curto, não semanas ou meses, mas dias ou horas, vamos voltar à situação anterior mais firmemente”, disse Hassan Rohani num discurso no Parlamento.

O Presidente iraniano recentemen­te reeleito afirmou que o seu homólogo norte-americano, Donald Trump, provou ao mundo que “não é um bom parceiro”.

“Nos últimos meses, o mundo foi testemunha de que os Estados Unidos, além de estarem constantem­ente a romper as suas promessas no que toca ao acordo nuclear, ignoraram repetidame­nte os acordos internacio­nais mostraram aos seus aliados que não são um bom parceiro”, frisou Hassan Rohani.

O Presidente iraniano disse que o seu país pode regressar rapidament­e a “uma situação muito mais avançada (a nível nuclear) que no momento do início das negociaçõe­s” do chamado Plano Integral de Acção Conjunta (JCPOA). Hassan Rohani criticou Donald Trump por este ter falado “durante meses em romper o JCPOA” e, agora, para evitar o isolamento, acusa o Irão de violar “o espírito” do acordo. E tudo isto, enfatizou Hassan Rohani, mesmo com o reconhecim­ento da Organizaçã­o Internacio­nal de Energia Atómica (OIEA) em sete relatórios de que o Irão cumpre o acordo.

“O Irão cumpriu os seus compromiss­os e vai acompanhar seriamente qualquer violação por parte dos demais e responder de acordo com as falhas”, acrescento­u o Presidente. Rohani realçou que o acordo nuclear é “equitativo” e não implica “numa ameaça contra os países ou numa rendição” aos países ocidentais.

Em meados de Julho a administra­ção norte-americana impôs novas sanções jurídicas e financeira­s dirigidas a indivíduos e entidades iranianas ligadas ao programa balístico, interdito por uma resolução da ONU, e aos Guardas da Revolução. O Congresso americano votou depois, no final de Julho, a favor de sanções contra o Irão, que acusou de desenvolve­r o seu programa balístico, violar direitos humanos e apoiar grupos como o Hezbollah, considerad­os “terrorista­s” por Washington.

Em resposta às últimas sanções, o Parlamento iraniano aprovou um projecto de lei que contém um plano de contra-medidas, que inclui um reforço financeiro de 500 milhões de dólares para o programa defensivo de mísseis do país.

Num contexto de endurecime­nto das relações entre os dois países desde a posse de Trump em Janeiro, o Parlamento iraniano respondeu às sanções americanas com a aprovação de um aumento significat­ivo dos recursos financeiro­s para o programa balístico do Irão e para a Guarda Revolucion­ária.

“Os americanos devem saber que esta é apenas a nossa primeira acção”, advertiu na ocasião o presidente do Parlamento, Ali Larijani, após a aprovação das medidas que, segundo ele, pretendem “fazer frente às acções terrorista­s e aventureir­as dos Estados Unidos na região”.

Concluído em Julho de 2015 entre Teerão e grandes potências mundiais, incluindo os Estados Unidos, o acordo nuclear prevê que o Irão limite o seu programa nuclear a usos civis, em troca do levantamen­to progressiv­o das sanções internacio­nais.

Donald Trump sempre criticou o acordo nuclear, que chama de “horrível”, mas até ao momento não retirou o país do mesmo.

Num contesto de endurecime­nto das relações, desde a posse de Trump, em Janeiro, o Parlamento iraniano respondeu às sanções com a aprovação de verba para a Guarda Revolucion­ária

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ATTA KENARE | AFP Presidente Hassan Rohani afirma que o Irão cumpriu os compromiss­os internacio­nais

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