Alerta da ONU para crimes contra a humanidade
A Comissão de Inquérito da ONU alertou ontem para alegados crimes contra a humanidade cometidos no Burundi, país que se encontra em crise política desde 2015.
Os crimes contra a humanidade no Burundi ocorrem num contexto de violações dos direitos humanos como “execuções extrajudiciais, detenções arbitrárias, tortura, violência sexual, crueldade, comportamentos desumanos e desaparecimentos forçados”, conclui a Comissão de Inquérito, liderada por Fatsah Ouguergouz.
Para este órgão da ONU, existe “falta de vontade” das autoridades do país em lutar contra a impunidade, o que leva a que os agressores não sejam acusados dos seus crimes, declarou Fatsah Ouguergouz.
Os três investigadores da Comissão de Inquérito apelaram ao Tribunal Penal Internacional (TPI) para que investiguem “o mais rapidamente possível” os crimes contra a humanidade cometidos neste país africano.
A comissão afirma ainda que a maioria destes crimes são cometidos por “funcionários de alto nível do Governo, dos Serviços Secretos e das autoridades nacionais” e por membros do Imbonerakure – o movimento jovem do partido no poder.
A comissão foi criada em Setembro do ano passado, com o objectivo de investigar as violações dos direitos humanos no Burundi. “Estamos chocados com a grande escala de violência e brutalidade [no Burundi]”, afirmou a Comissão de Inquérito.
As conclusões apresentadas pela Comissão de Inquérito resultaram de “uma investigação com vários meses” e de entrevistas a “mais de 500 testemunhas”. “Existe um clima de medo generalizado no Burundi. As vítimas foram ameaçadas, mesmo quando estavam exiladas”, declarou Françoise Hampson, um dos membros da comissão.
As autoridades do Burundi, que no ano passado anunciaram a saída do TPI, recusam as acusações.