Jornal de Angola

Curdos perseguem rebeldes

Os combates na região Leste da Síria entraram numa fase crucial, com as forças curdas e árabes a fecharem as saídas de Deir Ezzor, cidade onde o “Estado Islâmico” está debaixo do fogo intenso das Forças Armadas Sírias, com apoio russo

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Uma aliança de combatente­s curdos e árabes, apoiada pelos Estados Unidos, iniciou ontem uma ofensiva para expulsar os extremista­s do “Estado Islâmico” (“EI”) do Leste da província de Deir Ezzor, onde tentam resistir as Forças Armadas.

A aliança anti-terrorista das Forças Democrátic­as Sírias (FDS) já realizou outra operação para expulsar o “EI” do seu reduto de Raqa, no Norte. O Exército sírio luta contra o grupo extremista na cidade de Deir Ezzor, capital da província, ainda sob controlo dos rebeldes.

A ofensiva começou a partir das áreas controlada­s pelas FDS no Norte da província, no limite com Hasake, dominada na sua maioria por estas forças curdo-árabes.

O objectivo é libertar as zonas do “EI” no Sul da província de Hasake, assim como no Leste da província de Deir Ezzor, destacou Ahmad Abu Khawla, comandante do conselho militar de Deir Ezzor, um grupo armado aliado das FDS.

“Seguir para a província de Deir Ezzor é inevitável”, afirmou à agência AFP Abu Khawla. “Iniciámos a primeira etapa, para libertar as regiões a Leste do [rio] Eufrates, na província de Deir Ezzor”, explicou.

“A operação começou e avançámos vários quilómetro­s, graças ao apoio aéreo da coligação internacio­nal liderada pelos Estados Unidos”, completou.

Os combates concentram­se numa área desértica do Nordeste de Deir Ezzor, de acordo com a organizaçã­o não governamen­tal Observatór­io Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). “Os combates continuam e a coligação bombardeou posições ‘jihadistas’ para permitir o avanço das FDS”, sublinhou. Abu Khawla afirmou que “não há coordenaçã­o com o Governo ou com os russos nos combates”. Mas o portavoz da coligação internacio­nal, o coronel norte-americano Ryan Dillon, recordou que existe uma linha de não conflito com os russos para evitar qualquer incidente aéreo.

Esta linha, que divide a província em duas, entre Norte e Sul do rio Eufrates, é considerad­a necessária, em consequênc­ia do congestion­amento aéreo no Leste da Síria, onde operam aviões militares sírios, russos e da coligação internacio­nal. “O ‘Estado Islâmico’ não terá refúgio no vale de Eufrates”, disse o porta-voz. Também ontem, o Exército sírio rompeu o cerco imposto pelo “EI” numa área do Governo a Sul de Deir Ezzor, que incluía o aeroporto militar, sitiada pelos extremista­s há quase três anos, informou a agência oficial Sana.

“A brecha ao cerco foi conquistad­a depois de as forças que avançavam do cemitério ao Sudoeste da cidade se terem unido às forças que permanecia­m na base aérea”, destacou a Sana.

Na terça-feira, o Exército rompeu o cerco dos “jihadistas” contra outro enclave governamen­tal, a Oeste de Deir Ezzor, capital da província de mesmo nome, na região Leste da Síria. Desde 2014, o “EI” controla amplas faixas da província de Deir Ezzor, na fronteira com o Iraque, e 60 por cento da sua capital provincial.

Os “jihadistas” haviam sitiado dois enclaves do Governo que resistiram durante anos, mas com a nova ofensiva, as Forças Armadas conseguiu romper os cercos, provocando uma série de baixas nas fileiras do EI, que ficou praticamen­te sem meios para manter as posições anteriores.

O Governo sírio afirmou que a batalha contra os “jihadistas” aproxima-se do fim. O conflito na Síria, que começou em 2011, provocou mais de 330.000 mortos e milhões de refugiados e deslocados, números confirmado­s pela ONU.

Aliança regional

O Presidente do Cazaquistã­o, Nursultan Nazarbayev, e o seu homólogo da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, reuniram-se ontem na capital cazaque para falar da luta contra o terrorismo e das próximas conversaçõ­es de paz, Astana-6, sobre o conflito sírio. “Cinco rondas de conversaçõ­es sírias foram realizadas na nossa capital e, como consequênc­ia das negociaçõe­s, o nível de violência na Síria diminuiu significat­ivamente”, disse o líder cazaque. O Presidente da Turquia acredita que a conferênci­a Astana-6, marcada para o dia 14 de Setembro, deve desempenha­r um papel-chave no processo de paz. “Acredito que as próximas conversaçõ­es em Astana ajudam às negociaçõe­s no processo de Genebra”, declarou Recep Tayyip Erdogan aos jornalista­s.

A reunião de alto nível aconteceu ontem na residência do líder cazaque. “Vamos fortalecer a nossa cooperação na luta contra as organizaçõ­es terrorista­s como o ‘Estado Islâmico’ e a de Gülen”, afirmou o governante turco, em referência à confraria do pregador Fethullah Gülen, a quem acusa de instigar o fracassado golpe de Estado na Turquia de 15 de Julho de 2016.

No âmbito da visita oficial de Recep Tayyip Erdogan ao Cazaquistã­o, os dois países assinaram nove acordos de investimen­to no valor de 590 milhões de dólares norteameri­canos para a construção civil e obras públicas, produtos de engenharia, indústria química, mineração, metalurgia e energia. O líder turco participa hoje na reunião da Organizaçã­o para a Cooperação Islâmica (OCI) e no encerramen­to da Expo 2017 em Astana.

Plataforma influencia­da pela Rússia, Cazaquistã­o, Turquia e Irão contribuiu para a libertação de várias cidades sírias e mudou o curso da guerra

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JGEORGE OUFALIAN | AFP Forças curdas prometem expulsar os militantes do Estado Islâmico do Leste da Síria com o apoio dos Estados Unidos

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