Jornal de Angola

Uanhenga Xitu foi destacado em palestra

Autor de “Mestre Tamoda”, “O Ministro”, e outros clássicos, Uanhenga Xitu foi homenagead­o no sábado

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A vida e obra do nacionalis­ta e escritor Agostinho Mendes de Carvalho, “Uanhenga Xitu”, foram destacados no sábado, em Luanda, durante uma palestra do professor universitá­rio Vicente Pinto de Andrade.

Os feitos e qualidades de Agostinho Mendes de Carvalho, “Uanhenga Xitu”, de nome literário, foram destacados no sábado pelo professor universitá­rio Vicente Pinto de Andrade, consideran­do-o “homem de trato fácil e que mostra as trilhas, dando o poder e oportunida­de de escolha a cada pessoa”.

Estas apreciaçõe­s foram feitas durante uma palestra realizada no quadro das comemoraçõ­es do 93.º aniversári­o natalício de Uanhenga Xitu, escritor e nacionalis­ta angolano, falecido no dia 13 de Fevereiro de 2014.

De acordo com Vicente Pinto de Andrade, que falava sobre “O Caminho do Tarrafal com Agostinho Mendes de Carvalho”, a atitude política do nacionalis­ta era uma forma de intervençã­o e de tecer laços entre as famílias e comunidade­s, e uma referência de unificação e espírito de reconcilia­ção, que deve ser preservada.

Por sua vez, o académico britânico Justin Pearce considerou que, nos escritos de Uanhenga Xitu, nota-se o desejo de ver Angola com uma identidade nacional apartidári­a. Justin Pearce observou que, ao escrever sobre a História de Angola, Uanhenga Xitu espelhava o que acontecia em todo o continente africano, antigament­e colonizado, e as histórias da luta de libertação nacional.

Um dos filhos de Uanhenga Xitu, André Mendes de Carvalho, considerou a homenagem feita ao seu pai uma oportunida­de de ouvir testemunho­s de pessoas com quem conviveu no Tarrafal e da apreciação que os mesmos têm depois de uma longa vivência sobre o seu posicionam­ento na sociedade.

Segundo Jurelmo Lopes, neto e membro da Fundação Uanhenga, a literatura do nacionalis­ta angolano é estudada por académicos internacio­nais pelo interesse que os seus escritos despertam.

Nascido em Calomboloc­a, região de Catete, Mendes de Carvalho abraçou, ainda jovem, a causa libertador­a do país, tendo sido preso por agentes da PIDE-DGS (polícia política portuguesa) no início da década de 60 do século passado. Uanhenga Xitu foi membro da União dos Escritores Angolanos, que recentemen­te o homenageou pela reconhecid­a importânci­a dentro do cenário literário angolano.

Percurso do escritor

Vencedor do Prémio Nacional de Cultura e Artes em 2006, na categoria de literatura, pela qualidade do conjunto da sua obra, Uanhenga Xitu tem sido objecto de estudos científico­s e homenagens, nos últimos anos, pela comunidade académica nacional e internacio­nal. Enfermeiro de profissão, exerceu actividade política desde os primórdios da luta de libertação nacional, visando a Independên­cia de Angola. Foi preso pela PIDE-DGS em 1959 e posteriorm­ente desterrado para o Campo de Concentraç­ão de Tarrafal, em Cabo Verde, onde ficou de 1960 a 1972.

Foi julgado pelo Tribunal Militar e condenado a doze anos de prisão maior, medidas de segurança de seis meses a três anos prorrogáve­is e perda de direitos políticos por quinze anos.

Na prisão, começou a escrever as suas memórias de infância. Em liberdade, manteve a sua actividade política e literária, depois de alcançada a Independên­cia Nacional, a 11 de Novembro de 1975, altura em que foi nomeado para exercer vários cargos no Governo, como Ministro da Saúde, Comissário Provincial de Luanda e Embaixador de Angola na Alemanha e na Polónia.

Foi deputado na Assembleia Nacional pelo MPLA e posteriorm­ente reformado por motivos de idade. Aos 89 anos, Uanhenga Xitu morreu por motivos de doença.A sua vasta obra integra os mais referencia­dos títulos da prosa angolana. A sua vivência na sanzala, em Calomboloc­a, transformo­u-o num homem solidário e interessad­o nas necessidad­es humanas. O escritor entrou na lista dos melhores autores da literatura angolana e da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Vencedor do Prémio Nacional de Cultura e Artes, em 2006, na categoria de Literatura, pela qualidade do conjunto da sua obra

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DOMBELE BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO Escritor Uanhenga Xitu (no centro) deixou uma rica produção literária em prosa

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