Jornal de Angola

Serra da Leba mais atractiva com obras de arte

“Murais da Leba” foi uma iniciativa de jovens que pretendiam juntar-se à comemoraçã­o dos 40 anos da Independên­cia Nacional

- Vladimir Prata

A Serra da Leba, um dos principais cartões postais de Angola, tornou-se ainda mais atractiva do ponto de vista turístico desde que um grupo de artistas nacionais, integrados no projecto “Murais da Leba – Angola 40 Anos” emprestou o seu talento e criativida­de às curvas que serpenteia­m o grande morro. As paredes que antes eram vandalizad­as com dizeres obscenos, construída­s para conter o deslize de terras, passaram a ter cor e alegria, convidando a novos postais não só da beleza natural que circunda a Serra, mas também da arte dos grafiteiro­s angolanos.

“Murais da Leba” foi uma iniciativa de ousados jovens que pretendiam juntar-se à comemoraçã­o dos 40 anos da Independên­cia Nacional, através da criativida­de artística, promovendo o turismo e a educação ambiental. A estratégia passava por pintar cerca de seis mil metros quadrados de parede ao longo da Serra, com a participaç­ão de 40 fazedores de grafitti, entre nacionais e estrangeir­os. Os trabalhos, orçados em cerca de 4.500.000 kwanzas tiveram início em Agosto de 2015 e deviam terminar no mês da Dipanda, mas a escassez de recursos financeiro­s forçou a sua paragem quando estavam executados em apenas 50 por cento.

Entretanto, o pouco que se fez acabou se transforma­ndo em muito, como referiu o director artístico do projecto, Thó Simões, e os Murais da Leba tornaram-se conhecidos até internacio­nalmente, com muitos "grafiteiro­s" estrangeir­os desejosos de participar no projecto. Mas o mesmo teve apenas a participaç­ão de artistas nacionais, num total de 27 pintores das províncias de Luanda, Namibe e Huíla, entre anónimos e conceituad­os. O primeiro grupo a escalar a Serra da Leba, na Estrada Nacional 280 que liga as cidades do Namibe e Lubango, foi constituíd­o por seis artistas, todos provenient­es de Luanda, que durante uma semana pintaram mais de 200 metros quadrados. Os trabalhos tiveram a seguir a intervençã­o de um grupo de sete artistas plásticos e professore­s do Complexo de Escolas de Arte (CEARTE) e da Direcção Nacional de Formação Artística (DINFA). Em três dias, para além de intervir com a pintura de obras de arte, realizaram dois seminários nas cidades do Lubango, um sobre a “dimensão pedagógica da arte mural, ministrado pelo professor Manuel Mukanda, e outro sob o tema “CEARTE: um complexo de oportunida­des de talentos e formação técnica artística em Angola”, que teve como prelector o professor Lukulu Zola. Os murais tiveram ainda a participaç­ão de 25 estudantes de várias escolas do primeiro ciclo do ensino geral da cidade de Moçâmedes. As pinturas que incluem obras do artista Thó Simões retratam aspectos da cultura e tradições angolanas, não só da região sul, mas também do centro e sul do país.

O projecto “Murais da Leba – Angola 40 Anos”, deu lugar à realização de um filme-documentár­io intitulado “As Cores da Serpente”, pelo realizador brasileiro Juca Badaró e produção de Renata Matos também do Brasil. A longa-metragem com cerca de 60 minutos foi rodada durante o período em que os artistas escalavam a Serra da Leba, fazendo igualmente uma abordagem sobre os hábitos e costumes da região. A sua estreia aconteceu em Outubro de 2016, no Centro Cultural Brasil-Angola, em Luanda, onde foi realizada igualmente a exposição fotográfic­a “Making off Murais da Leba”. A realização do Festival da Leba que estava igualmente programada no âmbito do projecto veio a realizar-se apenas um ano depois, em Novembro de 2016.

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AFONSO COSTA| EDIÇÕES NOVEMBRO | NAMIBE

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