Actores pedem maior atenção do Executivo
“Há Teatro no Camões” proporcionou na quarta-feira, em Luanda, um debate à volta do actual momento artes
Uma maior atenção do Executivo às artes cénicas no sentido de promover-se o teatro em todo o território nacional e a construção de salas apropriadas para a exibição de espectáculos dramáticos é uma das preocupações dos actores e encenadores angolanos.
A preocupação foi manifestada na quarta-feira, no Centro Cultural Português, em Luanda, durante mais uma edição do projecto “Há Teatro no Camões”, que analisou o estado actual das artes dramáticas que contou com a participação do director nacional dos Direitos de Autor e Conexos, do Ministério da Cultura, Barros Licença, Arnaldo Neto (produtor e empresário), José Francisco (produtor e jurista) e Valdano Luquizaia (produtor).
No debate sobre o tema “A industrialização do teatro”, Barros Licença disse que o teatro, tal como as outras actividades culturais, exigem talento e criatividade do indivíduo, pois enquadra-se naquilo que inicialmente se denominou na década de 80 de indústrias culturais e que, há cerca de 20, passou a indústrias criativas.
As indústrias criativas, explicou o director nacional dos Direitos de Autor e Conexos, são susceptíveis de gerar material protegido, que, no âmbito da gestão da propriedade intelectual proporciona rendimento e riqueza para todos os autores que estejam inseridos nesta dinâmica.
O responsável do Ministério da Cultura frisou que se deve entender por indústria não só de transformação de matérias-primas, mas também de prestação de serviço, porque “o teatro é uma representação no palco em acção, uma actividade susceptível de gerar produtos e vários serviços. E esses trabalhos é que são o passivo de apropriação e protegidos no sistema de propriedade intelectual.”
Barros Licença deu a conhecer que, em países como Dinamarca, Reino Unido e Nova Zelândia, as indústrias criativas respondem por oito por cento de geração de postos de trabalho, tendo acrescentado que, em tempo idos, em Angola se consumia muito a música antilhana, mas hoje a realidade é diferente por estar a consumir-se mais a canção cabo-verdiana, devido à qualidade e à evolução musical dos cabo-verdianos por acreditarem nos seus talentos musicais.
De acordo com Barros Licença, o grande problema de Angola é estrutural, razão pela qual, para colmatar esse défice, os grupos devem persistir nos trabalhos que vão desenvolver, apresentando obras com qualidade, capazes de atrair o público às salas de espectáculo, a fim de mostrar que o teatro pode dar receitas financeiras ao Estado.
Para o produtor Valdano Luquizaia, no país, não existe industrialização do teatro por não ter um mecanismo que defende a industrialização dessa arte, e as empresas não investem, alegadamente, porque não têm retorno do investimento feito.
Apesar de haver pouca aposta nas artes cénicas, José Francisco reconheceu a qualidade do objecto artístico que determina a industrialização de qualquer área das artes.
O empresário Armando Neto disse que o país pode ter mil salas de espectáculo, mas se os fazedores do teatro não tiverem qualidade, as suas obras não vão atrair o público e nem Executivo vai estar interessado em apostar nas artes cénicas.
“O teatro é uma representação no palco susceptível de gerar produtos e vários serviços. E esses trabalhos é que são o passivo de apropriação e protegidos no sistema de propriedade intelectual”