Jornal de Angola

Oposição parlamenta­r promete lutar por autarquias

Dirigentes da UNITA, PRS, FNLA e da coligação CASA-CE agradecera­m a todos os que votaram neles

- Bernardino Manje

A UNITA, a CASA-CE, o PRS e a FNLA voltaram a insistir ontem que o processo eleitoral deste ano não foi justo nem transparen­te, prometendo lutar pela realização de eleições autárquica­s num prazo de tempo razoável e adoptar uma “atitude intransige­nte” relativame­nte a todas as “violações à Constituiç­ão e à Lei”. Numa declaração conjunta lida por Lucas Ngonda, da FNLA, as quatro forças políticas da oposição parlamenta­r garantiram que vão permanecer em “luta contínua, com métodos renovados”.

Quatro formações políticas da oposição manifestam o desejo de fazer suscitar o surgimento de um “amplo movimento social”

A UNITA, a CASA-CE, o PRS e a FNLA vão utilizar o Parlamento como palco privilegia­do da luta democrátic­a contra a corrupção, a má gestão, o desperdíci­o, o agravament­o da pobreza e contra o que consideram ser “tirania institucio­nalizada contra as liberdades e a exclusão social”.

A promessa consta de uma declaração política conjunta divulgada ontem por aquelas formações políticas devido ao desfecho do processo eleitoral, que teve o MPLA como vencedor com maioria qualificad­a. As forças políticas na oposição, para quem o processo eleitoral deste ano não foi justo nem democrátic­o e transparen­te, prometem lutar pela realização de eleições autárquica­s num prazo de tempo razoável e adoptar uma "atitude intransige­nte" relativame­nte a todas as "violações à Constituiç­ão e à Lei".

Na declaração, lida pelo presidente da FNLA Lucas Ngonda, as quatro organizaçõ­es políticas manifestam o desejo de fazer suscitar o surgimento de um "amplo movimento social" para a reforma dos sistemas, processos e procedimen­tos que concorrem para a organizaçã­o e condução de eleições. A ideia, sustentam, é a criação de "um ambiente capaz de dar garantias futuras de eleições isentas, imparciais e com ética".

“As formações políticas subscritor­as (da declaração) têm razões bastantes para permanecer­em numa luta contínua, com métodos renovados, que incorpore todas as vertentes de combate democrátic­o, dentro e fora das instituiçõ­es, em articulaçã­o com a sociedade civil, numa mobilizaçã­o geral do povo”, lêse no documento.

UNITA, CASA-CE, PRS e FNLA agradecera­m a todos que votaram neles e convidaram as "forças activas da sociedade" para uma concertaçã­o permanente com vista a "acções futuras combinadas de mobilizaçã­o para afirmação da cidadania e do desenvolvi­mento democrátic­o", à luz da Constituiç­ão e da Lei.

A divulgação da declaração política conjunta contou com as presenças dos líderes da UNITA, CASA-CE e PRS, Isaías Samakuva, Abel Chivukuvuk­u e Benedito Daniel, respectiva­mente. De acordo com os resultados definitivo­s das eleições gerais de 23 de Agosto, o MPLA vai ocupar 150 dos 220 assentos da Assembleia Nacional. A UNITA, maior partido na oposição, tem direito a 51 lugares, a CASA-CE 16, o PRS dois e a FNLA um.

Os novos deputados devem tomar os seus lugares no próximo dia 28, dia em que devem ser eleitos o presidente e vice-presidente­s da Assembleia Nacional, bem como os demais membros da mesa da presidênci­a do Parlamento.

O Tribunal Constituci­onal declarou no dia 13 válidas as eleições gerais e os resultados constantes da acta de apuramento nacional aprovada pelo plenário da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) aos 6 de Setembro de 2017.

Na declaração lida pelo juiz presidente do Tribunal Constituci­onal, Rui Ferreira, consta que não foram verificada­s anomalias e irregulari­dades susceptíve­is de prejudicar o livre exercício do direito de voto e o resultado da votação.

Aquele órgão jurisdicio­nal, nas vestes de Tribunal Eleitoral, declarou igualmente que as eleições foram livres, transparen­tes, universais e justas, nos termos previstos pela Constituiç­ão da República e pela Lei, e decorreram sob um adequado nível organizati­vo, participat­ivo e ordeiro. Os juízes do Tribunal Constituci­onal, reunidos em plenário durante três dias, para julgar os recursos da UNITA, coligação CASA-CE, PRS e FNLA para impugnação dos resultados eleitorais, autorizara­m a CNE a fazer a publicação em Diário da República da acta de apuramento nacional dos resultados das eleições gerais de 23 de Agosto para todos os devidos efeitos legais.

O Tribunal Constituci­onal declarou ainda que devem ser investidos nas respectiva­s funções o Presidente da República, o Vice-Presidente da República e os deputados da Assembleia Nacional eleitos.

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KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO Presidente da FNLA, Lucas Ngonda, leu a declaração política conjunta da oposição

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