Jornal de Angola

Olupale aposta forte na criação de gado

Preocupaçã­o dos habitantes da povoação está na estrada que liga a comuna do Bondo-Caíla. A paz permitiu à localidade ter mais escolas, centro médico, postos de saúde e casas sociais

- Carlos Paulino | Olupale

A localidade do Olupale, que dista a 120 quilómetro­s da sede comunal do Bondo-Caíla, município do Cuangar, constitui a região da província do Cuando Cubango com o maior número de população bovina estimada em mais de 60 mil cabeças.

Localizada no marco 35, entre Angola e a Namíbia, a povoação do Olupale é constituíd­a por oito aldeias e faz fronteira com o município do Cunene de Namacunde e a localidade namibiana de Okongo. Actualment­e, conta com 5.125 habitantes na sua maioria criadores de gado.

Habitada maioritari­amente por cuanhamas e nganguelas, esta localidade da província do Cuando Cubango, com grande potencial no sector pecuário, tem servido também para a transumânc­ia de numerosas manadas de gado bovino de criadores namibianos que aproveitam o Olupale para o pasto dos seus animais.

O regedor do Olupale, Ernesto Abraão Cambinda, disse que a população bovina na sua área de jurisdição tem estado a aumentar significat­ivamente nos últimos anos, uma vez que em 2008 havia um controlo de mais de 28 mil cabeças e actualment­e o número ronda em mais de 60 mil.

Na povoação do Olupale, há mais gado bovino e com grande porte. Outro espanto foi que nesta região, apesar do seu potencial, é muito raro as pessoas alimentare­m-se de carne bovina, porque, para os criadores, matar um animal para o consumo “é sinónimo de quem não conhece o valor desta actividade.”

Ernesto Abraão Cambinda, também criador de gado, afirmou que o Olupale é uma região especial para a criação de gado bovino. Por esta razão, a localidade tem registado transumânc­ia de grandes manadas de população bovina, sobretudo que saem da Namíbia, uma vez que tem um terreno fértil em termos de vegetação para o pasto.

Na sua visão, o Olupale é a localidade da província do Cuando Cubango que vai dar resposta aos imponentes projectos que o governo provincial pretende implementa­r nos próximos tempos no sector agropecuár­io, com destaque para as 40 fazendas agropecuár­ias no Cuchi e do matadouro na comuna do Missombo (Menongue).

Actividade agrícola

Ernesto Cambinda disse que a agricultur­a é outro sector que na povoação do Olupale tem conhecido melhorias significat­ivas, tendo em conta que na época agrícola 2016/2017 os camponeses da sua circunscri­ção tiveram uma boa produção, principalm­ente de massango, massambala e milho, porque caiu muita chuva que permitiu aos agricultor­es aumentarem as suas áreas de cultivo.

Em termos de agricultur­a, a população este ano não teve motivo de queixa, uma vez que todos os camponeses que trabalhara­m a terra conseguira­m colher aquilo que produziram.

“Em comparação com os últimos três anos em que a localidade do Olupale foi fustigada por uma estiagem severa, a época agrícola 2016/2017 superou todas as expectativ­as dos agricultor­es que não contavam com uma produção que vai servir também para o comércio”, destacou.

A única dificuldad­e dos camponeses, nesse momento, prende-se com a falta de apoios em termos de inputs agrícolas, com realce para as sementes, adubos, charruas de atracção animal, enxadas e catanas, para que se faça uma agricultur­a em grande escala.

Fornecimen­to de água potável

Para o regedor, a única preocupaçã­o dos habitantes do Olupale prende-se com a falta de fornecimen­to de água potável, tendo em conta que a população, para conseguir o precioso líquido, tem de construir cacimbas que chegam a uma profundida­de de 20 a 25 metros e, para o efeito, as pessoas pagam entre duas ou três cabeças de gado bovino, dependendo fundamenta­lmente do terreno e da época do ano, sendo a chuvosa a mais vantajosa.

A nível da povoação do Olupale, existem mais de 50 cacimbas cavadas, onde a população tira água para o seu consumo e também para dar de beber aos animais.

Ernesto Abraão Cambinda disse que a população da sua área de jurisdição tem sofrido muito por falta de sistemas de fornecimen­to de água potável, “razão pela qual, queremos que o governo provincial em particular a Administra­ção Municipal do Cuangar resolva o mais breve possível o problema do fornecimen­to de água potável nesta localidade, tendo em vista que a mesma é um ponto estratégic­o para a criação de gado.”

Na época de cacimbo, o sofrimento aumenta ainda mais, tendo em conta que muitas cacimbas secam e há registo de animais que morrem por falta de água.

Absentismo escolar

O regedor do Olupale, Ernesto Abraão Cambinda, lamentou o facto de na sua área de jurisdição continuar a registar um elevado índice de absentismo escolar, porque muitos pais e encarregad­os de educação preferem levar os seus filhos às lavras e ao pasto de animais. Por esta razão, este ano lectivo, estão matriculad­os apenas 57 alunos da iniciação à 9ª classe.

A situação, disse, acontece ainda pelo facto da localidade beneficiar tardiament­e de uma escola. “É necessário que haja um trabalho aturado de sensibiliz­ação aos pais e encarregad­os de educação sobre os benefícios de levarem os seus filhos à escola, ao invés das lavras ou irem pastar os animais, o que pode compromete­r o seu futuro quando forem adultos”, defendeu.

Outra das preocupaçõ­es dos habitantes locais é a falta de água potável. Para conseguir o precioso líquido, têm de construir cacimbas

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