Universo dos óbitos retratado no teatro
O comportamento das pessoas registado nos óbitos e funerais inspirou a produção da peça “Com o meu marido até na morte dão”, que o grupo Henrique Artes estreia hoje às 20h00, na Casa das Artes, em Talatona.
Uma comédia de 1h10 minutos, também é apresentada amanhã, à mesma hora e local, passando em revista o universo dos óbitos em Angola, sobretudo nas cidades urbanas.
A peça, da autoria de Flávio Ferrão, obriga a reflexões à volta das manifestações, muitas das quais motivadas pela emoção, demonstrada pelos familiares, amigos e conhecidos de todas aquelas pessoas que morrem, antes e durante as exéquias.
Os excessos dos familiares nas lamentações, as conversas das pessoas que acompanham os familiares dos falecidos, a transformação dos óbitos em ambientes de consumo excessivo de álcool têm espaço no espectáculo representado por 11 actores.
A peça fala do nascimento e da morte, tal e qual a luz e a escuridão, que caminham de mãos dadas, onde as palavras ditam o destino. Palavras de apreço, de rancor, de tristeza e algum exagero, por vezes, marcam e dominam aqueles que ficam com vontade de seguir o seu defunto e de outros que querem dar continuidade à obra de mesmo.
O autor da peça disse ao Jornal de Angola que a sua criação nasceu da necessidade de analisar um fenómeno que tem ganhado proporções no país, o qual considera por um lado motivo de estudo e reflexão e, por outro lado, é visto como desrespeito em algumas situações por alguns intervenientes. Quanto ao título, cuja interpretação é confusa, Flávio Ferrão disse tratar-se de uma criação artística, o qual é percebido se a peça for assistida.
A actriz Naed Branco é a personagem principal da peça, que conta ainda com a intervenção de Mário Encanto, Clenir Cundi, Joel Mulemba, Adilson Vunge, Benjamin Ferrão, Indira Contreiras, Job Cândido, Samuel Viegas, Horácio Bapolo e actores do grupo Helión Teatro.