Desaire já era anunciado na escolha do treinador
A Selecção Nacional sénior masculina de basquetebol ficou arredada das meias-finais do Afrobasket 34 anos depois
O percurso dourado granjeado pela Selecção Nacional sénior masculina de basquetebol, por África e pelo Mundo, à custa da conquista de 11 medalhas de ouro, nunca tinha consentido tamanho revés nas últimas 17 edições do Afrobasket.
34 anos depois de marcar a primeira presença no pódio, alteando a medalha de prata, em 1983, Angola ficou arredada da disputa das meiasfinais, ao perder por 57-66, ante o Senegal nos quartosde-final do Campeonato Africano das Nações, cuja final é jogada hoje, na cidade de Tunis, Tunísia.
Manuel Silva “Gi” não pode ser o único, nem o principal responsável pelo descalabro, embora chame a si o “ónus da culpa.”
A anunciada derrocada deu-se a 29 de Maio deste ano, quando o elenco federativo presidido por Hélder Martins da Cruz “Maneda” apresentou Gi, técnico campeão africano Sub-16 (título inédito) e 18 masculino (28 anos depois).
Cortês e sempre disponível a falar para a comunicação social, Gi, cujos feitos acima descritos são reveladores da sua qualidade e competência, carecia de uma chancela interna: ter dirigido no mínimo um dos colossos do basquetebol nacional.
Este foi quase sempre um dos critérios utilizados pelos anteriores presidentes da Federação Angolana de Basquetebol (FAB). Todos os treinadores que se sagraram campeões com o “cinco” nacional” fizeram-no antes internamente, casos de Victorino Cunha (3 Afrobasket), Mário Palma (4), Luís Magalhães (1) e Paulo Macedo (1), pelo 1º de Agosto, Wlademiro Romero (1) e Alberto de Carvalho “Ginguba”, ambos pelo Petro de Luanda.
Michel Gomez, francês, contratado na era de Gustavo da Conceição na presidência da FAB, Moncho, por Paulo Madeira, e agora Manuel Silva, por Maneda, não conseguiram inscrever os respectivos nomes na restrita lista de treinadores campeões, registada nos anais da bola ao cesto angolana, da FIBA-África e Mundo.
A campanha no Torneio Zonal, em Março, qualificativo para o Afrobasket, onde jogou frente as similares da África do Sul e da Zâmbia, já sob a orientação de Gi, terá precipitado a sua nomeação. Os resultados avolumados e o eventual aval positivo, ainda que não assumido publicamente, dado por alguns “pesos” pesados da equipa, terão influenciado Hélder e o seu elenco a apostarem na permanência do técnico.
De culpa em culpa, ao técnico, pode ser ainda imputada a responsabilidade de, regressada da China, onde estagiou e “supostamente” disputou 9 jogos de controlo de elevado grau de dificuldade, diante das suas similares da China (2), Nova Zelândia (2) e Lituânia (2), e outros com equipas da primeira divisão daquele campeonato, a Selecção Nacional ter ficado mais de 15 dias sem realizar uma única partida e ainda ter dito que: “uns defendem que é bom estar em actividade até próximo da estreia, mas eu defendo que não.”
O discurso pode ter sido para desresponsabilizar a direcção da FAB, que lhe havia prometido a realização de um torneio internacional em Luanda, falhado alegadamente por indisponibilidade das equipas convidadas. Orientar jogadores “egocentristas” não é a mesma coisa, que dirigir cadetes e juniores. A estes terá fortuitamente faltado a recomendada aceitação no seu próprio meio, extensiva ao treinador. Pois em presença de treinadores estrangeiros o discurso, a abordagem nos jogos e o comportamento, para além da entrega, foram vezes sem conta diferentes e notórios aos olhos dos menos abstractos. As sucessivas gereções de campeões africanos, esmeraram-se e souberam sem questionamentos, e com humildade , aceitar as orientações vindas de Victorino, Palma, Romero e outros. Desgarrada e sem a alma de campeão, a nova gesta deu um mau presságio à Nação ainda na fase preliminar.
Cortês e sempre disponível para a comunicação social, Gi, cujos feitos são reveladores da sua qualidade e competência, carecia de uma chancela interna: ter orientado um dos colossos