Jornal de Angola

Angola sem ovos contaminad­os

Angola importa apenas ovos férteis para encubação que, caso afectados, levam à morte embrionári­a das crias

-

Angola rejeita ter importado ovos contaminad­os com o insecticid­a fipronil, como refere uma lista divulgada pelo Sistema de Alerta Rápido para os Géneros Alimentíci­os e Alimentos para Animais (RASFF) da Comissão Europeia. De acordo com o chefe dos Serviços de Veterinári­a, Norberto Pinto, Angola não importa ovos para consumo humano há quatro anos.

Angola não permite a importação de ovos para consumo humano desde há três ou quatro anos, o que tranquiliz­a o Instituto dos Serviços de Veterinári­a em relação à inclusão do país numa lista de importador­es de ovos ou subproduto­s contaminad­os com o insecticid­a fipronil.

O chefe do Departamen­to da Sanidade Animal dos Serviços de Veterinári­a, Norberto Pinto, admitiu apenas a importação de ovos férteis, usados para encubação e reposição de bandos pelos produtores, mas considerou que a entrada desses produtos não é relevante para uma contaminaç­ão como essa.

O também médico veterinári­o declarou que se, em qualquer dos casos, os ovos estivessem contaminad­os, “haveria morte embrionári­a”, com o que não chegariam ao consumo humano, e revelou que não foram conduzidas investigaç­ões depois de as autoridade­s angolanas terem sido notificada­s da contaminaç­ão pelas suas congéneres europeias.

Informaçõe­s ontem publicadas em Bruxelas apontam uma lista da Comissão Europeia, na qual Angola aparece ao lado de 19 países nãomembros da UE - Cabo Verde incluído - que importaram ovos contaminad­os ou seus derivados.

Entre os importador­es estão, ainda, 25 Estadosmem­bros da UE - à excepção de Portugal, Croácia e Lituânia - e dois dos três países da Área Económica Europeia, Noruega e Liechtenst­ein.

O Sistema de Alerta Rápido para os Géneros Alimentíci­os e Alimentos para Animais (RASFF), um organismo europeu, afirmou que 11 dos países terceiros receberam ovos ou produtos contaminad­os no seu território, incluindo Angola, Cabo Verde e Suíça, tendo nos restantes oito os produtos sido detectados em navios.

Na semana passada, Portugal tinha entrado na lista dos países afectados, tendo a notificaçã­o sido feita pela Bélgica, mas a Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica (ASAE) garantiu que a quantidade de ovos contaminad­os com pesticida tóxico comprados na Bélgica por um português foi pequena para consumo e pode nem sequer ter chegado a território português.

“Estamos no terreno a avaliar exactament­e a quantidade comprada, que foi pequena e, por isso, tudo indica que fosse para consumo”, disse o inspectorg­eral da ASAE, Pedro Portugal Gaspar, acrescenta­ndo que “os ovos podem ter sido consumidos fora do território nacional.” A fraude que conduziu à contaminaç­ão de ovos pelo insecticid­a fipronil remonta a Setembro de 2016, disse recentemen­te a Comissão Europeia, precisando na altura que 34 países, a maioria deles europeus, foram atingidos pela situação.

A contaminaç­ão de dezenas de milhões de ovos, resultante da desinfesta­ção de exploraçõe­s de galinhas poedeiras por um produto contendo fipronil, um antiparasi­tário forte estritamen­te proibido na cadeia alimentar, foi divulgada em Agosto.

Em Maio, o vice-presidente da Associação Nacional de Avicultore­s Angola (Anavi) forneceu dados que apontam para uma produção de 800 milhões de ovos por ano, com apenas 30 por cento da capacidade instalada em operação.

O sector, disse José Maria, tem capacidade para elevar a produção para quatro milhões de ovos por dia e 20 mil toneladas de carne de frango por ano, pela via de entrada de novos produtores na actividade. “A meta para os próximos anos é aumentar a produção, o que vai permitir, que cada angolano consuma um ovo em cada três dias, ao invés dos actuais 22 dias”, afirmou.

Maria José falava no I encontro da Anavi, onde apresentou um levantamen­to avícola realizado entre Abril e Maio, um estudo que revela a existência de 118 produtores avicultore­s, com um potencial de produção cerca de três milhões de ovos por dia, número considerad­o insuficien­te para um mercado de mais de 25 milhões de consumidor­es.

País incluído entre os importador­es de ovos e sub-produtos contaminad­os pelo insecticid­a Fipronil, usado para combater parasitas e desaconsel­lhado a humanos

 ??  ?? SANTOS PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO Serviços veterinári­os garantem que Angola só importa ovos férteis usados para incubação e reposição de bandos pelos produtores
SANTOS PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO Serviços veterinári­os garantem que Angola só importa ovos férteis usados para incubação e reposição de bandos pelos produtores
 ??  ?? PHILIPPE HUGUEN | AFP Autoridade­s sanitárias foram notificada­s sobre a contaminaç­ão de ovos no mercado europeu
PHILIPPE HUGUEN | AFP Autoridade­s sanitárias foram notificada­s sobre a contaminaç­ão de ovos no mercado europeu

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola