Uma derrota anunciada
A indústria do cinema dos Estados Unidos da América (EUA) tem demonstrado ao longo dos anos uma percepção quase infalível das tendências do público.
No meio de alguns “flops”, uma palavra inglesa que significa fracassos, filmes de acção, comédia e dramas comoventes fazem “disparar” as receitas de bilheteira, traduzidas em números redondos, gordos e astronómicos.
Os resultados de bilheteira são publicados semanalmente na imprensa norte-americana, depois de aferidos e recontados por uma instituição idónea e independente dos estúdios de cinema. As preferências do público aparecem “espelhadas” nos algarismos que máquina alguma, até agora, conseguiu manipular, nem sequer na imaginação de um cineasta de créditos firmados.
Histórias de bandidos, políticos e polícias corruptos, traficantes e terroristas são alguns exemplos de como a ficção não está longe da realidade, mesmo que esta nem sempre “salte” para os écrans, como se fosse impulsionada por uma máquina, ou ganhasse vida própria.
Cenas de pancadaria, tiros, acidentes de viação ou aéreos, quedas de cavalo e envenenamentos preenchem os argumentos dos filmes mais populares. Para isso, e como em tudo na vida, há uma explicação. Um psicólogo dirá que a violência excita pessoas com uma mente perturbada. Um polícia de investigação forense, provavelmente, encolhe os ombros diante de uma cena de crime, porque está habituado a ver cenas horrorosas.
Pois é. A banalização da criminalidade nos écrans pode induzir a alguns
comportamentos anormais e levar, em situações limites, certas pessoas a incitar à violência, porque o clube de sua “eleição” perdeu no final do tempo regulamentar, sem interferência do quarteto de árbitros.
Em alguns campos pelados de Angola já ocorreram “batalhas campais” por uma entrada “musculada” de um jogador, rapidamente controladas pelos agentes da autoridade presentes no recinto desportivo, mas nada comparado com desmandos de maior gravidade noutros países.
Tais actos levaram as instituições que superintendem o desporto, em colaboração com as autoridades de defesa e segurança, a tomar as medidas apropriadas. O mesmo aconteceu noutros “palcos” desportivos, quando as autoridades desportivas internacionais disseram “basta!” à violência nos estádios de futebol.
Os resultados tardaram a aparecer, mas as acções empreendidas deram resultado,depois da introdução de campanhas de sensibilização e de medidas persuasivas.
Hoje em dia, em alguns países onde essas práticas foram implementadas, os adeptos assistem a jogos com tranquilidade, na companhia de familiares e amigos, alguns dos quais vestem a camisola de outro clube.
Pois é, custa a acreditar. No entanto, todo o esforço conjugado de clubes, instituições desportivas e autoridades surtiu o efeito desejado.
Actualmente, os estádios do Reino Unido são frequentados por adeptos de emblemas rivais num ambiente pacífico, porque interiorizaram que o amigo, o vizinho ou, mesmo um parente, simpatizante de outro clube, é a mesma pessoa, antes, durante e depois de assistir a um desafio.
Dentro das quatro linhas, há 22 jogadores a defenderem os clubes respectivos. Outros ficam no banco dos suplentes à espera de uma oportunidade para pisar a relva. Independentemente do salário que auferem e do estatuto dentro do plantel, respeitam-se dentro e fora do estádio. Como iguais, ainda que saiam do balneário, equipados de modo diferente.
Histórias de bandidos, políticos e polícias corruptos, traficantes e terroristas são alguns exemplos de como a ficção não está longe da realidade, mesmo que esta nem sempre “salte” para os écrans, como se fosse impulsionada por uma máquina, ou ganhasse vida própria