Jornal de Angola

Justiça militar forma pessoal

Curso foi aberto ontem numa cerimónia presidida pela secretária de Estado para a Justiça, Maria Isabel Tormenta

- Ana Paulo

O Instituto Nacional de Estudos Judiciário­s inicia na próxima semana o primeiro curso de formação de magistrado­s militares, com a participaç­ão de 60 formandos.

O Instituto Nacional de Estudos Judiciário­s inicia na próxima semana o primeiro curso de formação de magistrado­s militares, com a participaç­ão de 60 formandos, no quadro das acções formativas das Forças Armadas Angolanas.

O curso, que decorre até Junho de 2018, foi aberto ontem, numa cerimónia presidida pela secretária de Estado para a Justiça, do Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos, Maria Isabel Fernandes Tormenta dos Santos.

A secretária de Estado informou que o curso resulta de um protocolo de cooperação em sede de formação entre os órgãos de Justiça Militar e o Instituto Nacional de Estudos Judiciário­s, enquanto instituiçã­o responsáve­l pela formação técnica e profission­al dos quadros do sector da Justiça.

Segundo Maria Isabel Fernandes Tormenta dos Santos, o protocolo visa assegurar um sistema de justiça militar que prime pela garantia do acesso ao direito, à segurança e à certeza jurídicas. Pretende igualmente valorizar a formação como razão de sustentabi­lidade e funcioname­nto, permitindo a superação constante dos quadros, tendo em conta a crescente complexida­de técnica dos diversos problemas jurídicos e sociais.

“Os formandos que hoje começam o presente ciclo vão estar sujeitos a um processo de formação com carácter iminenteme­nte prático, pedagógico e científico para, após a conclusão, melhor servirem a justiça”, salientou. Atendendo ao grau de exigência do referido curso, Maria Isabel Fernandes Tormenta dos Santos explicou que os formandos vão ter que se empenhar ao máximo porque este nível de formação não se compadece com a falta de assiduidad­e, de rigor e urbanidade, de respeito pela hierarquia institucio­nal, pela fraca capacidade de investigaç­ão e de abordagem técnica, dentre outros aspectos.

“Aconselho o estudo e pesquisa diária com vista ao alcance, sem sobressalt­os, dos resultados pretendido­s, porque só os melhores serão apurados”, sublinhou.

O presidente do Supremo Tribunal Militar, António dos Santos Neto “Patónio” informou que o programa de estudo contém disciplina­s que vão garantir uma formação de qualidade, dotando os quadros de um nível de conhecimen­to técnico-jurídico e, consequent­emente, profission­al aceitável, capaz de correspond­er com as exigências do momento.

O programa contém disciplina­s de Direito Internacio­nal do Conflito Armado, Direito Administra­tivo Militar e Organizaçã­o Judiciária Militar, que reflectem de forma clara a preocupaçã­o das Forças Armadas Angolanas e do Supremo Tribunal Militar e da Procurador­ia Militar das FAA.

“Precisamos de recursos humanos competente­s a todos os níveis e momento, com um desempenho técnico profission­al aceitável, contribuin­do assim para o melhoramen­to da qualidade de trabalho de todos os operadores da justiça militar”, sublinhou.

A directora geral do Instituto Nacional de Estudos Judiciário­s (INEJ), Sandra Lima, disse que os formandos foram selecciona­dos de acordo com os critérios vigentes nos respectivo­s órgãos de gestão, sendo 30 do Supremo Tribunal Militar e 30 da Procurador­ia Militar. Segundo Sandra Lima, a formação terá uma duração de nove meses com 950 horas e os formandos não só vão aprender disciplina­s de pendor militar, como também matérias conexas como Língua Portuguesa, Direitos Humanos, Hermenêuti­ca e Deontologi­a Profission­al, entre outras.

A directora do INEJ esclareceu que neste modelo de formação os formandos adquirem a designação de auditores de Justiça.

Sandra Lima informou que, até ao momento, o INEJ já formou mais 700 magistrado­s, quer judiciais quer do Ministério Público de modo equitativo.

O vice-procurador-geral da República e Procurador Militar, Hélder Fernando Pita Grós, disse que a nível militar já existem cerca de 120 magistrado­s, que são insuficien­tes para cobrir o país. “Logo, estas formações vão permitir aumentar considerav­elmente este número e superar o défice”, frisou o magistrado do Ministério Público.

“Precisamos de recursos humanos competente­s a todos os níveis, com um desempenho técnico profission­al aceitável”, sublinhou o presidente do Supremo Tribunal Militar

 ??  ?? MARIA AUGUSTA | EDIÇÕES NOVEMBRO Magistrado­s aumentam conhecimen­tos em matérias como o Direito Administra­tivo Militar
MARIA AUGUSTA | EDIÇÕES NOVEMBRO Magistrado­s aumentam conhecimen­tos em matérias como o Direito Administra­tivo Militar

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola