Compra de dívida tem risco elevado
Os investidores que compraram dívida garantida por Moçambique devem incorrer em perdas consideráveis devido ao facto de o Governo do país ter vindo a falhar consecutivamente no pagamento dos cupões associados, escreveu ontem a agência Moody´s num relatório de análise.
Lucie Villa, vice-presidente da Moody’s, analista sénior e co-autora da análise, recorda que o Governo de Moçambique não efectua os pagamentos relacionados com diversos instrumentos de dívida desde o início de 2017, “aguardando uma reestruturação dessa mesma dívida.” A notação de risco de “Caa3” (a penúltima mais baixa, além de incumprimento total), com perspectiva negativa, reflecte essa expectativa, escreveu ainda a Moody´s, para acrescentar que o registo de incumprimento por parte do Governo moçambicano “demonstra a falta de vontade em respeitar os compromissos que contraiu.”
O documento adianta ser possível que o Governo de Moçambique pretenda fazer com que os investidores particulares sejam obrigados a incorrer em perdas ainda elevadas e acrescenta que “tal cenário aumentaria a probabilidade de o FMI estar disposto a prestar apoio financeiro.” A Moody´s adianta que as perspectivas de crescimento económico de Moçambique a longo prazo são boas, prevendo para este ano um crescimento do produto interno bruto de 4,7 por cento, contra 3,8 em 2016.
A notação de risco “Caa3” é a terceira e última de um conjunto de três que qualifica a dívida de um país como tendo baixa qualidade.