As mesmas ocorrências mescladas de intervenção
A derrota da Selecção Nacional Sénior Masculina de Basquetebol vem destapar insuficiências no balneário que se reflectem no desempenho dos atletas e na vitória sofrida sobre o Uganda e a surpreendente derrota diante da equipa marroquina
BASQUETEBOL O sinal dos tempos, ignorados pelas ocorrências dos dois últimos cenários, 2011 na cidade de Antananarivo, Madagáscar, e 2015, em Túnis, na Tunísia, deixam perceptível o estado de degradação e o desnorte no meio da Selecção Nacional sénior masculina de basquetebol, na 29.ª edição do Campeonato Africano das Nações, Afrobasket.
Predominam os factos, mas desta vez com uma mescla de intervenientes, desde dirigentes federativos a técnicos, passando por jogadores, embora a maior parte deles repetentes nestas andanças e demasiado calejados para perceberem que os adeptos do basquetebol em particular e o país, em geral, merecem
A derrota diante de Marrocos na segunda jornada da fase preliminar, por 53-60, 37 anos depois do primeiro percalço, traz-nos à memória as ocorrências de Antananarivo e Túnis
outro tratamento.
A derrota diante de Marrocos, na segunda jornada da fase preliminar, por 53-60, 37 anos depois do primeiro percalço, por 61-80, traz-nos à memória as ocorrências de Antananarivo e Túnis, e com elas inúmeras questões.
Terá Angola estagiado e jogado com selecções de nível? A falta de coro deixa interrogações. Será o seleccionador nacional Manuel Silva “Gi” o principal responsável pela falta de atitude, de garra, de fio condutor, de exibições convincentes, aos invés de sofríveis, apontando como exemplo a sucedida na estreia diante do “outsider” Uganda, onde foi preciso sofrer a bom sofrer e fazer recurso a um prolongamento de cinco minutos, para assegurar o triunfo, por 94-89, depois da igualdade a 84-84 no tempo regulamentar? Gi encontra paralelismo com os ex-seleccionadores, o francês Michel Gomez, e o espanhol, Moncho López, de quem foi adjunto no “cinco” nacional, pois o referido trio não fez, à semelhança dos antigos treinadores dos hendecacampeões, o percurso interno, ou seja, orientar uma equipa no Campeonato Nacional e
Jogadores angolanos tiveram prestação muito abaixo das expectativas na abordagem ao cesto adversário e falharam inúmeros lances ofensivos
sagrar-se campeão. Victorino Cunha, Wlademiro Romero, Alberto de Carvalho “Ginguba” e Paulo Macedo, treinadores angolanos, Mário Palma e Luís Magalhães, estrangeiros, cumpriram. Ser campeão Sub-16 e Sub-18 não é, só por isto, condição suficiente para chegar aos seniores e ganhar. Ao discurso exige-se higienização suficiente pois a jogadores, cujos pergaminhos falam por si, é quase obrigatório dar a mão à palmatória, e obriga a gestão de egos.
Manuel Silva “Gi”, coadjuvado por dois antigos internacionais de referência e com carreira desportiva ímpar, Miguel Lutonda e Benjamin Ucuahamba “Avô”, carece ainda de leitura atempada nas situações menos boas de jogo, para deste modo pedir um desconto de tempo e serenar os ânimos dentro da quadra de jogo.
Aos jogadores, não basta apenas o discurso em uníssono passado para os holofotes como se de uma comunicação propagandística se tratasse, quando é por demais evidente a falta de sincronia e alegria dentro do campo.À tona, surgem ainda outras cogitações, envolvendo o afastamento de dois campeões africanos: Milton Barros, base com dois Afrobasket´s no currículo (2007 e 2013), e Valdelício Joaquim, um (2013). O primeiro foi dispensado por alegada questão técnica, e o segundo por suposto acto de indisciplina. A estes, junta-se o mais recente afastamento, já no palco da competição, do base Hermenegildo Santos.
Gildo terá sido preterido para privilegiar a entrada de Sílvio Sousa, extremoposte de 2,06 metros, oriundo do basquetebol norte-americano, onde alinha por uma equipa universitária, Estas e outras situações podem, ao que tudo indica, estar na origem de tamanha (des)união no balneário da equipa mais vezes campeã de África, estatuto erguido e sustentado de forma briosa por diferentes gerações de jogadores, mesmo mescladas.
Eduardo Mingas, poste de 1,98 metros, é a prova tácita da falta de sincronização. Após a derrota, Mingas, tetracampeão africano, 2005, 2007, 2009 e 2013, banhouse em lágrimas.
Hélder Martins da Cruz, o actual presidente da Federação Angolana de Basquetebol (FAB), revela falta de astúcia e audácia o quanto baste