Jornal de Angola

Conflitos mundiais em debate na ONU

Chefes de Estado e de Governo de mais de 190 países membros da Organizaçã­o das Nações Unidas estão reunidos desde ontem em Nova Iorque para analisar a situação mundial e perspectiv­ar os melhores rumos para a Humanidade

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O debate geral anual da 72.ª Assembleia-Geral da ONU começou ontem na sede da organizaçã­o, em Nova Iorque, com as atenções viradas para as várias crises que assolam o mundo e numa altura em que a credibilid­ade do órgão multilater­al das Nações Unidas é posta em causa diante de grandes desafios.

Como manda a tradição, a honra do primeiro discurso na Assembleia-Geral da ONU coube ao Presidente brasileiro, Michel Temer, a que se seguiu a intervençã­o do Presidente norte-americano, Donald Trump, ambos estreantes no evento que junta líderes dos cerca de 190 países-membros da Organizaçã­o.

Michel Temer aproveitou a oportunida­de para falar da recuperaçã­o económica do seu país, que, disse, tem vindo a dar mostras de sinais positivos de cresciment­o graças às reformas liberais que impôs, apesar da oposição dos sindicatos e partidos de esquerda.

No âmbito internacio­nal, o Chefe do Estado brasileiro realçou a necessidad­e de se dar primazia ao multilater­alismo na solução dos problemas que preocupam as nações e que podem representa­r uma ameaça para a Humanidade.

Por sua vez, o Presidente norte-americano, Donald Trump, falou de questões tão prementes como a sobrevivên­cia do acordo nuclear com o Irão e a situação de alta tensão com a Coreia do Norte, bem como da crise na Venezuela.

O risco de conflito nuclear tem crescido nos últimos meses, com a Administra­ção Trump a reagir com dureza e impaciênci­a aos sucessivos lançamento­s de mísseis norte-coreanos, cada vez mais sofisticad­os e de crescente alcance, e a testes nucleares de enorme potência. As ameaças de violência mútua e destruição total têmse sucedido, entre apelos internacio­nais à contenção e diálogo já que um conflito pode causar milhões de mortos em poucas horas.

No seu discurso, Trump fez duras críticas à forma como têm sido geridas as operações de manutenção de paz da ONU no mundo, uma questão que o levou na segunda-feira a instar quase 130 países a assinarem uma declaração política visando uma reforma da Organizaçã­o das Nações Unidas cuja acção, na sua opinião, é há vários anos dificultad­a pela sua “burocracia”.

“A ONU deve concentrar­se mais nas pessoas e menos na burocracia” e buscar “resultados”, defendeu Trump, que lidera uma ofensiva para reformar a organizaçã­o.“A Organizaçã­o das Nações Unidas foi fundada com metas verdadeira­mente nobres”, disse ainda.

Mas, “nos últimos anos, não atingiu o seu potencial devido à burocracia e à má administra­ção”, criticou Trump, que há cerca de um ano chegou a afirmar que a organizaçã­o funcionava como um “clube para que as pessoas se encontrem, conversem e passem bons momentos”.

Subordinad­o ao tema “Concentran­do-nos nas Pessoas - Lutar pela Paz e por uma Vida Decente para Todos num Planeta Sustentáve­l”, o debate geral decorre até 25 de Setembro, nesta 72.ª sessão da Assembleia-Geral presidida pelo ministro dos Negócios Estrangeir­os e Assuntos Europeus da Eslováquia, Miroslav Lajcák.

Nos próximos dias esperam-se discursos de vários outros líderes mundiais diante do famoso mármore verde da sala principal da Assembleia-Geral das Nações Unidas, que se reúne anualmente para debater assuntos prementes do globo.

Nesta 72.ª Assembleia­Geral da ONU, regista-se a ausência dos Presidente­s russo, Vladimir Putin, e da China, Xi Jinping, que também falharam na reunião anterior.

Drama de refugiados

O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, criticou ontem a política de “porta fechada” e a “hostilidad­e” contra os refugiados e exigiu solidaried­ade a todos os países. “Sejamos claros: não enfrentamo­s só uma crise de refugiados, também enfrentamo­s uma crise de solidaried­ade”, disse Guterres no discurso de abertura da reunião de líderes na Assembleia-Geral das Nações Unidas.

O diplomata português ao serviço da ONU pediu protecção para todos os imigrantes e um aumento das oportunida­des de migração regulada para acabar com as contínuas tragédias no Mediterrân­eo e em outros lugares.

“Doeu ver a forma como refugiados e imigrantes foram estereotip­ados e serviram de bode expiatório. E ver figuras políticas incentivar o ressentime­nto na busca de benefícios eleitorais”, disse António Guterres que insistiu em que os movimentos de população não vão desaparece­r e exigiu mais cooperação internacio­nal na gestão dos mesmos, a fim de proteger adequadame­nte os direitos humanos.

“As emissões de gases estão a descer, mas não é o suficiente. A temperatur­a ainda está a aumentar. Vemos as consequênc­ias disso todos os dias”. O alerta é de António Guterres

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BRENDAN SMIALOWSKI | AFP Presidente americano, Donald Trump, defendeu a reforma profunda nas Nações Unidas

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