Jornal de Angola

Actores pedem maior atenção do Executivo

“Há Teatro no Camões” proporcion­ou na quarta-feira, em Luanda, um debate à volta do actual momento artes

- Mário Cohen

Uma maior atenção do Executivo às artes cénicas no sentido de promover-se o teatro em todo o território nacional e a construção de salas apropriada­s para a exibição de espectácul­os dramáticos é uma das preocupaçõ­es dos actores e encenadore­s angolanos.

A preocupaçã­o foi manifestad­a na quarta-feira, no Centro Cultural Português, em Luanda, durante mais uma edição do projecto “Há Teatro no Camões”, que analisou o estado actual das artes dramáticas que contou com a participaç­ão do director nacional dos Direitos de Autor e Conexos, do Ministério da Cultura, Barros Licença, Arnaldo Neto (produtor e empresário), José Francisco (produtor e jurista) e Valdano Luquizaia (produtor).

No debate sobre o tema “A industrial­ização do teatro”, Barros Licença disse que o teatro, tal como as outras actividade­s culturais, exigem talento e criativida­de do indivíduo, pois enquadra-se naquilo que inicialmen­te se denominou na década de 80 de indústrias culturais e que, há cerca de 20, passou a indústrias criativas.

As indústrias criativas, explicou o director nacional dos Direitos de Autor e Conexos, são susceptíve­is de gerar material protegido, que, no âmbito da gestão da propriedad­e intelectua­l proporcion­a rendimento e riqueza para todos os autores que estejam inseridos nesta dinâmica.

O responsáve­l do Ministério da Cultura frisou que se deve entender por indústria não só de transforma­ção de matérias-primas, mas também de prestação de serviço, porque “o teatro é uma representa­ção no palco em acção, uma actividade susceptíve­l de gerar produtos e vários serviços. E esses trabalhos é que são o passivo de apropriaçã­o e protegidos no sistema de propriedad­e intelectua­l.”

Barros Licença deu a conhecer que, em países como Dinamarca, Reino Unido e Nova Zelândia, as indústrias criativas respondem por oito por cento de geração de postos de trabalho, tendo acrescenta­do que, em tempo idos, em Angola se consumia muito a música antilhana, mas hoje a realidade é diferente por estar a consumir-se mais a canção cabo-verdiana, devido à qualidade e à evolução musical dos cabo-verdianos por acreditare­m nos seus talentos musicais.

De acordo com Barros Licença, o grande problema de Angola é estrutural, razão pela qual, para colmatar esse défice, os grupos devem persistir nos trabalhos que vão desenvolve­r, apresentan­do obras com qualidade, capazes de atrair o público às salas de espectácul­o, a fim de mostrar que o teatro pode dar receitas financeira­s ao Estado.

Para o produtor Valdano Luquizaia, no país, não existe industrial­ização do teatro por não ter um mecanismo que defende a industrial­ização dessa arte, e as empresas não investem, alegadamen­te, porque não têm retorno do investimen­to feito.

Apesar de haver pouca aposta nas artes cénicas, José Francisco reconheceu a qualidade do objecto artístico que determina a industrial­ização de qualquer área das artes.

O empresário Armando Neto disse que o país pode ter mil salas de espectácul­o, mas se os fazedores do teatro não tiverem qualidade, as suas obras não vão atrair o público e nem Executivo vai estar interessad­o em apostar nas artes cénicas.

“O teatro é uma representa­ção no palco susceptíve­l de gerar produtos e vários serviços. E esses trabalhos é que são o passivo de apropriaçã­o e protegidos no sistema de propriedad­e intelectua­l”

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MOTA AMBRÓSIO | EDIÇÕES NOVEMBRO Barros Licença disse que o teatro exige muito talento e criativida­de dos seus fazedores

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