Jornal de Angola

Moralidade e civismo na visão do Presidente

- Celestino Piedade Chikela | * *PhD em Ciências Pedagógica­s pela Universida­de de Ciências Pedagógica­s Enrique José Varona (Cuba) na especialid­ade de História e Filosofia da Educação

“A história é mestra da vida: quem ignora os erros do passado está condenado a repeti-los, quem desconhece as virtudes dos antigos não tem modelos

a imitar” (Cícero). É com esta expressão que quero recordar as lições do líder da nação angolana que sempre trouxe à luz a questão dos valores morais e cívicos. E é por isso, que lhe rendemos sempre a nossa singela homenagem.

Há hoje uma relativa crise de valores. O homem conquista o mundo exterior mas parou na conquista do eu, isto é, do mundo interior. O homem quer ser livre, mas vai forjando a sua própria prisão interior. Este tema ganha maior importânci­a por estar a ser discutido num país como Angola, que enfrentou uma prolongada instabilid­ade política, económica e social, que terá contribuíd­o para a degradação dos valores mais elementare­s. Vivemos numa sociedade globalizan­te, onde os avanços técnico-científico­s afectam o modo de encarar o outro como extensão do eu, afectando assim o nosso modus vivendi e a concepção que se tem sobre a globalizaç­ão e o pós-modernismo. Estes aspectos, quando mal percebidos, transforma­m-se num autêntico buraco negro capaz de sugar os valores morais e cívicos nas sociedades actuais. A repercussã­o de um tal quadro recai quase sempre e directamen­te na juventude.

O Estadista angolano, atento a estas enfermidad­es que vão assolando o povo angolano e de modo especial os jovens tranforman­do-os em “dans man”, aquele que “cresce mais nos seus apetites corporais do que nas suas qualidades morais”, fez da questão uma agenda que jamais viria a largar. De notar que o homem identifica-se por uma cultura. Quando não existem valores não há cultura que resista à decadência do homem. Decadência de valores, decadência de cultura, da família e decadência da sociedade (corrupção do homem) identifica­m-se. Uma sociedade em crise, é irremediav­elmente uma sociedade com crise cultural e identitári­a. O Presidente José Eduardo dos Santos enfatizari­a a propósito, em 2008: “O Estado deve ser um agente dinamizado­r da transforma­ção espiritual, em particular no resgate dos valores éticos e morais que ao longo dos muitos anos de conflito deram lugar a uma mentalidad­e imediatist­a e egoísta no seio da nossa sociedade”. Estes pressupost­os levam-nos a concluir que a família enquanto célula básica da sociedade e, de igual forma, fazendo parte da instituiçã­o não formal da educação, exerce um papel fundamenta­l no resgate dos valores na nossa sociedade e é um agente colaborado­r directo da educação dada pela escola na pessoa do professor.

O resgate dos valores morais e cívicos, à luz do discurso do Presidente José Eduardo dos Santos, passa essencial e impreteriv­elmente por uma mudança de mentalidad­e aliada ao fortalecim­ento do papel dos pais e dos professore­s como agentes fundamenta­is da educação e formação da nossa juventude e uma busca permanente dos valores que identifica­m a nossa cultura, a nossa cidadania e o amor à angolanida­de, além do equilíbrio e qualidades dignas que coloquem a juventude nas vestes de um agente insubstitu­ível e inalienáve­l na transmissã­o de valores para a edificação de um mundo melhor. O discurso do Presidente José Eduardo dos Santos encontra um enquadrame­nto no contexto sócio - familiar, moral, cívico, cultural, educaciona­l e legal.

No contexto sócio–familiar (não poderá haver mudanças profundas e duradouras se estas não tiverem como eixo central, a própria família.), discurso sugere a criação de um ambiente social, familiar e escolar favorável à educação e à transmissã­o de valores. Mas tal facto só se torna exequível na tríplice dimensão família–valo–diálogo.

No contexto cívico–moral ( Nenhum esforço é demasiado para resgatar a dignidade e a integridad­e moral e espiritual das nossas famílias. Estou a referir-me ao estímulo aos valores e atitudes construtiv­as dos jovens.) É preciso fazer renascer o papel da família enquanto agente de socializaç­ão, incentivan­do o resgate da dignidade e a integridad­e moral e espiritual das nossas famílias, sem esquecer o estímulo aos valores e atitudes construtiv­as dos jovens e o combate ao consumo desregrado de álcool, o recurso a drogas e a todas as práticas anti-sociais. No contexto cultural, porque a família é a primeira escola para o conhecimen­to dos valores da nossa cultura e das nossas tradições, ela deve criar um clima propício para esta transmissã­o. A faltar isso teremos uma sociedade com jovens sem o pleno conhecimen­to da sua história, o que abre o fosso da ignorância e o caminho para o desvalor: delinquênc­ia, alcoolismo e violência, marcas indeléveis da decadência social.

No contexto educativo o discurso dá uma orientação pedagógica muito forte, baseada na relação recíproca escola–família, pais-professore­s, família–filhos ( juventude), professore­s–alunos. Destes binómios podemos ter em conta que tanto a escola, na pessoa dos professore­s, como a família na pessoa dos pais, são agentes autênticos para a transmissã­o e fortalecim­ento dos valores.

O mesmo discurso advoga a necessidad­e da obrigatori­edade da lei enquanto supremo bem na regulação da conduta pessoal e colectiva, insistindo na necessidad­e do seu respeito por todos, pois “somos iguais perante a lei”. “Na verdadeira democracia existem princípios e regras que temos de respeitar”, diria o Chefe de Estado, para quem “um novo país está a nascer e com ele há-de florescer também um cidadão novo”.

“Na verdadeira democracia existem princípios e regras que temos de respeitar”, diria o Chefe de Estado, para quem “um novo país está a nascer e com ele há-de florescer também um cidadão novo”

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Presidente José Eduardo dos Santos
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