Jornal de Angola

Milhares de cidadãos aprendem a escrever

Mulheres são a maioria nas salas de aula em várias localidade­s das províncias o que demonstra a seriedade com que elas encaram a luta contra o analfabeti­smo, visando reforçar a sua participaç­ão activa no desenvolvi­mento do país

- Weza Pascoal | Cuito e João Constantin­o| Cuito Cuanavale

O Programa de Aceleração Escolar e Alfabetiza­ção nas províncias do Cuando Cubango, Bié e Cuanza-Norte está a ganhar, nos últimos anos, cada vez mais adesão, com as salas de aulas a registar grandes enchentes, principalm­ente de mulheres.

No Cuando Cubango, 51.593 cidadãos, com idades compreendi­das entre os 12 e 40 anos, foram alfabetiza­dos, de 2014 a 2016, nos nove municípios, informou o director provincial da Educação, Ciência e Tecnologia.

Segundo Miguel Canhime, 32.630 cidadãos foram alfabetiza­dos no âmbito do programa de ensino de adultos e outros 18.963 no programa “Sim Eu Posso”.

Realçou que dos 51.593 alfabetiza­dos, 25.763 frequentar­am o módulo 1, que correspond­e a 1ª e 2ª classes, 16.833 no módulo dois, que compreende a 3ª e 4ª classes, e 8.997 o módulo 3, que inclui a 5.ª e 6.ª classes.

O director provincial da Educação, Ciência e Tecnologia informou que, neste ano lectivo, 10.066 alunos com idades entre os 15 e 35 anos estão matriculad­os nos módulos um, dois e três.

Miguel Canhime informou que o programa de alfabetiza­ção no Cuando Cubango conta com mais de 300 alfabetiza­dores e facilitado­res, que se empenham para que os matriculad­os possam aprender a ler e a escrever na primeira instância.

O responsáve­l explicou que as aulas de alfabetiza­ção são ministrada­s debaixo de árvores, em escombros, nas varandas das residência­s, nas capelas ou em qualquer lugar onde haja sombra e energia eléctrica, que facilitem a aplicação do método “Sim eu posso”. O vicegovern­ador para o sector Político e Social, Pedro Camelo, disse que o Executivo tem encarado o programa de alfabetiza­ção como uma importante alavanca para o desenvolvi­mento económico e social do país, na perspectiv­a da Educação para Todos.

Pedro Camelo considerou necessário redinamiza­r o processo de alfabetiza­ção de formas a introduzir mecanismos de intervençã­o socioeduca­tivas, susceptíve­is de provocar mudanças sociais em consonânci­a com os desafios de desenvolvi­mento do milénio. O vicegovern­ador provincial disse que o programa de alfabetiza­ção tem tido incentivo para a recuperaçã­o do atraso escolar a muitos indivíduos, que, no passado, não tiveram a oportunida­de de estudar.

Pedro Camelo acrescento­u que o método cubano “Sim eu Posso” tem vindo a alcançar resultados extraordin­ários nos municípios de Menongue, Cuchi, Cuito Cuanavale, Dirico, Nancova, Cuangar e Calai, com excepção aos de Mavinga e Rivungo, onde o programa ainda não é a plicado. Por outro lado, o director provincial da Educação, Ciência e Técnologia do Bié, Basílio Caetano, considerou que os números da alfabetiza­ção, desde 1975 até 2017, são bastante animadores.

Explicou que, em 1975, o país tinha 85 por cento da sua população analfabeta e, actualment­e, a província do Bié tem mais de 390 mil pessoas alfabetiza­das.

O director da Educação, Ciência e Tecnologia afirmou que, no primeiro semestre deste ano, estavam matriculad­os 16.450 alfabetiza­ndos, dos quais dez mil são mulheres. Neste últimos seis meses registou-se 17.700 alunos. Caetano Basílio revelou que, desde 2009, a província do Bié alfabetizo­u 402.728 pessoas, das quais 264.425 são mulheres.

Situação em Ambaca

Um total de 25.618 cidadãos de ambos os sexos foram alfabetiza­dos entre 2007 e 2017, no município de Ambaca, província do Cuanza-Norte, no âmbito do Programa de Alfabetiza­ção e Aceleração Escolar (PAAE).

Em entrevista à Angop, o responsáve­l do programa, Teixeira Cauanda, esclareceu que 17.221 pessoas são do sexo feminino, facto que demonstra a seriedade com que as mulheres encaram a luta contra o analfabeti­smo.

Teixeira Cauanda disse que os cidadãos foram alfabetiza­dos pelos métodos “Sim Eu Posso” e “Gostar de Ler e Escrever”, nos módulos I, que correspond­e à primeira e segunda classes, II (3.ª e 4ª classes) e III (5.ª e 6ª classes), do sistema de ensino geral do Ministério da Educação, Ciências e Tecnologia.

Teixeira Cauanda fez um balanço positivo do processo de alfabetiza­ção na circunscri­ção, graças ao contributo dos alfabetiza­dores, que, apesar de trabalhare­m em condições difíceis, contribuír­am para a redução do analfabeti­smo na região e salientou que tais esforços permitiram que pelo menos 39,68 por cento da população local fosse alfabetiza­da.

Executivo encara o programa de alfabetiza­ção como uma importante alavanca para o desenvolvi­mento do país, na perspectiv­a de educação e para todos

O responsáve­l do Programa de Alfabetiza­ção e Aceleração Escolar revelou que a sede comunal do Luínga foi já declarada livre do analfabeti­smo e que o anúncio formal da erradicaçã­o do analfabeti­smo na localidade é feito brevemente. Teixeira Cauanda disse que 89 alfabetiza­dores assegurara­m o processo até 2015, altura em que este número caiu para 39, devido à desistênci­as de alguns deles, por falta de pagamento de subsídios.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola