Faltam no mercado 40 mil contabilistas
Presidente da ordem profissional quer instituir exames para adesão e exercício no mercado nacional
Angola tem um défice de 40 mil contabilistas, para apoiar serviços em mais de 60 mil empresas activas, declarou ontem, em Luanda, o presidente do Conselho de Inscrição da Ordem dos Contabilistas e dos Peritos Contabilistas de Angola (OCPCA), Jorge Figueira.
O mercado nacional tem um défice de 40 mil contabilistas, para apoiar serviços em mais de 60 mil empresas activas, declarou ontem, em Luanda, o presidente do Conselho de Inscrição da Ordem dos Contabilistas e dos Peritos Contabilistas de Angola (OCPCA).
Jorge Figueira considerou, à margem da assembleia-geral extraordinária da ordem, “ínfimo” o número de 4.375 contabilistas inscritos, uma vez que todos os dias surgem novas empresas e negócios a precisar de contabilistas e auditores.
Para ultrapassar o impasse, a OCPCA promove a inscrição de contabilistas na associação e certifica os que já trabalham sem estarem inscritos, para que sejam incluídos e prestem serviços nos institutos médios e universidades.
O objectivo, disse Jorge Figueira, é aproximar os profissionais, em iniciativas a que se juntam convénios de trabalho e de entendimento assinados com as instituições de ensino.
As acções que daí advêm vão ser incluídas no currículo de estágio profissional aos alunos que terminam o ensino médio nesta área do saber, para serem reconhecidos pela ordem e depois fazerem o exame. Nas universidades, a relação ocorre no plano curricular, para formar licenciados que tenham domínio das normas internacionais.
O presidente do Conselho Directivo da Ordem, Júlio Sampaio, disse que a ordem está preocupada em congregar todos os contabilistas e auditores na associação e que, neste momento, existe um número considerável de profissionais que por várias razões ainda não estão integrados.
A OCPCA está a trabalhar para que os profissionais mais antigos que transitaram do Ministério das Finanças e que nos termos da lei transitaram para a ordem, passem por cursos de actualização para poderem exercer.
Também está preocupada em criar condições para começar os exames dos jovens com formação profissional em Contabilidade e Auditoria e que procuram trabalho, os quais devem inscrever-se na ordem, passar por um estágio e um exame. A actualização vai continuar, assim como o processo de estágio e os exames iniciam em 2018.
A ordem existe desde 2010, os primeiros órgãos só foram eleitos em 2013, e tem como prioridade que os profissionais tenham conhecimentos técnicos necessários, como noções de ética e deontologia.
Quanto ao posicionamento de profissionais estrangeiros, a ordem não vai impedi-los de prestar serviços, uma vez que no país ainda não existem grandes firmas contabilísticas nacionais, com dimensão suficiente para substituir as internacionais.
Número de profissionais vai aumentar com a entrada de finalistas vindos dos institutos médios e das universidades este ano
Há quatro grandes firmas internacionais de auditoria, nomeadamente a Deloitte, a KPMG, a PWC e a Ernest Young. “A nossa preocupação com as firmas internacionais é que empreguem angolanos e deixem conhecimentos aos jovens, para assegurar o futuro do sector”, disse.
Júlio Sampaio considerou, “impensável” que essas firmas não estejam em Angola, onde não há firmas com a dimensão suficiente para substituir as internacionais. A ordem dispõe de estatutos elaborados para regular as relações com entidades estrangeiras e estabelece cláusulas de reciprocidade.
Angola está numa fase embrionária de consolidação contabilística e auditorial e vai levar ainda muito tempo até que países como Portugal, Espanha, França e Brasil possam dar tratamento recíproco aos angolanos, segundo o presidente da OCPCA.
As firmas estrangeiras mais importantes a trabalhar em Angola apresentaram a sua inscrição à ordem, anunciou Júlio Sampaio, acrescentando que numa comparação entre o número de empresas inscritas e o número de contabilistas continua a haver um desfasamento entre a procura e a oferta de técnicos.