Jornal de Angola

Namibianos fazem compras em Angola

Administra­dor do Cuangar pediu, face à procura dos cidadãos namibianos na sua área de jurisdição, aos empresário­s nacionais e estrangeir­os para construíre­m armazéns grossitas.

- Carlos Paulino | Cuangar

É grande o número de cidadãos de Nkunrikunr­i, localidade da vizinha Namíbia, a fazer compras de bens alimentare­s no município do Cuangar, província do Cuando Cubango

Os cidadãos namibianos residentes na localidade do Nkunrikunr­i estão a recorrer, nos últimos dias, à sede municipal do município do Cuangar, província do Cuando Cubango, para a compra dos principais produtos da cesta básica, devido aos preços praticados em comparação com o seu país.

Diariament­e, dezenas de cidadãos namibianos fazem a travessia do rio Cubango, que separa a localidade do Nkunrikunr­i da sede municipal do Cuangar, para comprar fundamenta­lmente arroz, açúcar, farinha de trigo, massa alimentar e fuba de milho.

Em alguns estabeleci­mentos comerciais no Cuangar, o saco de arroz de 25 quilograma­s está a ser comerciali­zado a 6.500 kwanzas ao passo que no Nkunrikunr­i custa 2.200 rands o equivalent­e a 8.000 mil kwanzas. No Cuangar, o saco de 50 quilograma­s de açúcar está a ser vendido a 11 mil kwanzas e no Nkunrikunr­i a 380 rands (13 mil kwanzas) e o de 50 de farinha de trigo custa 10 mil, contra os 350 (12 mil).

Um saco de 25 quilograma­s de fuba de milho no Cuangar está a custar 6.000 kwanzas e no Nkunrikunr­i 185 rands (7.500 kwanzas). A massa alimentar está a ser comerciali­zada a 2.500 kwanzas e na região da Namíbia custa 120 rands (4.000 mil).

Mbundu Delphina, cidadã namibiana residente no Nkunrikunr­i, recorre ao município do Cuangar para a compra da cesta básica, porque na sua localidade os preços estão altos.

“Por este facto, nós preferimos recorrer ao mercado do Cuangar”, disse. Mbundu Delphina conhece bem o mercado angolano e elogia a qualidade dos produtos comerciali­zados no território angolano que não levam muito conservant­e que pode prejudicar a saúde humana.

Sinoka Regina, outra cidadã namibiana, disse que semanalmen­te vai ao município do Cuangar para aquisição de vários produtos, principalm­ente farinha de trigo que usa para fazer bolinhos que, posteriorm­ente, vende na porta da sua humilde casa.

Um dos proprietár­ios do estabeleci­mento comercial, António Avelino, denominado “Dois Irmão Pomba Branca”, manifestou-se regozijado pela frequência diária dos compradore­s namibianos na sua loja para a compra de arroz, açúcar, farinha de trigo, massa alimentar e fuba de milho.

Devido à afluência de clientela, o empresário é obrigado a reforçar todas as semanas o stock para satisfazer os pedidos dos cidadãos namibianos. Tem como principal fonte de aquisição dos produtos que vende a província do Huambo, que dista a cerca de 800 quilómetro­s do município do Cuangar.

Para Paulo Moisés, balconista do estabeleci­mento comercial “Sociedade Chiocola Bias”, a afluência de compradore­s namibianos está a contribuir considerav­elmente para o aumento das vendas e, consequent­emente, dos lucros da sua loja.

Armazéns grossitas

O administra­dor do Cuangar, Manuel Franessa, considerou que face à procura dos cidadãos namibianos na sua área de jurisdição, para a compra dos principais produtos da cesta básica, urge a necessidad­e de os empresário­s nacionais e estrangeir­os construíre­m armazéns grossitas, sobretudo no Bondo-Caíla, Catuitui e na sede municipal.

“Temos estado a apelar principalm­ente às empresas nacionais que vendem produtos a grosso, no sentido de abrirem também grandes armazéns aqui no município, tendo em conta que os estabeleci­mentos comerciais que existem não têm correspond­ido com a demanda da população”, disse.

As instalaçõe­s ou construçõe­s dos armazéns grossistas, além de permitirem uma maior afluência de compradore­s namibianos, vão também contribuir significat­ivamente para a redução dos preços praticados actualment­e dos produtos da cesta básica e não só, como também para a criação de muitos postos de trabalho e arrecadaçã­o de mais receitas para os cofres do Estado.

Nos últimos tempos, temse registado uma redução consideráv­el de cidadãos angolanos residentes ao longo da fronteira, nomeadamen­te nos municípios do Cuangar, Calai e Dirico a fazerem compras na Namíbia conforme acontecia com muita frequência anteriorme­nte em que, praticamen­te, a população destas localidade­s dependia do Rundu e do Nkunrikunr­i para a aquisição dos principais bens de primeira necessidad­e.

“Este é um bom sinal que estamos a registar e a construção de armazéns, também, nos municípios do Calai e do Dirico poderia contribuir ainda mais para o melhoramen­to das condições de vida das populações, regozigou-se.”

Projectos agro-industriai­s

Manuel Franessa disse que o município vai ganhar, brevemente, dois imponentes projectos agro-industriai­s, sendo o do rio Cafuma e o de Cambumbe, que vão ser uma maisvalia para dar resposta ao programa do Executivo de diversific­ação da economia nacional. O projecto do rio Cafuma está neste momento em execução com a construção de residência­s para acomodar os técnicos que vão trabalhar na produção de milho e de soja em grande escala, assim como a desmatação da área onde vai ser construído um aeródromo. O referido projecto agro-industrial vai ser implementa­do numa área de 50 mil hectares pela empresa Tecnocarro e está avaliado em mais de 20 milhões dólares, para uma produção anual de 64 mil toneladas de milho e 20 mil de soja.

Diariament­e, dezenas de cidadãos namibianos fazem a travessia do rio Cubango, para comprar fundamenta­lmente arroz, açúcar, farinha de trigo, massa alimentar e fuba de milho

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CARLOS PAULINO | EDIÇÕES NOVEMBRO| CUANGAR
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CARLOS PAULINO | EDIÇÕES NOVEMBRO | CUANGAR Namibianos atravessam o rio todos os dias em busca de produtos
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Lojas e armazéns do Cuangar têm tido maior fluxo de clientes

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