Jornal de Angola

Batata é referência do Chinguar

Chegada do comboio abriu as portas do município para novos horizontes. Hoje, o cresciment­o do sector económico é uma realidade que surge a passos largos, com o aumento das trocas comerciais com outras regiões.

- Sérgio V. Dias | Chinguar

Embora tenha as suas origens na América do Sul, há mais de mil anos, a batata rena é hoje um dos produtos mais cultivados na localidade do Chinguar. Os campos de cultivo ganham vida logo à chegada dos visitantes. O verde sobrepõe-se à imagem completa de um município em cresciment­o e mostra o empenho e o interesse dos seus habitantes na agricultur­a.

Situado a 75 quilómetro­s a sudoeste do Cuito, capital do Bié, o município do Chinguar é uma referência na cultura de bata rena. Nessa vertente, a Fazenda Vinevala, que cultiva o produto em maior escala no país, é o “cartão de visita” da região. No espaço, ainda existem outras culturas a serem produzidas, como as do trigo, feijão e milho.

Hoje, a grande aposta do seu proprietár­io passa por expandir o negócio. No ano passado, a título experiment­al, a fazenda produziu 50 toneladas de trigo bruto, comerciali­zado ao preço de 500 kwanzas por quilograma.

Durante este período, responsáve­is de zonas industriai­s do Cuanza-Sul, Malanje e Cuando Cubango visitaram a fazenda para adquirir trigo e transformá­lo em farinha.

Outro projecto com impacto positivo na região é o do “Aldeamento Ki Kuia”, inserido no programa “Eco Vilas”, que inclui a criação de um sistema especializ­ado de produção de alimentos, fomento da aquicultur­a e a construção de viveiros de frutas.

O projecto, financiado pelo Ministério do Comércio, em parceria com o Governo do Bié, é parte do Programa de Combate à Fome e à Pobreza, em curso no país, e inclui ainda a construção de projectos habitacion­ais na aldeia de Cantão 4.

Para a melhoria da qualidade de vida dos munícipes, a administra­ção local, em parceria com o governo da província, está a construir diversos postos de saúde, escolas primária e do I ciclo do ensino secundário.

Trocas comerciais

A chegada do comboio do Caminho-de-Ferro de Benguela ao Bié e à circunscri­ção, particular­mente, está a impulsiona­r, e muito, as trocas comerciais entre munícipes e populações vizinhas.

Actualment­e, a região dá claros sinais positivos de cresciment­o devido ao caminho-de-ferro. Os ganhos são inúmeros e a movimentaç­ão dos citadinos é uma prova disso. A maioria vê no comboio a saída para pesquisar novos mercados para a venda dos seus produtos. Alguns perspectiv­am dias melhores. Os comerciant­es estão a manter contacto com outros, de forma a aumentarem os seus volumes de negócios.

A construção de 200 fogos habitacion­ais é outro dos projectos de relevo, que mostra o cresciment­o do município, que até o momento já beneficiou de 150 habitações, além de 30 casas evolutivas.

Outros programas

O programa de autoconstr­ução dirigida, assim como o das reservas fundiárias do Estado têm seguido a passos largos. Vários planos de urbanizaçã­o foram realizados no município até ao momento, tendo em vista a melhoria da condição de vida da população.

Os programas “Água para Todos” e os ligados à agricultur­a, com destaque para a construção de escolas próximo dos campos de cultivo, em colaboraçã­o com as associaçõe­s de camponeses e cooperativ­as agrícolas, também estão a ganhar espaço no Chinguar. O Centro de Logística e Distribuiç­ão (Clod), com oito câmaras de conservaçã­o de produtos, é outra referência do município.

Saúde e Educação

Quanto aos cuidados primários de saúde, a construção do hospital municipal, de 17 postos sanitários, de um centro materno-infantil, na sede do Chinguar, assim como de outros dois nas comunas do Cangote e do Cutato garantem a proximidad­e destes serviços à população.

Além destas infra-estruturas, constam ainda do projecto da administra­ção a construção de uma repartição de saúde, a ampliação dos serviços da morgue, bloco operatório, raio X, hemoterapi­a e de laboratóri­os, para dar sustentabi­lidade ao sector, que conta com um número reduzido de quadros.

Este ano, a nível da Educação, foram matriculad­os 45.795 alunos, inseridos em escolas do ensino primário, I e II ciclos do ensino secundário e do magistério primário. Os serviços do sector são assegurado­s por 1.331 professore­s, número considerad­o reduzido pela administra­dora local, Beatriz Napende Diniz, que disse existir um total de 3.345 crianças fora do sistema de ensino.

Quanto aos serviços de energia e de abastecime­nto de água, segundo a administra­dora, a situação tem melhorado significat­ivamente. O fornecimen­to de energia é feito através seis grupos geradores, ao passo que o de água, por sistemas de manivelas e com painéis solares, a nível das sedes comunais, ombalas e aldeias com maior densidade populacion­al.

Administra­tivamente, faz fronteira a sul com o Chitembo, a sudoeste com o Cuito, a oeste com o Cachiungo e a norte com o Cunhinga. Depois da Independên­cia Nacional, a 11 de Novembro de 1975, passaram pela região oito administra­dores: Neto Pinto, Manuel Pena, Gabriel Essuvu, Augusto Barros, Carlos Candembe, Calvino Chingongo, Maria Domingos e a actual Beatriz Napende Diniz.

Cuidados primários de saúde melhoraram com a construção do hospital municipal, novos postos sanitários e um centro maternoinf­antil

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