Macron pede rapidez no processo de paz
Presidente da França, Emmanuel Macron, e o da Rússia, Vladimir Putin, analisaram a situação militar na Síria, onde os grupos extremistas como o “Estado Islâmico” já perderam praticamente todas as posições devido à ofensiva do Exército
O Presidente da França, Emmanuel Macron, pediu ontem ao seu homólogo russo, Vladimir Putin, numa conversa ao telefone, que avance mais depressa para as negociações reais que sirvam para resolver a guerra civil na Síria.
“Macron salientou a necessidade de que se avance mais rápido para que se iniciem negociações reais no marco do processo de Genebra sob o amparo da ONU. O processo político é a única via que permite uma estabilização duradoura”, informou a Presidência francesa num comunicado.
Os dois líderes também conversaram sobre a tensão na Península da Coreia e concordaram com a gravidade da situação perante as provocações repetidas do Governo de Pyongyang, segundo os assessores de Emmanuel Macron.
O Presidente francês referiu ainda a importância do papel da Rússia nesta crise para uma resposta unânime e firme da comunidade internacional, que está quase sem meios para controlar os testes de Pyongyang.
Na crise da Ucrânia, segundo o Presidente francês, o trabalho continua no marco do formato de Normandia, que remete ao primeiro encontro entre os líderes de Ucrânia, Rússia, França e Alemanha em Junho de 2014 após a anexação da Crimeia. Segundo a nota, Emamnuel Macron congratulou-se com o facto de o diálogo com a Rússia ter progredido desde que se encontrou com o Presidente Vladimir Putin no Palácio de Versalhes no mês de Maio. Paris acredita que Moscovo é um actor com grande influência na política internacional, capaz de ajudar a encontrar uma solução política na crise com Pyongyang mas também na crise ucraniana, onde a integração da Crimeia à Rússia ainda é uma grande diferença na relação com o Ocidente. “Estado Islâmico” O “Estado Islâmico” (“EI”) perdeu em quatro meses 70 por cento da superfície que controlava na Síria, onde actualmente é alvo de ofensivas do Exército nacional e seus aliados e de milícias curdas apoiadas pelos Estados Unidos da América, informou ontem o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
Desde o último dia 6 de Maio, os terroristas deixaram de controlar 72.300 quilómetros quadrados, equivalentes a 39,1 por cento do território sírio, para dominar agora 12,3 por cento, o que equivale a 22.800 quilómetros quadrados.
O OSDH mede as perdas dos terroristas a partir dessa data, porque foi nessa ocasião que entrou em vigor na Síria o acordo para a criação de zonas desmilitarizadas no país, que reduziu a violência em algumas partes do território, o que permitiu às forças governamentais concentrarem-se na luta contra o “EI”.
As forças leais ao Governo sírio têm actualmente nas suas mãos 48 por cento do território, correspondente a 89 mil quilómetros quadrados, contra 19,3 por cento (36 mil quilómetros quadrados) em Maio. O OSDH salientou que o apoio da Rússia foi determinante para este progresso governamental, com a realização de operações áereas que deram uma grande ajuda às movimentações em terra das forças sírias, o que permitiu desmantelar posições estratégicas dos extremistas.
Outra das partes que ganhou terreno de forma notável foram as Forças da Síria Democrática (FSD), uma aliança liderada por milícias curdas e apoiadas pela coligação internacional comandada pelos Estados Unidos da América, que agora controla 43 mil quilómetros quadrados, correspondentes a 23,1 por cento da superfície, contra os 41 mil quilómetros quadrados (22,1 por cento), há quatro meses.
O resto do território sírio está repartido entre facções anti-governamentais e terroristas, entre as quais há algumas “jihadistas” e grupos apoiados pela Turquia e pelos EUA, que no total ocupam 16,5 por cento do país (30 mil quilómetros quadrados), após ter retrocedido em relação ao mês de Maio, quando tinham 19,2 por cento (35 mil quilómetros quadrados).
O Governo sírio está a conduzir um processo de negociações com grupos moderados, visando um entendimento que leve ao fim do conflito e ofereça uma plaforma política que permita a inclusão de todos os sírios e grupos de orientação ideológica distinta. Em várias ocasiões, Damasco enviou um sinal forte de que está interessado na contribuição de todas as partes desde que desejam um exercício livre das armas.
O OSDH destacou ainda que no Sul da Síria um grupo vinculado ao “EI”, denominado Exército de Jaled bin Walid, mantém ocupados desde Maio 250 quilómetros quadrados, 0,1 por cento da Síria, na bacia do rio Al Yarmuk, adjacente às Colinas de Golã, ocupados por Israel desde 1967.
Emmanuel Macron reconhece que o diálogo sobre a Síria melhorou com a Rússia desde que ele se encontrou com o Presidente Vladimir Putin no Palácio de Versalhes no mês de Maio deste ano