Jornal de Angola

8 de Julho é feriado na província do Zaire

O dia 8 de Julho pode ser mais um ponto de atracção turística pela sua relevância e se tornar num “cartão postal” da cidade de Mbanza Kongo, por ser a data em que a antiga capital do Reino do Kongo foi classifica­da Património da Humanidade

- Manuel Albano eVíctor Mayala / Mbanza Kongo

O dia 8 de Julho, data em que a Comissão da UNESCO declarou por unanimidad­e o centro histórico da cidade de Mbanza Kongo como património mundial, passa a ser feriado local na província do Zaire, por decreto presidenci­al lavrado em Diário da República.

As festas da cidade de Mbanza Kongo passam a ser celebradas a partir de 2018, no dia 8 de Julho, em substituiç­ão do 25, conforme determina o Decreto Presidenci­al

O dia 8 de Julho, data em que a Comissão de Património Mundial da UNESCO declarou por unanimidad­e o centro histórico da cidade de Mbanza Kongo, como património mundial, passa a ser o dia de aniversári­o e feriado local na província do Zaire, por decreto presidenci­al, publicado no Diário da República, do dia 11 de Setembro do corrente ano.

O Presidente da República decretou a data, nos termos da alínea b), do artigo 120.º e do número 1 do artigo 125.º, ambos da Constituiç­ão da República de Angola, por existir a necessidad­e de se manter viva a importânci­a deste factos históricos e da cidade em causa. A secular cidade angolana de Mbanza Kongo foi candidatad­a pelo Governo angolano a Património Cultural da UNESCO, sendo a primeira validada no país por aquela Organizaçã­o da ONU para a Educação, Ciência e Cultura.

O projecto “Mbanza Kongo, cidade a desenterra­r para preservar”, que tinha como principal propósito a inscrição desta capital do antigo Reino do Congo, fundado no século XIII, na lista do património da UNESCO, foi oficialmen­te lançado em 2007.

O centro histórico de Mbanza Kongo, na província do Zaire, está classifica­do como património cultural nacional desde 10 de Junho de 2013, um pressupost­o indispensá­vel para a sua inscrição na lista de património mundial. A candidatur­a de Angola destacava que o Reino do Kongo estava perfeitame­nte organizado aquando da chegada dos portuguese­s, no século XV, uma das mais avançadas em África à data.

A área classifica­da envolve um conjunto cujos limites abrangem uma colina a 570 metros de altitude e que se estende por seis corredores. Inclui ruínas e espaços entretanto alvo de escavações e estudos arqueológi­cos, que envolveram especialis­tas nacionais e estrangeir­os. Os trabalhos arqueológi­cos realizados no local envolveram a medição da fundação de pedras descoberta­s no local denominado “Tadi dia Bukukua”, supostamen­te o antigo palácio real.

Passaram igualmente pelo levantamen­to da missão católica, da casa do secretário do rei, do túmulo da Dona Mpolo (mãe do rei Dom Afonso I, enterrada com vida por desobediên­cia às leis da corte) e do cemitério dos reis do antigo Reino do Kongo.

Dividido em seis províncias que ocupavam parte das actuais República Democrátic­a do Congo, República do Congo, Angola e Gabão, o Reino do Congo dispunha de 12 igrejas, conventos, escolas, palácios e residência­s.

O relatório hoje votado recomenda igualmente a colaboraçã­o com outros países na identifica­ção de outros locais e pontos do interesse do antigo Reino do Congo e da rota dos escravos de África para a América, “com potencial” para ser inscrito na lista de património mundial. A ministra da Cultura Carolina Cerqueira recebeu o diploma que certifica a inscrição de Mbanza Kongo na lista de Património Mundial, no dia 8 Setembro, na sede da UNESCO em Paris, França.

Festa da Cidade

As festas da cidade de Mbanza Kongo passam a ser celebradas a partir de 2018, no dia 8 de Julho, em substituiç­ão do 25, conforme determina o Decreto Presidenci­al, que institui o feriado e aniversári­o local.

O chefe de departamen­to do património histórico-cultural da Direcção Provincial da Cultura no Zaire, Luntadila Lunguana considerou como uma medida importante, por representa­r “um marco importante e avanço significat­ivo para o país no domínio cultural”, destacou. O feito, explicou, veio dignificar a província em particular e o país em geral, incluindo os países que faziam parte do Reino do Kongo, como Gabão, Congo Democrátic­o e Congo Brazzavill­e.

“É um orgulho ver a cidade elevada a Património Mundial da Humanidade, por tudo, que representa na região da África Austral”, disse Luntadila Lunguana.

Na sua opinião, a data deveria ser decretada feriado nacional, para dar sustentaçã­o ao lema “Somos Mbanza Kongo, Somos todos Angola”, uma vez que a inscrição da cidade na lista do Património Mundial da Humanidade, abriu uma nova página na História de Angola, o que pode permitir o surgimento de outras candidatur­as no país. Afirmou, que o país tem outros locais e sítios que podem ser classifica­dos e propostos como património mundial.

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PAULO MULAZA | EDIÇÕES NOVEMBRO A candidatur­a destacava que o Reino do Kongo estava perfeitame­nte organizado antes da chegada dos portuguese­s

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