Plataforma ecuménica pede respeito pelos eleitores
Líderes religiosos recomendam o comedimento das formações políticas, dos militantes e das instituições e pedem que sejam evitados todo o tipo de comportamento anti-social que ameace a preservação da estabilidade e tudo quanto foi conseguido
Quatro plataformas ecuménicas pediram ontem, em Luanda, às forças concorrentes às eleições de 23 de Agosto para demonstrarem maturidade política e respeito pela vontade do povo.
Quatro plataformas ecuménicas pediram ontem, em Luanda, aos partidos políticos concorrentes às eleições de 23 de Agosto para demonstrarem maturidade política, através de declarações que garantam credibilidade ao processo eleitoral e evitar interpretações que ameacem a estabilidade política e social do país.
Numa conferência de imprensa, as plataformas ecuménicas, compostas pela União das Igrejas do Espírito Santo em Angola (UIESA), Conselho de Igrejas de Reavivamento de Angola (CIRA), Igreja de Coligações Cristãs de Angola (ICCA) e pela Convenção Nacional de Igrejas Cristãs de Angola (CONICA), recomendam comedimento, quer das forças políticas, dos militantes e das instituições e pedem que sejam evitados tipos de comportamento antisociais que ameacem a preservação de tudo quanto foi conseguido.
Com o propósito de apelar à manutenção da paz e da estabilidade, as plataformas ecuménicas pediram que os angolanos tenham capacidade e o máximo de lucidez para manterem a unidade nacional, o consenso, o respeito pela diferença e as conquistas já alcançadas ao longo dos 15 anos de paz.
“São todos angolanos autorizados pelo Tribunal Constitucional e pela CNE a concorrer. Ninguém deve ficar triste se perder as eleições. Essas não são as últimas. Existirão sempre. Queremos que haja confiança nas instituições”, pediu o reverendo Antunes Huambo, da ICCA, referindose às formações políticas concorrentes.
Antunes Huambo afirmou que as eleições decorreram num clima de paz, harmonia e tranquilidade. “Tudo isto está visível aos olhos de todos os angolanos. Não há dúvida. A nossa preocupação tem a ver com os pronunciamentos tumultuosos verificados nos últimos dias, que de alguma forma põem em causa a tranquilidade pública”, disse o religioso, que acrescentou: “o nosso desejo é que as pessoas possam conferir fé pública nas instituições do Estado, concretamente na CNE.”
O reverendo Antunes Huambo instou a CNE a exercer a sua função de forma patriótica. “Quem ganhou, ganhou. Quem perdeu estas eleições deve saber que não são as últimas. Existirão sempre. Queremos é que os angolanos se preparem para a divulgação do resultado definitivo”, realçou.
O presidente da plataforma ecuménica CIRA, reverendo Nzunzi António, lembrou que a igreja foi sempre fundamental ao longo de todo o processo que conduziu às eleições de 23 de Agosto e assegura que vai continuar a cultivar e a apregoar a paz, estabilidade e harmonia, que é uma das suas “funções naturais”, a par do Evangelho. Ao referir-se ao clima de suspeições prevalecente após a divulgação dos resultados provisórios, o religioso apelou a todos os cidadãos que, antes mesmo de tomarem qualquer decisão e porem em causa as conquistas do país, “é preciso olhar e reflectir sobre a nossa história e reconhecer quem somos e para onde vamos.”
O apóstolo Elias Pedro, da Conica, sublinhou que “somos todos angolanos e que, por isso, é imperioso evitarmos divisionismos e ideias que atrasem o progresso a que o país aspira”, destacando que, nessa fase em que o país aguarda pelos resultados definitivos, há que fazer prevalecer a maturidade política e perceber que existe em Angola uma democracia ainda jovem.
Recomendações
As quatro plataformas recomendaram à CNE para concluir, de forma consistente e patriótica, o escrutínio eleitoral para divulgação dos resultados definitivos das eleições de 23 de Agosto e apelaram às formações políticas concorrentes e a todos os actores políticos e sociais para aconselharem os seus militantes a terem calma e serenidade perante os resultados provisórios e definitivos, a fim de se evitar desordem social e tumultos.
Igrejas recomendam aos órgãos de defesa e segurança que reforçem a sua intervenção preventiva para desencorajar atitudes anti-sociais