Cuito Cuanavale eternizada
Foi ontem inaugurado pelo Chefe de Estado o monumento que eterniza a célebre batalha do Cuito Cuanavale, que ditou o fim do apartheid na África do Sul e conduziu a Namíbia à independência
O Presidente da República, José Eduardo dos Santos, inaugurou ontem o Memorial à Vitória da Batalha do Cuito Cuanavale, no Cuando Cubango, que marcou o fim do apartheid na África do Sul, a libertação de Nelson Mandela e a independência da Namíbia. A infra-estrutura em forma de pirâmide, erguida num espaço de 3,5 hectares, é constituída por um monumento em memória aos soldados que participaram na Batalha do Cuito Cuanavale, outro monumento dedicado à bandeira, um museu a céu aberto, com a exposição de equipamentos militares utilizados e capturados ao exército do apartheid durante a batalha, e a chama eterna do memorial. O Chefe de Estado reconheceu o papel de Cuba e da ex-URSS para o desfecho da batalha histórica.
O Presidente da República, José Eduardo dos Santos, procedeu ontem à inauguração do Memorial à Vitória da Batalha do Cuito Cuanavale, uma obra que homenageia a coragem dos protagonistas do confronto militar cujo desfecho ditou o fim do regime do apartheid na África do Sul e a independência da Namíbia.
Depois de descerrar a placa, efectuar o corte da fita inaugural e atear o fogo no local que terá a chama eterna que simboliza o renascimento e a reconstrução do país após a guerra, José Eduardo dos Santos percorreu os 3,5 hectares da praça memorial e recebeu explicações do ministro da Defesa Nacional em exercício, Salviano de Jesus Cerqueira, sobre o monumento dos soldados, monumento da bandeira, grupo escultórico e a parede dos heróis.
O comandante em chefe das Forças Armadas Angolanas (FAA) testemunhou a assinatura do termo de entrega da obra entre o director do Gabinete de Obras Especiais (GOE), Leonel Pinto da Cruz e o director do museu nacional de história militar, tenente-general Silvestre António Francisco.
A seguir, José Eduardo dos Santos procedeu à entrega de duas chaves, sendo uma ao ministro da Defesa Nacional em exercício e a outra ao director do Gabinete de Obras Especiais, que simboliza que a obra do memorial à vitória da batalha do Cuito Cuanavale está em excelentes condições técnicas.
Na ocasião, o ministro da Defesa Nacional em exercício, Salviano de Jesus Cerqueira, disse que a inauguração do memorial aos heróis da batalha do Cuito Cuanavale constitui o dever cumprido e a honra do Estado angolano em reconhecer todos os heróis que participaram na luta contra o regime racista do apartheid que vigorava na África do Sul.
Salviano de Jesus Cerqueira sublinhou que cabe neste contexto recordar também o papel importante protagonizado pela população de Samaria no triângulo do Tumpo, que apesar do intenso combate não abandonaram as suas casas e prestaram todo o apoio possível às FAPLA.
A inauguração do memorial, acrescentou, ocorre por feliz coincidência no mês de Setembro, que traz na memória os ideais defendidos pelo saudoso Presidente António Agostinho Neto, que no seu poema “Depressa” que em parte cita que não esperemos por heróis, sejamos nós os heróis.
Unindo as nossas vozes e os nossos braços cada um no seu dever defenda palmo a palmo a nossa terra e escorráçamos os inimigos. Segundo o ministro da Defesa Nacional em exercício, foi inspirando-se nos ideais e nos exemplos de Agostinho Neto que outros heróis da luta de Angola, como Ngola Kiluange, Njinga Mbandi, Mandume, Hoji-ya-Henda, Dangereux, Deolinda Rodrigues, e os da histórica Batalha do Cuito Cuanavale não pouparam esforços e nem hesitaram em sacrificar as suas próprias vidas para que o país e os seus filhos possam desfrutar hoje de um bem maior enquanto seres humanos que é a paz, liberdade e desenvolvimento.
Homenagem merecida
“Esta homenagem justa e merecida tem na sua pessoa o Presidente da República, José Eduardo dos Santos, como principal partícipe deste importante memorial que cimenta de forma indelével o momento glorioso da história recente do país, as novas e futuras gerações que poderão recordar um grande número de homens destemidos, que se bateram contra o mais poderoso exército de todo o continente africano naquela que é considerada a maior batalha travada em África por dois exércitos regulares desde a segunda guerra mundial”, disse o ministro da Defesa Nacional em exercício.
Salviano de Jesus lembrou que a guerra destruiu a imagem da suposta invencibilidade do regime do apartheid da África do Sul que apesar do suporte de superiores tanques Oliphante, Centurion, dos canhões G-5 e do emprego massivo de técnicas modernas, o exército do regime racista da África do Sul foi clamorosamente derrotado e deixou no terreno muito do seu material de guerra.
No termo dos combates que duraram alguns meses, explicou o governante, o Presidente da República e comandante em chefe das FAA felicitou os homens sobre seu comando directo, lembrando que eles foram o símbolo da determinação do povo de vencer ou morrer pela defesa da pátria.
O Presidente destacou que, nesta grande batalha, os angolanos não estiveram sozinhos, contaram com as Forças Armadas Revolucionárias Cubanas e os conselheiros da antiga União Soviética, que deram o seu valioso contributo para o processo de libertação do último bastião do colonialismo e do racismo em África.
José Eduardo dos Santos percorreu os 3,5 hectares da praça memorial e recebeu explicações sobre o monumento dos soldados, monumento da bandeira, grupo escultórico e a parede dos heróis
Salviano de Jesus Cerqueira realçou que muitos dos heróis da batalha do Cuito Cuanavale continuam a prestar o seu saber nas tarefas da defesa e da preservação da soberania, da paz, da unidade nacional, reconstrução nacional e do desenvolvimento do país.
Desafio cumprido
O director do Gabinete de Obras Especiais, Leonel Pinto da Cruz, disse que foi com enorme satisfação que no ano de 2013 o GOE acolheu o desafio de participar na edificação do Memorial à vitória da Batalha do Cuito Cuanavale, sendo uma infraestrutura de imensurável leitura histórica e que se propõe perpetuar a bravura e sacrifício dos filhos da pátria em prol da defesa e afirmação geoestratégica de Angola e dos países da África Austral.
A intervenção do GOE começou com a apreciação do anteprojecto existente sem alterar o seu conceito geral, enriqueceu elementos de arquitectura e engenharia essenciais. Leonel Pinto da Cruz acrescentou que a execução da obra do memorial contou com as artes e ofícios, desde o tratamento de barro, gesso, a fundição e a pintura, de angolanos que estavam em coordenação do mestre António Tomás, com gloriosa interacção do Ministério da Defesa Nacional, o Estado Maior General das FAA e do Serviço de Inteligência Militar.
Um dos fortes a destacar é o monumento da Bandeira, peça proeminente do memorial com 55 metros de altura que apresenta a bandeira nacional abraçada a uma arma de guerra do tipo AKM.
Leonel Pinto da Cruz salientou que, ao lograr a vitória, os combatentes fizeram jus à defesa da bandeira nacional, símbolo da soberania, independência, unidade e integridade territorial da República de Angola.
No Monumento da Bandeira há ainda a realçar o miradouro elevado, posicionado precisamente no ponto de mira da arma, local onde se pode contemplar o campo de operações da heróica batalha e, no horizonte mais profundo, a beleza paisagística da sede municipal do Cuito Cuanavale. “Doravante, será possível encontrar-se no Cuito Cuanavale não só um lugar de reflexão e memórias, mas também uma zona de promoção de investigações”, disse, para explicar que dentro de um contexto económico diferente vai ser imprescindível a conclusão dos edifícios parcialmente erguidos na área envolvente de 60 hectares.
Memorial cimenta o momento glorioso da história do país e as novas e futuras gerações podem recordar um grande número de homens destemidos, que se bateram contra o mais poderoso exército de África