Moçambique mobiliza investimento externo
País do Índico deve ser representado por mais de 120 delegados na conferência internacional de Maputo
Moçambique vai realizar em Setembro próximo a primeira conferência de investimento internacional, que se destina a apresentar oportunidades de negócios e a atrair investimento estrangeiro para diversos sectores do país, anunciou uma fonte oficial.
A conferência, organizada pela Câmara de Comércio de Moçambique e pelo Conselho Socioeconómico Árabe África, deve contar com a participação de 54 países africanos e organizações económicas internacionais de desenvolvimento. Moçambique deve ser representado nesta conferência por mais de 120 delegados, escreveu.
A organização prevê igualmente a participação de uma centena de bancos internacionais e instituições financeiras interessadas em investir em África.
A Câmara de Comércio de Moçambique esteve recentemente envolvida na organização da Conferência do Gás e Petróleo, encontro realizado em Maputo que de novo visou apresentar oportunidades de negócios neste sector para potenciais investidores nacionais e estrangeiros.
Em Julho, o Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou que Moçambique precisava urgentemente de consolidar as finanças públicas, assinalando que o país enfrenta perspectivas económicas difíceis, apesar da melhoria de alguns indicadores.
“As discussões de política macroeconómica [entre a missão do FMI e o Governo moçambicano] centraram-se na necessidade urgente de consolidação adicional das finanças públicas”, declarou Michel Lazare, chefe da equipa técnica do FMI que visitou Moçambique.
Na altura, o FMI considerou que o empenho forte no ajustamento fiscal constitui um elemento crucial para garantir a sustentabilidade e promover o declínio da inflação e das taxas de juro. Para Michel Lazare, deve-se agir no sentido de limitar aumentos adicionais da dívida pública e, ao mesmo tempo, facilitar a reestruturação da dívida.
No comunicado, o FMI considera que as perspectivas da economia moçambicana continuam difíceis, depois de um declínio de 3,8 por cento em 2016, esperando-se que se aproxime dos 4,7 por cento em 2017, principalmente devido ao aumento da produção e exportações de carvão.
“A inflação continua elevada, mas prevê-se que continue a declinar. Apesar dos cortes orçamentais no investimento e na aquisição de bens e serviços, o aumento da despesa com salários e remunerações continua a colocar pressões sobre o orçamento, contribuindo para a acumulação de atrasados internos”, refere o comunicado
De acordo com o FMI, a dívida pública total, na sua maior parte denominada em moeda externa, continua numa situação de sobre-endividamento e o Governo falhou pagamentos de dívida externa.
A organização prevê a participação de uma centena de bancos internacionais e instituições financeiras
O chefe da missão do FMI observa que o desempenho de alguns sectores da economia melhorou a partir de finais de 2016, graças, em parte, ao aperto decisivo da política monetária em Outubro de 2016.
Num relatório publicado recentemente, o antigo primeiro-ministro de Moçambique Mário Machungo considerou a dívida escondida “um problema judicial” e é a PGR que tem de “determinar ou não quem tem culpa”.
“O relatório está no poder judicial, que é quem deve determinar de quem é a culpa, se há culpados, e como resolver o problema; isto é uma questão judicial, e se respeitamos a soberania e a independência, temos de deixar a Procuradoria-Geral da República decidir”, disse Mário Machungo.
“É desejável que o relatório seja divulgado, não pode nem deve ser segredo, as instituições concernentes devem assumir as suas responsabilidades e as dívidas devem ser conhecidas e depois encontrar um mecanismo que não seja muito pesado nem para o orçamento nem para o povo moçambicano”, acrescentou o antigo governante.