Crise humanitária preocupa dirigentes
Pelo menos seis organizações humanitárias pediram ao Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, para tomar “medidas imediatas” face à crise de segurança e humanitária na República Centro Africana, numa carta aberta à qual a agência de notícias France Press teve ontem acesso.
Pelo menos 821 civis foram mortos desde o início do ano, segundo as seis ONG, que consideram que o conflito atingiu “o mesmo nível” de violência que em Dezembro de 2013, no auge dos assassinatos em massa entre as milícias Séléka, maioritariamente muçulmanas, e as antiBalaka, constituídas sobretudo por cristãos.
“Naquela altura, as Nações Unidas declararam um nível de urgência 3 (...). Imploramos-vos para que seja prestada a mesma atenção à crise vivida por milhões de pessoas que sofrem neste país”, escrevem os signatários.
As ONG consideram que o mandato da missão das Nações Unidas no país “para proteger os civis, não está a ser cumprido devido à falta de recursos humanos e financeiros” e pedem a António Guterres para permitir que a Minusca (com cerca de 12.500 homens) tenha os meios de que necessita e apoie “os cidadãos da RCA e os seus representantes na aplicação da resolução política do conflito”.
A carta foi enviada ao chefe das operações de manutenção da paz da Organização das Nações Unidas, Jean-Pierre Lacroix, e ao responsável dos Assuntos Humanitários, Stephen O'Brien. Também vítimas da violência, as ONG lamentam o financiamento insuficiente da ajuda humanitária, da qual depende metade dos 4,5 milhões de habitantes da República Centro Africana.
Esta carta é enviada depois de o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) afirmar num relatório que a situação de crianças centroafricanas é “pior do que se pensava” e a RCA é “um dos piores países do Mundo para se ser criança”.