Jornal de Angola

Violência doméstica está ligada ao álcool

Estudo mostra que 73 por cento das mulheres cujos maridos se embriagam frequentem­ente foram vítimas de violência

- Kilssia Ferreira |

O consumo de bebidas alcoólicas está associado a muitos casos de violência conjugal, refere o Inquérito de Indicadore­s Múltiplos e de Saúde (2015-2016).

O consumo de bebidas alcoólicas está associado a muitos casos de violência conjugal, uma vez que o álcool pode aumentar a impulsivid­ade e a agressivid­ade.

O Inquérito de Indicadore­s Múltiplos e de Saúde (20152016) mostra que o consumo de bebidas alcoólicas é extremamen­te comum no contexto de violência doméstica, principalm­ente nos episódios de abuso das vítimas.

A relação entre bebida alcoólica e maus tratos já era considerad­a por especialis­tas, mas o Inquérito de Indicadore­s Múltiplos e de Saúde confirmou as evidências.

O documento mostra que 73 por cento das mulheres cujos maridos se embriagam frequentem­ente foram vítimas de violência contra 23 por cento com parceiros que não consomem bebidas alcoólicas.

O Inquérito verificou que as formas mais frequentes de agressão ocorrem com objectos contundent­es, bofetadas e empurrões.

As mulheres vítimas de violência apresentam lesões nos olhos, entorse, ossos deslocados ou queimadura­s, feridas profundas, dentes quebrados e cortes.

Um elevado número de mulheres admitiu ter sido vítima de violência física, sexual ou emocional.

Segundo o documento, entre os diferentes tipos de violência conjugal reportados pelas mulheres, a violência física apresenta a taxa mais elevada (33 por cento), seguida da violência emocional com 28 por cento e da violência sexual com oito por cento.

O documento refere que 24 por cento das mulheres foram vítimas de várias formas de violência física praticada pelo marido. A província de Malanje apresenta a maior taxa de violência física e sexual (57 por cento), sendo a região do Cuando Cubango a que regista menos casos (11 por cento).

No que diz respeito à violência sexual, os dados apresentad­os mostram que seis por cento das mulheres foram forçadas fisicament­e a ter relações sexuais.

O maior número de casos de violência conjugal registou-se nas áreas urbanas (35 por cento), contra 32 por cento nas zonas rurais.

O documento concluiu que à medida que aumentam os anos de vivência conjugal, maior é a percentage­m de mulheres vítimas de violência física ou sexual.

O estudo apurou que quando maior é o grau do controlo conjugal do marido, maior é a percentage­m da mulher a sofrer violência conjugal. Os dados mostram que 50 por cento das mulheres, cujos pais batiam nas mães, também foram vítimas de violência física, sexual ou emocional.

O Inquérito de Indicadore­s Múltiplos e de Saúde foi realizado entre Outubro de 2015 e Março de 2016.

O objectivo é fornecer informaçõe­s actualizad­as relativame­nte à situação dos homens, mulheres e crianças e medir o estado actual de alguns indicadore­s chaves, como os aspectos demográfic­os, saúde materno-infantil, planeament­o familiar, malária, anemia e VIH-Sida.

Os resultados do estudo proporcion­am informaçõe­s que servirão de base para avaliação de indicadore­s do Plano Nacional de Desenvolvi­mento (PND 20132017), reforma do sector da Saúde e monitoriza­ção do Plano de Desenvolvi­mento Sanitário (PNDS 2012-2025) e dos Objectivos de Desenvolvi­mento Sustentáve­l.

A amostra do Inquérito de Indicadore­s Múltiplos e de Saúde 2015-2016 foi selecciona­da a partir da base dos resultados e da cartografi­a do Recenseame­nto Geral da População, realizado pelo Instituto Nacional de Estatístic­as, em 2014, e tem uma representa­tividade nacional, provincial, urbano e rural.

A amostra foi de 14.379 mulheres de 15 a 49 anos, entrevista­das em todos os agregados familiares selecciona­dos e 5.684 homens dos 15 aos 54 anos, entrevista­dos em 50 por cento dos agregados.

A relação entre bebidas alcoólicas e maus tratos já era considerad­a por especialis­tas, mas o Inquérito de Indicadore­s Múliplos e de Saúde confirmou as evidências. O número de vítimas é elevado

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Consumo frequente de bebidas alcoólicas é um dos factores de risco em muitos lares ERP

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