Três nomes na corrida à liderança
O presidente do partido, Isaías Samakuva, deve convocar, nos próximos dias, uma reunião da comissão política para desencadear o processo conducente à convocação de um congresso extraordinário para a eleição do novo líder
Com a anunciada saída de Samakuva, pelo menos três nomes parecem reunir argumentos para chegar ao cadeirão máximo da UNITA: Lukamba “Gato”, Camalata Numa e Rafael Savimbi.
Lukamba Paulo “Gato”, Abílio Camalata Numa e Rafael Massanga Sakaita Savimbi, filho do fundador da UNITA, Jonas Savimbi, são alguns dos nomes cogitados internamente para sucederem a Isaías Samakuva na liderança do partido.
Abordados na quinta-feira pela imprensa durante a tomada de posse dos deputados da IV Legislatura da Assembleia Nacional, os visados não descartaram a hipótese de apresentarem a sua candidatura à sucessão de Samakuva, mas preferiram não entrar em mais detalhes sobre o assunto, por considerarem extemporâneo.
Não é a primeira vez que o nome de Rafael Savimbi, que completa 39 anos em Outubro, é apontado como sendo um dos prováveis sucessores de Samakuva. Esses rumores já se faziam ouvir em surdina há dois anos, mas agora estão a ser ouvidos com mais vigor, depois de o líder da UNITA ter reafirmado que vai abandonar a direcção do partido.
Questionado se estava disponível para assumir a liderança da UNITA, Rafael Savimbi, deputado e que actualmente ocupa o cargo de secretário-geral adjunto do partido disse: “Vamos ver! A minha vontade é de servir o povo angolano. Não se pode fechar a porta, porque estou para servir o meu partido lá onde a maioria dos militantes achar que devo estar.”
O jovem político sublinhou, no entanto, que não é o único que está a ser apontado como candidato a presidente da UNITA, razão pela qual pediu cautela a todos aqueles que desejam que ele seja o sucessor de Isaías Samakuva. “Estamos num jogo democrático”, frisou, acrescentando que, quando chegar o momento, vai tomar uma posição definitiva sobre o assunto.
De momento, disse, a preocupação é desempenhar bem as suas funções como deputado à Assembleia Nacional, onde tomou o seu lugar na última quinta-feira.
Outras figuras que parecem estar perfiladas para a sucessão de Samakuva são os militantes históricos Lukamba Paulo Gato e Abílio Camalata Numa, dois generais na reserva que foram derrotados no último congresso pelo actual presidente.
Abordado sobre o assunto, Gato não desmentiu os rumores sobre o desejo de alguns militantes o verem como futuro presidente da UNITA, mas preferiu não falar sobre o assunto, afirmando que a preocupação, neste momento, é o seu mandato como deputado.
Abílio Camalata Numa, que pediu para não constar das listas de deputados da UNITA na actual legislatura, também considerou extemporâneo falar sobre a sua candidatura à liderança da UNITA, mas não afastou a hipótese de suceder a Samakuva.
“Vamos ver, a seu tempo”, declarou. Camalata Numa negou que seja o candidato mais forte entre os nomes que são avançados. “Falase (também) de outras pessoas”, disse o antigo deputado, sem mencionar nomes.
Numa considerou coerente a decisão de Samakuva de abandonar a presidência do partido, porque foi uma promessa feita antes mesmo das eleições. O presidente da UNITA deve convocar, nos próximos dias, uma reunião da comissão política para desencadear o processo conducente à convocação de um congresso extraordinário para a eleição do novo líder do partido.
Isaías Samakuva assumiu a liderança da UNITA em 2003, durante o IX congresso do partido, um ano após a morte do fundador do partido, Jonas Savimbi. Na altura, Samakuva venceu Lukamba Gato e Eduardo “Dinho” Chingunji. De lá para cá, o líder da UNITA venceu as eleições nos congressos subsequentes, designadamente de 2007, 2011 e 2015. No último, Samakuva venceu Abílio Camalata Numa e Lukamba Paulo Gato.
Justificação de Samakuva
Isaías Samakuva, que reafirmou recentemente o seu desejo de abandonar a presidência da UNITA na sequência da derrota nas eleições gerais de 23 de Agosto, negou que tenha sido pressionado pelos militantes para tomar aquela decisão.
“Não, isso está fora de questão”, afirmou o então candidato da UNITA a Presidente da República, quando questionado se sofreu alguma pressão no seio do partido. Samakuva lembrou que no último congresso, realizado há dois anos, venceu com 82 por cento dos votos, razão pela qual não pode ter havido pressão em tão curto espaço de tempo.
O político, de 71 anos, deixou claro que decidiu sair por vontade própria, devido à idade e ao desejo de se dedicar mais à família. “Estou há 15 anos à frente do partido e tenho de ver também a minha idade, a família e outros afazeres”, esclareceu, para logo a seguir sublinhar que iria continuar no partido “com a mesma energia e motivação de sempre, mas noutras funções.”
Samakuva, que na quintafeira tomou o seu assento na Assembleia Nacional, prevê um melhor desempenho da UNITA na actual legislatura, por ter aumentado 19 deputados, comparativamente à anterior. “Os cidadãos podem esperar por uma actuação mais forte. Vamos fazer um melhor combate na protecção e defesa dos interesses dos cidadãos”, prometeu.
A UNITA comprometese também a adoptar uma postura de maior impacto para dignificar a Assembleia Nacional.
“Vamos ver (o que acontece). A minha vontade é de servir o povo angolano. Não se pode fechar a porta, porque estou para servir o meu partido lá onde a maioria dos militantes achar que devo estar”