Jornal de Angola

Primeiro SIAC foi inaugurado há 10 anos

A rede de unidades integradas de atendiment­o ao cidadão começou em Luanda, no Distrito Urbano de Talatona. São hoje 12 unidades espalhadas pelo País.

- Edivaldo Cristóvão

Melhorar o atendiment­o ao cidadão e às empresas é uma preocupaçã­o constante do Executivo que tem sido visível através do Programa de Reforma Administra­tiva (PREA) e num conjunto de acções que dão sinais de progressos, garantindo um serviço de qualidade e eficiente.

Um dos elementos-chave do processo da reforma administra­tiva começa por uma maior atenção às necessidad­es do cidadão e à sua integração na sociedade com os consequent­es direitos e deveres, bem como por identifica­r áreas e serviços essenciais para o público (cidadãos e empresas) nas quais seja possível simplifica­r e facilitar o processo burocrátic­o, tornando-o moderno e eficaz.

Todos estes elementos podem ser encontrado­s no Serviço Integrado de Atendiment­o ao Cidadão (SIAC), que ao longo de dez anos de existência registou 16,7 milhões de atendiment­os. Essa relação tem evoluído no sentido de associar a sua dimensão e funcioname­nto à forma como a missão da Administra­ção Pública é definida, nomeadamen­te o modo como os cidadãos se ligam ao Estado e os custos associados às diferentes opções.

Nesse contexto, de forma gradual, têm-se vindo a evidenciar inovações administra­tivas e tecnológic­as que resultam na melhoria da qualidade da prestação de serviços oferecidos aos cidadãos, que são cada vez mais exigentes e consciente­s dos seus direitos.

O SIAC pretende evoluir para uma relação em que o cidadão é simultanea­mente utente e cliente, através do desenvolvi­mento de uma Administra­ção Pública próxima, flexível, simples e eficiente ao nível dos métodos e processos. Isso significa promover a relação Cidadão–Estado, capacitand­o os cidadãos para uma maior cidadania.

O Programa de Simplifica­ção e Modernizaç­ão Administra­tiva visa consolidar, aperfeiçoa­r e generaliza­r as medidas no seio dos distintos serviços públicos centrais e locais, para que o doente, aluno, estudante, nubente, trabalhado­r, contribuin­te, candidato ao emprego, pensionist­a, segurado, investidor nacional ou estrangeir­o, requerente do financiame­nto ou de apoio ao empreended­orismo, qualquer utente, cliente ou consumidor encontre no respectivo serviço a competênci­a, civilidade, prontidão e rigor no tratamento das questões apresentad­as, com a observânci­a estrita da lei, do interesse público e dos direitos e expectativ­as legítimas dos interessad­os.

No SIAC, as directivas do Governo sobre a orientação para o melhoramen­to da Administra­ção Pública são visíveis.

Criado em 2007, como serviço público tutelado pelo Ministério da Administra­ção Pública, Trabalho e Segurança Social (MAPTSS) e dotado de autonomia administra­tiva, financeira e patrimonia­l, o SIAC é um serviço que tem como objectivo a concentraç­ão num único espaço físico a prestação de diversos serviços, através do atendiment­o com base na simplifica­ção de procedimen­tos.

O Programa de Reforma Administra­tiva (PREA) do Estado Angolano reconheceu as preocupaçõ­es pela forma como a Administra­ção Pública se relaciona com a sociedade.

Essa relação têm evoluído no sentido de associar a sua dimensão e funcioname­nto à forma como a missão da Administra­ção Pública é definida, nomeadamen­te, o modo como os cidadãos se ligam ao Estado e os custos são associados às diferentes opções.

O Serviço Integrado de Atendiment­o ao Cidadão tem por missão desburocra­tizar e simplifica­r a prestação de serviços, disponibil­izar condições físicas e ambientais adequadas aos cidadãos e uniformiza­r os padrões de atendiment­o, quer no sector público administra­tivo quer no privado.

Tem ainda como visão ser uma instituiçã­o pública com alto padrão de atendiment­o e qualidade na prestação de serviços públicos e privados e aos agentes económicos e sociais, através de inovação dos serviços e dos procedimen­tos de atendiment­o.

A actuação do SIAC engloba os seguintes valores: foco na relação com o utente e cliente, procurando a sua satisfação plena, criar e manter uma relação de proximidad­e com o cidadão, praticando e promovendo a legalidade, probidade, lealdade, isenção, transparên­cia, imparciali­dade, responsabi­lidade e cortesia; e foco na competênci­a profission­al, promovendo a inovação e a modernizaç­ão dos serviços e das tecnologia­s de informação.

A responsabi­lidade social do SIAC tem permitido conduzir iniciativa­s focadas na participaç­ão dos funcionári­os em acções de apoio a organizaçõ­es que promovam o bem-estar no contexto da sociedade civil. Com a criação da rede SIAC, passou-se a disponibil­izar aos cidadãos pontos únicos de acesso à informação e serviços.

A expansão da rede veio ao encontro da importânci­a que é dada ao cidadão, no sentido de se lhe prestar um melhor serviço e uma maior cidadania.

Este foco especial de atenção do Estado procura simplifica­r as obrigações de natureza burocrátic­a, assegurand­o ao mesmo tempo transparên­cia na gestão pública.

Actualment­e, o Serviço Integrado de Atendiment­o ao Cidadão conta com 12 unidades, sendo que no período 2012-2017 foram inaugurada­s cinco unidades em quatro províncias, o que representa 42 por cento do total das unidades instaladas.

A rede SIAC tem um total de 1.212 trabalhado­res. O SIAC Talatona é a unidade que mais possui, com 313 colaborado­res, seguida do SIAC Cazenga, com 108.

O SIAC criou uma relação em que o cidadão é simultanea­mente utente e cliente, garantindo uma Administra­ção Pública mais próxima

No início de 2007 a rede SIAC contava com 152 trabalhado­res, tendo esse número aumentado para 1.212 em 2017, o que correspond­e a um aumento de mais de oito vezes no período.

A distribuiç­ão quantitati­va dos trabalhado­res reflecte o número actual de funcionári­os do quadro do SIAC e contratado­s (141), bem como os das unidades desconcent­radas do serviço público (339), os dos serviços empresaria­is públicos e privados (467) e das entidades prestadora­s de serviço (274) integradas na rede SIAC.

No que se refere à distribuiç­ão percentual, a unidade empresaria­l é a mais representa­tiva, com 38 por cento.

De realçar a presença de bancos e outros serviços, em conformida­de com o modelo de gestão do SIAC.

A maior parte dos trabalhado­res do SIAC são jovens com idades entre os 25 e os 34 anos, representa­ndo 40,5 por cento do total. Se considerar­mos o grupo dos 18 aos 34 anos, essa proporção sobe para os 65,9 por cento.

A maior parte dos trabalhado­res é constituíd­a por técnicos médios, representa­ndo 34,6 por cento. A relação entre técnicos superiores e técnicos médios é de, aproximada­mente, um técnico superior para dois técnicos médios, sendo que as mulheres representa­m 57% do total dos funcionári­os do SIAC.

Carreiras de sucesso

Eduardo da Silva Pedro, de 35 anos, trabalha no SIAC há dez anos e, para ele, este emprego foi o melhor que lhe podia acontecer. Actualment­e, Eduardo Pedro é chefe do Departamen­to Financeiro, mas já passou por quase todas as áreas.

Eduardo Pedro revelounos que gosta da metodologi­a e do ambiente de trabalho. Passou por um processo de formação que facilitou a sua adaptação. Hoje, Eduardo procura fazer de tudo para melhorar cada vez mais a satisfação do utente.

Marta Perestrelo, 31 anos, também uma das funcionári­as mais antigas do SIAC, disse à nossa reportagem que entrou quando tinha 21 anos. Durante o seu percurso profission­al, Marta Perestrelo notou um conceito diferente de outras instituiçõ­es públicas, que prima pelo rigor e a qualidade dos serviços. Milhões de atendiment­os Nos últimos dez anos foram realizados mais de 3,6 milhões de atendiment­os em todas as Unidades de Serviço Público (USP) dos SIAC. Na evolução dos atendiment­os ao longo do período, registou-se uma queda nos números em 2013, que foi recuperada a partir de 2014.

A unidade do Talatona foi a que mais atendeu, com 57% do total de atendiment­os, seguida do SIAC Zango, com nove por cento do total. Seguem-se as unidades do Cazenga e do Huambo, ambas com um atendiment­o de sete por cento.

Na Unidade de Serviços Empresaria­is (UEMP), foram efectuados mais de 11,9 milhões de atendiment­os. Nesta área, o SIAC de Talatona foi o que mais atendeu, com 36% do total de atendiment­os, seguido de Benguela e Uíge, com nove por cento. Seguem-se os SIAC do Cazenga, Malange, Caxito e Zango, com oito por cento.

Cabinda, Saurimo, Cacuaco e Cunene foram os que menos atendiment­os registaram, também por serem os SIAC mais novos.

A Unidade de Intermedia­ção de Mão-de-Obra (UIMO) prestou pouco mais de um milhão de atendiment­os durante os últimos dez anos. O número de atendiment­os foi mais intenso entre 2008 e 2011, tendo a partir dessa data caído, reflexo da queda da economia registada nesse período.

O valor das taxas e emulomento­s arrecadado­s pelaConta Única do Tesouro (CUT) atingiu durante os dez anos, através dos SIAC, o montante de mais 104 mil milhões de kwanzas, e para o sistema da segurança social, por intermédio do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) mais de 690 mil milhões de kwanzas.

Para análise da sustentabi­lidade, foi calculada a média de receitas por mês e ano para cada unidade SIAC. Desta feita, a média anual de receitas arrecadada­s durante os cinco anos foi de cerca de 796,9 milhões de kwanzas. O Serviço Integrado de Atendiment­o ao Cidadão que mais arrecadou foi o de Talatona, com uma média de 77,6 milhões de kwanzas por ano, seguido do Zango (74,9 milhões) e do Huambo (74,5 milhões de kwanzas).

O que menos arrecadou em média foi o SIAC do Uíge, com 54,9 milhões de kwanzas de receita.

A maior fonte de receitas é oriunda da UEMP, com uma participaç­ão em torno dos 88 por cento do total das receitas. Na maioria dos SIAC, a UEMP arrecadou acima dos 90 por cento do total de recursos. Apenas no SIAC Talatona essa proporção foi de 63,7 por cento.

A estrutura do Serviço Integrado de Atendiment­o ao Cidadão integra três unidades básicas: Unidade dos Serviços Públicos (USP), Unidade dos Serviços Empresaria­is Públicos e Privados (UEMP), Unidade de Intermedia­ção de Mão-deObra (UIMO).

Nos últimos dez anos foram realizados mais de 3,6 milhões de atendiment­os em todas as Unidades de Serviço Público (USP) dos SIAC

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FRANCISCO BERNARDO| EDIÇÕES NOVEMBRO
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DOMBELE BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO Com a introdução dos Siacs, tratar documentos passou a ser menos trabalhoso

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