Moralidade e civismo na visão do Presidente
“A história é mestra da vida: quem ignora os erros do passado está condenado a repeti-los, quem desconhece as virtudes dos antigos não tem modelos
a imitar” (Cícero). É com esta expressão que quero recordar as lições do líder da nação angolana que sempre trouxe à luz a questão dos valores morais e cívicos. E é por isso, que lhe rendemos sempre a nossa singela homenagem.
Há hoje uma relativa crise de valores. O homem conquista o mundo exterior mas parou na conquista do eu, isto é, do mundo interior. O homem quer ser livre, mas vai forjando a sua própria prisão interior. Este tema ganha maior importância por estar a ser discutido num país como Angola, que enfrentou uma prolongada instabilidade política, económica e social, que terá contribuído para a degradação dos valores mais elementares. Vivemos numa sociedade globalizante, onde os avanços técnico-científicos afectam o modo de encarar o outro como extensão do eu, afectando assim o nosso modus vivendi e a concepção que se tem sobre a globalização e o pós-modernismo. Estes aspectos, quando mal percebidos, transformam-se num autêntico buraco negro capaz de sugar os valores morais e cívicos nas sociedades actuais. A repercussão de um tal quadro recai quase sempre e directamente na juventude.
O Estadista angolano, atento a estas enfermidades que vão assolando o povo angolano e de modo especial os jovens tranformando-os em “dans man”, aquele que “cresce mais nos seus apetites corporais do que nas suas qualidades morais”, fez da questão uma agenda que jamais viria a largar. De notar que o homem identifica-se por uma cultura. Quando não existem valores não há cultura que resista à decadência do homem. Decadência de valores, decadência de cultura, da família e decadência da sociedade (corrupção do homem) identificam-se. Uma sociedade em crise, é irremediavelmente uma sociedade com crise cultural e identitária. O Presidente José Eduardo dos Santos enfatizaria a propósito, em 2008: “O Estado deve ser um agente dinamizador da transformação espiritual, em particular no resgate dos valores éticos e morais que ao longo dos muitos anos de conflito deram lugar a uma mentalidade imediatista e egoísta no seio da nossa sociedade”. Estes pressupostos levam-nos a concluir que a família enquanto célula básica da sociedade e, de igual forma, fazendo parte da instituição não formal da educação, exerce um papel fundamental no resgate dos valores na nossa sociedade e é um agente colaborador directo da educação dada pela escola na pessoa do professor.
O resgate dos valores morais e cívicos, à luz do discurso do Presidente José Eduardo dos Santos, passa essencial e impreterivelmente por uma mudança de mentalidade aliada ao fortalecimento do papel dos pais e dos professores como agentes fundamentais da educação e formação da nossa juventude e uma busca permanente dos valores que identificam a nossa cultura, a nossa cidadania e o amor à angolanidade, além do equilíbrio e qualidades dignas que coloquem a juventude nas vestes de um agente insubstituível e inalienável na transmissão de valores para a edificação de um mundo melhor. O discurso do Presidente José Eduardo dos Santos encontra um enquadramento no contexto sócio - familiar, moral, cívico, cultural, educacional e legal.
No contexto sócio–familiar (não poderá haver mudanças profundas e duradouras se estas não tiverem como eixo central, a própria família.), discurso sugere a criação de um ambiente social, familiar e escolar favorável à educação e à transmissão de valores. Mas tal facto só se torna exequível na tríplice dimensão família–valo–diálogo.
No contexto cívico–moral ( Nenhum esforço é demasiado para resgatar a dignidade e a integridade moral e espiritual das nossas famílias. Estou a referir-me ao estímulo aos valores e atitudes construtivas dos jovens.) É preciso fazer renascer o papel da família enquanto agente de socialização, incentivando o resgate da dignidade e a integridade moral e espiritual das nossas famílias, sem esquecer o estímulo aos valores e atitudes construtivas dos jovens e o combate ao consumo desregrado de álcool, o recurso a drogas e a todas as práticas anti-sociais. No contexto cultural, porque a família é a primeira escola para o conhecimento dos valores da nossa cultura e das nossas tradições, ela deve criar um clima propício para esta transmissão. A faltar isso teremos uma sociedade com jovens sem o pleno conhecimento da sua história, o que abre o fosso da ignorância e o caminho para o desvalor: delinquência, alcoolismo e violência, marcas indeléveis da decadência social.
No contexto educativo o discurso dá uma orientação pedagógica muito forte, baseada na relação recíproca escola–família, pais-professores, família–filhos ( juventude), professores–alunos. Destes binómios podemos ter em conta que tanto a escola, na pessoa dos professores, como a família na pessoa dos pais, são agentes autênticos para a transmissão e fortalecimento dos valores.
O mesmo discurso advoga a necessidade da obrigatoriedade da lei enquanto supremo bem na regulação da conduta pessoal e colectiva, insistindo na necessidade do seu respeito por todos, pois “somos iguais perante a lei”. “Na verdadeira democracia existem princípios e regras que temos de respeitar”, diria o Chefe de Estado, para quem “um novo país está a nascer e com ele há-de florescer também um cidadão novo”.
“Na verdadeira democracia existem princípios e regras que temos de respeitar”, diria o Chefe de Estado, para quem “um novo país está a nascer e com ele há-de florescer também um cidadão novo”