Guterres encoraja solução de dois Estados na região
Secretário-Geral das Nações Unidas renova a esperança de paz e promete empenho para voltar a colocar israelitas e palestinianos na mesa de negociações com vista a um compromisso histórico para convivência pacífica entre os povos
A primeira visita do Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, ao Médio Oriente marca um passo importante na esperança de restabelecimento das negociações para a solução do conflito israelo-palestiniano numa altura em que a comunidade internacional continua a aguardar por um compromisso histórico das partes para pôr fim ao diferendo de décadas, consideraram analistas políticos.
Ao concluir a sua primeira visita a Israel e à Palestina, desde que tomou posse no cargo de líder da ONU, António Guterres reiterou na quarta-feira o seu compromisso na defesa de uma solução de dois Estados.
“Creio profundamente que a solução de dois Estados é a única via, o único caminho para um compromisso histórico que pode pôr fim a este conflito e oferecer a todos um futuro melhor”, disse António Guterres no breve discurso que proferiu no Museu do Povo Judeu de Telavive, segundo um comunicado citado pela agência de notícias Efe.
Na sua intervenção, o diplomata recordou que se assinalam este ano 70 anos desde o acordo da ONU que definiu as bases para a criação do Estado de Israel, com décadas de conflito, nas quais não se conseguiu a paz entre os dois povos “com inegáveis laços históricos e religiosos” com a terra que habitam.
“Ambos têm o direito de viver de maneira independente e como povos livres, como donos do seu próprio futuro”, considerou Guterres depois de destacar que é hora dos palestinianos “também conseguirem os seus direitos legítimos e aspirações nacionais, sem outra alternativa” a não ser a negociação entre as partes.
“É igualmente claro que a comunidade internacional não pode simplesmente afastar-se e permitir que a situação se deteriore; temos um papel e uma responsabilidade de apoiar as partes em conflito”, disse o SecretárioGeral das Nações Unidas, António Guterres.
O antigo primeiro-ministro português chegou na noite de domingo à zona para uma visita de três dias, que terminou quarta-feira, no âmbito da sua primeira deslocação ao Médio Oriente, durante a qual teve como objectivo fazer com que israelitas e palestinianos voltem à mesa das negociações.
Crise em Gaza
O Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas declarou, na quarta-feira, que “a solução para os problemas do povo da Faixa de Gaza não é humanitária”. António Guterres falava em Beit Lahiya na visita a uma escola apoiada pela organização. O chefe da Organização das Nações Unidas reiterou o seu apelo à unidade ao defender que “a divisão apenas prejudica a causa do povo palestiniano”.
Na terça-feira, António Guterres esteve em Ramallah, na Cisjordânia, antes de partir para Gaza onde sublinhou que as duas regiões são partes da mesma Palestina.
O representante disse que há vários anos tem o sonho de ver um dia “a Terra Santa com dois Estados – Israel e Palestina – vivendo em paz e segurança juntos”.
Para tal, o Secretário-Geral disse ter pedido um processo político credível para resolver os actuais problemas e “permitir que essa solução seja implementada, eliminando os obstáculos no terreno”.
António Guterres afirmou que lançou um apelo em prol de um processo político acompanhado de um programa de acção para melhorar as condições de vida do povo palestiniano.
Para o chefe das Nações Unidas, é importante abrir os cruzamentos de acordo com a resolução do Conselho de Segurança e evitar uma maior militarização, que prejudica a confiança entre os dois povos.
O Secretário-Geral da ONU disse ter testemunhado “uma das crises humanitárias mais dramáticas” por ele vivido como trabalhador humanitário da organização. O apelo feito à comunidade internacional é que “apoie fortemente o auxílio humanitário em Gaza”.
Guterres anunciou que deu ordens para que fossem colocados imediatamente ao dispor da acção das Nações Unidas em Gaza o valor de 4 milhões de dólares do Fundo Central de Assistência de Emergência.
“Creio que a solução de dois Estados é a única via, o único caminho para um compromisso histórico que pode pôr fim a este conflito e oferecer a todos um futuro melhor”