Mármore é transformado na província da Huila
Além de gerar receitas, a transformação de rochas ornamentais é uma mais-valia para o sector da Construção. As grandes obras têm à partida um fornecedor garantido, sem necessidade de divisas
A transformação das rochas ornamentais em produto acabado no país, uma acção inserida no programa do Executivo de diversificação a economia, tem, doravante, o contributo da primeira fábrica de mármore, instalada no município da Humpata, província da Huíla.
O Executivo angolano deseja o aumento gradual da capacidade de produção, do consumo interno, do incremento das exportações e a valorização do produto final, mediante o investimento na base tecnológica de produção e comercialização. A fábrica da Humpata responde a esse desafio.
Vocacionada para a transformação de granito negro em mármore, a fábrica do consórcio Edson Yuan Mármore produz chapas polidas, não polidas, mosaicos, parquet, bancadas, escadas, soleiras, janelas, portas, campas, mesas de lazer, secretárias, bancos, mesas de chá e lancis. A timbragem de diversos tipos de imagens e escrita na pedra são outras das actividades que a fábrica efectua no seu dia-a-dia.
Apesar de ser um investimento privado, a fábrica encaixa-se na estratégia do Executivo de criar valor acrescentado aos recursos que abundam no subsolo angolano, de modo a evitar a exportação em forma de matéria-prima.
Esta é uma razão pela qual a fábrica está inserida no programa do Executivo, que visa assegurar uma oferta nacional básica, que garanta uma produção significativa e reduzir de forma substancial as importações destes bens.
O investimento na instalação de uma fábrica de transformação de granito, na actual fase, contribui para a robustez do Orçamento Geral do Estado (OGE), através do pagamento de impostos e prestação de serviços. A indústria de mármore apresenta uma variada linha de produção que inclui, além dos materiais utilizados na construção civil, outros que são empregados em diversas actividades produtivas.
Trata-se de um posto intermédio na cadeia de valor do mármore que é explorado e transportado em blocos a partir de outras empresas nos municípios da Chibia e Gambos, a 45 e 150 quilómetros a Sul da cidade do Lubango. A exploração de mármore na Humpata permitiu criar 70 empregos directos a jovens.
Cruz da Silva, responsável pela área comercial, realça a qualidade do produto, comparando-o ao melhor que existe no Mundo. A notoriedade é conseguida com a conjugação do ‘design’ do produto e a qualidade da pedra natural explorada pelas empresas Angostone e Cariango.
O mármore e o granito que antes saíam do Caraculo, Namibe, Benguela e Huíla para mercados no exterior em forma de matéria-prima, são hoje encaminhados para transformação na Humpata, de onde saem placas decorativas em tons negros, esmeralda, rosa, branco, cinzento escuro e claro, vermelho e castanho.
Complexo industrial
No perímetro da fábrica foram instalados o escritório, armazéns e área logística, resultantes de um investimento total de 6 milhões de dólares norte-americanos.
O grupo empresarial temse adaptado aos novos tempos, antecipando o futuro, com inovação nos métodos e produtos. Assim, posiciona-se no mercado nacional de forma a responder às exigências do sector e do Executivo, na apostar em factores de competitividade e valor acrescentado no mercado da construção civil.
A fábrica tem capacidade de cortar 300 metros cúbicos de blocos, o que corresponde a mais de 10 mil metros cúbicos de placas por mês, mas pode transformar mais, em função das solicitações.
Segundo Cruz da Silva, para o sucesso da sua actividade, a fábrica instalada numa zona rural dispõe das mais avançadas tecnologias do sector da transformação das pedras ornamentais, o que lhe permite executar os mais complexos trabalhos de forma precisa e competitiva. Apesar de ser relativamente nova no mercado, a Edson Yuan Mármore é já uma referência nacional e internacional na industrialização e comercialização de mármores e compra de granito.
A exploração está na fase inicial e em função da novidade no mercado os preços estão em promoção no caso das campas, escadas, mesas, mosaicos e soleiras, entre outros. Cruz da Silva considera os preços imbatíveis, tendo em conta o que se verifica noutros mercados.
Emprego no meio rural
A instalação da fábrica de transformação da matériaprima nacional em produto acabado no município da Humpata permitiu a criação de 70 empregos directos para jovens angolanos. Na folha de salários constam apenas os nomes de três estrangeiros. Muitos jovens que trabalham na fábrica são oriundos dos municípios da Chibia, Caluquembe, Matala, Cacula e Quilengues, mas a maioria nasceu no município da Humpata, havendo outros oriundos das províncias de Benguela e Cuanza Sul.
Nelson é oriundo da Canjala, município do Lobito. Para ele, a entrada em funcionamento da empresa foi uma oportunidade de obter emprego e, assim, sustentar a família. Outro trabalhador, José Xavier, é natural do bairro Tamana, arredores da sede municipal da Humpata. A implantação da fábrica na sua terra natal, disse, beneficiou as condições de vida locais, além de diversificar a economia.
Carlitos Domingos, natural do município da Humpata, utiliza os conhecimentos adquiridos em sessões formativas na empresa para construir lajes funerárias.
Outro jovem que ganhou emprego na fábrica da Humpata é José Bento.
Natural da Missão Católica do Tchivinguiro, o técnico de máquina polidora confessa que no princípio foi difícil aprender o ofício, mas com o tempo e depois das acções formativas de que
O investimento na instalação de uma fábrica de transformação de granito, na actual fase, contribui para a robustez do Orçamento Geral do Estado
beneficiou na fábrica, consegue fazer com perfeição o trabalho.
“Trabalhar com técnicos chineses é salutar, porque aprende-se muito. Se tiver uma cabeça dura, eles motivam o trabalhador, o que é positivo”, afirmou.
Por sua vez, António Ferreira, natural do município da Gambela, província do Cuanza Sul, tem a missão de acolher os jovens trabalhadores de outras províncias e fornecer as condições adequadas. Além do salário auferido, os trabalhadores recebem três refeições diárias e desfrutam de alojamento. Benefícios para o município A administradora municipal, Paula Nassone, fala com regozijo sobre os benefícios da fábrica de transformação de granito e mármore na Humpata. Segundo ela, existem na região condições para o surgimento de novas actividades económicas no município. Paula Nassone define a Humpata como uma região próspera, com destaque para a pecuária e agricultura, com realce para a produção de fruta, em especial maçã e pêra. Por isso, considera que a indústria transformadora tem um grande potencial de investimento económico.
Um dos exemplos citados pela administradora municipal é a instalação da fábrica de mármores e de granito. “A partir da Humpata também já é possível produzir mosaico e outros materiais essenciais para a construção civil”, apontou a administradora, que coloca entre os principais beneficiários do investimento o próprio Estado, que vê reduzido, em parte, a factura dos programas de auto-construção dirigida e do fomento habitacional. Duas fábricas O consórcio Edson Yuan Mármores anunciou também o investimento em duas fábricas, uma de blocos e outra de plástico, que entram em actividade, segundo o gestor comercial, dentro de alguns meses.
As duas unidades fabris vão gerar 200 postos de trabalho directos. “Os processos de implantação das fábricas de blocos e de plásticos estão bem avançados”, garantiu Cruz da Silva.
A iniciativa privada tem ainda a contribuição do Estado no papel de coordenação e regulação, através da criação de um quadro favorável à sua operação nos diversos sectores.
Administradora destaca a existência na região de condições para o surgimento de novas actividades económicas no município